I hate myself because I love you

Capítulo 64

- Harry, pára de insistir com essa conversa, por favor. -o Zayn pediu coçando a cabeça.

Nós estávamos os cinco às portas do auditório da Royal Ballet para ver a apresentação do workshop e eu estava a pedir aos rapazes para me contarem qual era a doença da Emma. Eu não lhe queria perguntar diretamente porque tinha medo que ela não me dissesse, mas eu sabia que o Zayn, o Liam e o Louis sabiam, por isso estava a insistir.

- Mas eu tenho o direito de saber. -eu bati com o punho no braço do sofá onde estavamos sentados à espera. -Sou namorado dela, não vejo qual o problema em contarem.

- Se és namorado dela, não estou a ver qual é o mal de lhe perguntares. -o Niall opinou enquanto escrevia no seu telemóvel.

- Ela é teimosa, não me vai querer contar, de certeza. -eu suspirei passando a mão pelo cabelo.

- Tens de ter calma. Ela só não se sente à vontade para falar nesse assunto, mas ela acabará por te contar. -o seu irmão esclareceu-me e deixou-me mais relaxado.

- Nessa altura, pode já ser tarde demais. -o Louis suspirou.

Por muito que me irritasse o facto dele saber e eu não, ele tinha razão. Eu tinha medo de estar a fazer algo que a magoasse ou piorasse a sua doença, independentemente de qual seja. Eu quero a Emma saudável ao meu lado e farei todos os possíveis para que tudo se resolva, quero poder andar de mão dada com ela, beija-la, falar dela e ama-la sempre que me apetecer sem pensar que seremos criticados por estarmos entregues à paixão.
Começaram a chegar algumas pessoas fazendo com que a conversa acabasse por ali, mas os meus pensamentos não. Eu iria ter de lhe perguntar, não estava a aguentar toda aquela curiosidade e preocupação.
Entretanto, ouviu-se um barulho de canadianas a recalcar o chão. Todos olhamos para onde vinha o som e vimos o Robert apoiado em duas muletas pretas. Já tinha estado duas vezes com ele, por isso achei de boa educação cumprimentá-lo.

- Olá, Robert. -eu levantei-me do sofá para lhe dar o meu lugar. Ele precisava mais do que eu.

- Muito obrigado, Harry. -ele sentou-se no lugar onde eu estava à pouco e pousou as muletas no chão, ao seu lado.

Cumprimentou os restantes membros da banda e estes retribuíram e lamentaram o que lhe tinha acontecido ao pé. Confesso que tinha ficado com pena dele, por só puder voltar a dançar daqui a uns meses, teria de curar completamente o pé e depois teria de fazer fisioterapia para reforçar os tendões. Notava-se perfeitamente na sua cara que ele se controlava para não ficar emotivo perante as outras pessoas, mas eu não o julgava. Aquilo seria idêntico a eu ficar afônico durante um tempo indeterminado. Eu acho que entraria em pânico ou depressão se não pudesse cantar.
Abriram as portas para o auditório e nós deixamos todas as pessoas passarem para que ficássemos mas últimas filas, com mais privacidade. A sala era grande, mas bastante diferente do que eu estava habituado a ver. O palco era ao nível da primeira fila de cadeiras, tudo era tapado com panos pretos excepto o lado esquerdo que tinha espelho e uma barra, como a que a Emma tinha em casa. Nesse mesmo lado, mas mais chegado à pequena plateia, estava sentado o George com mais pessoas que eu supôs que fossem professores ou algo desse género. Cada canto tinha uma câmara de filmar e eu lembrei-me imediatamente do almoço com o Tom e com a Emma em que ambos reclaravam que não davam um passo sem ter uma câmara atrás. O diretor levantou-se e começou a falar para nós. O som, propagou-se a partir das colunas que tinham ligação ao microfone preso na sua camisa.

- Muito boa tarde a todos. Antes de mais gostava de vos agradecer por terem vindo assistir a esta pequena apresentação. Em nome da companhia, é um prazer poder compartilhar convosco alguns dos passos, desde ensaios até levarmos o bailado pelos melhores palcos do mundo. Agora, sem mais demoras, passo a minha palavra ao mestre Silver que teve a trabalhar arduamente com os nossos bailarinos no dia de hoje.