Capítulo 38

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Acordei com muito custo um pouco depois da hora do almoço. A minha cabeça latejava um pouco devido às poucas horas de sono e à madrugada surreal que a Emma me fez passar. Tomei um bom duche de água quente para relaxar todo o meu corpo e mente, pois estava mesmo a precisar. Sai do banho e os olhos já não pesavam tanto como anteriormente, mas mesmo assim, ainda era capaz de me atirar para a cama e dormir por umas longas horas.

Vesti uma camisola preta e quando fui ao espelho ajeitar o cabelo vi uma mancha aroxeada no meu pescoço. Automaticamente, lembrei-me da Emma. Tinha sido ela que me fizera aquilo e azar o meu, hoje estava a planear ir para casa da minha mãe. Mas o que pensaria a minha mãe depois de ver aquilo? 

Obriguei-me a por esses pensamentos de lado e comecei a pegar em algumas camisolas e calças para por dentro da mala. Durante os momentos em que amanhecia fora das 4 paredes da casa, eu estava a pensar em ir para a minha terra natal mais cedo para puder estar longe de tudo, principalmente da Emma, e pensar bem. Sei que a minha mãe e a minha irmã me ajudariam a por tudo em ordem.

- Bom dia mãe! -disse num tom querido cumprimentando a minha mãe que estava do outro lado da linha telefónica. 

- É quase boa tarde, filho. -ela riu- Como estás?

- Estou bem. Eu sei que podes achar estranho eu ligar-te assim do nada, mas posso ir aí para casa hoje? -perguntei tranquilo, pois a resposta era previsível.

- Sim claro, amor. És sempre bem vindo cá a casa. Mas passa-se algo para quereres vir mais cedo? -a minha mãe perguntou e sei que ela já está preocupada.

- Não, mãe, só quero estar mais tempo com vocês.

- Pois pois... Tu tens é algo para nos contar. Talvez relacionado com a rapariga de ontem. -falou, desta vez, a minha irmã só mesmo a meter nojo.

- Oh Gemma, não faças filmes. -falei sem adiantar muito da conversa- Bem, mais ao fim da tarde devo estar aí. Até logo. Amo-vos

- Também te amamos -disseram as mulheres da minha vida.

Depois de desligar o telemóvel, fui andando pela casa a abrir as persianas enquanto comia a sandes que tinha feito com o telemóvel entre a orelha e o ombro.

- Se abrires essa persiana, eu mato-te. -disse uma voz rouca atrás de mim, no momento em que eu ia dar um pouco de luz à sala de estar.

Olhei para trás e vi alguém deitado no sofá. Não conseguia decifrar quem era pois o corpo estava tapado por uma manta de algodão. Pela forma da manta, consegui ver que a pessoa estava de barriga para cima, com os joelhos ligeiramente dobrados e com a mão entre a testa e os olhos. Cheguei-me perto da pessoa e puxei uma das pontas da manta para ver quem era. Era a Emma, a vítima da ressaca.

Destapei a cara da Emma e um grunhido de frustração saiu da sua boca.

- Bom dia. -disse tentando controlar o riso

- Só se for para ti. Tou com uma dor de cabeça que nem imaginas. -ela disse enquanto se virava de frente para o sofá.

- Imagino sim... -disse um pouco mais alto pois ia em direção à casa de banho que tinha o kit de primeiros socorros e os comprimidos.

Tirei de um armário de madeira, uma caixa branca com comprimidos que aliviavam as dores de cabeça. Entretanto, na volta para a sala, passei pela cozinha para encher um copo de água para a Emma e outro com leite morno.

Quando cheguei à sala, ela encontrava-se na mesma posição, como uma menina indefesa, joelhos dobrados e mãos junto à cara. Uma camisola de lã azul cobria-a até a meio das coxas e a manta estava a tapar o resto do seu vejo corpo moreno. O seu cabelo estava preso por um puxo o que dava para reparar, na perfeição, no degradé que a Emma tinha entre o castanho escuro da raiz e o loiro das pontas.

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora