Capítulo 20

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Senti um arrepio depois da pergunta. Talvez porque eu também não soubesse a resposta exacta para ela. Talvez por ser o Jonh, por ele ser o meu ex-namorado, por ser meio louco, não sei...

E. É complicado. O Jonh, ele pode ser bastante... como é que eu vou dizer isto sem ser má?- pensei um pouco- obsessivo.

H. Que tipo de relação é que vocês tinham?

E. Ele era meu namorado... - disse muito baixo

Ele nada disse e eu apenas me mantive calada. Às vezes, olhava para ele muito devagar, mas virava logo a cara. Não lhe podia dar o luxo de me ver a olhar para ele. De repente lembrei-me de uma coisa...

E. Como é que me encontraste?

H. Fui ao teu quarto e vi lá um paninho no chão e o Zayn disse que era uma saia de ballet, aí lembrei-me que poderias querer ir dançar. -ele disse gesticulando ligeiramente com as mãos- Depois perguntei-lhe onde era que tu costumavas dançar e ele disse que podia ser na tua antiga academia de dança. Pedi a morada e cá estou eu.

E. E porquê que vieste? -interroguei-o e acho que ele ficou um pouco receoso por responder. Ficou em silêncio, apertando as mãos. Passado um pouco respondeu.

H. Não sei. Para te ser sincero, não sei mesmo. Achei que o motivo de teres fugido daquela maneira do funeral, de alguma forma tinha sido minha por isso, ia-me culpar se algo te acontecesse.

Apenas sorri, o que ele disse foi muito querido. Se fosse o Jonh, nunca teria dito algo assim. Nesse aspecto, ele era muito reservado. Namoramos durante 3 meses e foram muito poucas as vezes em que ele me disse coisas fofas. Isso porque talvez nunca tenha amado. Mas chega de compara-lo ao Harry.

E. Obrigada. É muito simpático da tua parte queres-me proteger e assumires a culpa caso algo acontece. -disse sendo bastante sincera e educada.

H. Ambos sabemos que o meu nome do meio é "Simpático"! -riu-se e piscou-me o olho

E. A sério? Tens a certeza? Pensava que eram "Idiota" - respondi no mesmo tom de brincadeira.

H. Isso quer dizer que devemos ser primos, tenho quase a certeza que o teu nome do meio também é "Idiota".

Eu apenas me ri, confesso que tinha sido uma boa piada. Ele virou-se de costas apoiando os cotovelos na barra. O seu olhar percorreu todo o estúdio várias vezes como se estivesse a analisar alguma coisa. Perguntei-me a mim mesma o que seria, olhando na mesma direcção que ele. Apenas olhava para várias molduras com fotos de colegas minhas em concursos e uma foto de grupo num espectáculo.

H. Deve ser frustrante não ser reconhecido pelo nosso esforço e dedicação, não? -perguntou-me olhos nos olhos

Percebi de imediato o que ele queria dizer. Não havia ali nenhuma foto minha e ele logo percebeu que eu não tive um solo aqui.

H. Quer dizer -ele completou- olha para estas molduras com fotos das tuas ex-colegas. Não era frustrante para ti, estar aqui dias e dias e ver posters de outras que não tu? Como se só elas fossem importantes para a dinâmica da academia. Eu sei que uns têm mais talento que outros mas todos devem ser valorizados pelo menos pelo esforço e dedicação.

Não podia estar mais de acordo com ele. Mas de alguma forma, eu via estes posters como uma forma de motivação. Sempre que olhava para eles pensava "um dia vou ter aqui uma moldura minha, muito maior que a deles." Mimado, eu sei, mas até ia resultando.

I hate myself because I love youOnde histórias criam vida. Descubra agora