Capítulo 08 | I Don't Want You, But I Need You

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Capítulo 08 | Eu não queria, mas preciso

Status de Relacionamento: 87 meses + 20 semanas

A noite fria de asfalto úmido parece diminuir ainda mais a baixa temperatura da rua pouco iluminada. O carro estacionado na garagem de Leo é uma pequena estufa convidativa, mas não estou com pressa de ir embora. A vizinha da casa à frente deve se achar discreta nos espiando através da curta brecha na cortina da sala.

- Por favor, me deixa te levar até em casa. Já está escuro, é perigoso. – pede Leo, como uma criança que pede doce no supermercado.

- Juro que estou me controlando para não rir, porque é hilário ouvir isso do cara que já levei até em casa e, literalmente, coloquei na cama milhares de vezes por estar muito bêbado para dirigir.

- Literalmente milhares de vezes?

- É possível.

- É um exagero. E o isso tem a ver? Eu não estou bêbado agora. – insiste ele, quase indignado.

- Tem a ver que eu sou a responsável deste relacionamento. – digo, querendo vencer o debate, novamente sem pensar direito no que sai pela minha boca.

Não acredito que usei essa frase no presente. Preciso de uma saída de emergência qualquer para fugir desse pequeno detalhe o mais rápido possível.

- Dirijo muito bem, você sabe disso. Já me acostumei a dirigir à noite tem algum tempo. Além disso, minha casa é quinze minutos daqui, está tudo bem!

- Ok, não vou fingir que há sequer possibilidade de te convencer de alguma coisa. – admite ele, brincando, seja para fugir também ou por realmente achar graça na discussão. 

Dou um sorriso largo, digno de ganhadora, sem ao menos perceber. 

- Apenas... – chama ele, de repente tímido, quando pego a chave do carro no bolso do casaco.

Espero o que ele vai dizer, mas é preciso um momento a mais até que ele tome coragem para dizer suas próximas palavras.

- Apenas me avise quando chegar em casa para eu saber que está tudo bem. – diz, enfim.

É estranho termos chegado ao ponto de um pedido tão banal e comum entre quem se importa tenha se tornado algo maior entre nós agora. Quase como admitir que tanta coisa não mudou, nem nunca vai mudar.

Quatro meses parecem quatro longos anos. Não estou mais acostumada com sua atenção, e este pedido fecha o dia intenso, que virou minha cabeça e meu coração como em um rodamoinho.

- Tudo bem. – respondo, com esperança de não transparecer tão tocada com seu pedido.

- Promete?

- Claro. – garanto, entrando finalmente no carro.

Engato a marcha ré e olho para Leo em despedida com um leve sorriso. Ele acena em retorno, com um sorriso ainda maior. 

Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora