Capítulo 13 | Onde quer que você vá, vou com você
Por alguns segundos acho que tudo não passou de um sonho. Na realidade, fui até a lanchonete ontem à noite com Leo e só agora acordo para um novo dia. Mas seria um sonho intenso demais, até mesmo para mim que assisto a histórias completas enquanto durmo. Não conseguiria inventar o dia que passou nem em minhas noites mais criativas.
Minha cabeça parece rodeada por um reino de abelhas quando me levanto. O encontro com Leo deveria estar entre os melhores momentos das últimas semanas, mas nada poderia me preparar para o jantar com Rosa.
- Vai um café aí? – pergunta Eva, assim que saio do quarto.
Normalmente tomaria um leve susto, já que não fazia ideia que Eva estaria em casa tão cedo, mas a falta de reação do meu corpo apenas reflete o estado de choque da minha mente. Levo alguns segundos para olhar para ela. Assim que me vê, Eva deixa a cozinha e me puxa até o sofá da sala.
- O que aconteceu? – questiona ela, estranhando meu comportamento.
- A Rosa. – digo apenas.
- O que é que tem a Rosa?
- Ela quer ser minha chefe de novo.
- Como assim? – pergunta, quase tão confusa quanto eu.
- Meu Deus, essa mulher é um evento. – digo, como se acordasse só agora. Não consigo evitar rir ao relembrar do jeito de Rosa na noite anterior.
- O que ela te disse? Por que você está assim? – pergunta Eva, agora mais curiosa do que assustada.
- Ela quer que eu volte a trabalhar com ela. Na loja, novamente, mas uma loja nova e maior, e como Gerente Administrativa.
- Anna, isso é ótimo!
- Sim. E ela disse que não importa qual seja meu atual salário, que ela cobriria... Bom, acho que isso não vai ser muito difícil.
- Você não contou que estava desempregada?
- Não. E também não contei que me separei do Leo e que estou grávida.
- Anna! – repreende Eva. - Por que não?
- Acho que na verdade porque nem tive tempo. Ela começou a falar e não parou mais. E eu preciso muito desse trabalho, você sabe. Não consegui dizer nada que pudesse me impedir de conseguir.
- Eu até entendo, mas você sabe... O problema é que não vai conseguir esconder isso por muito tempo. E nem deveria.
- Eu sei. Ela disse que eu poderia levar o Leo comigo. Lá tem muito mais oportunidade de emprego. Ele poderia conseguir um trabalho mais estável. A gente poderia finalmente ter condições de criar o bebê direito. – explico, tentando convencer tanto ela quanto a mim. - O que eu faço, Eva?
- Mana, eu sinto muito, mas você vai ter que contar a verdade. Ela vai descobrir cedo ou tarde, de qualquer forma. Você prefere fazer suas malas, chegar lá e depois ser mandada de volta?
- Não, claro que não. Mas não consigo acreditar que ela faria isso.
- Bom, eu também não. Pelo que me lembro, a Rosa é uma flor de pessoa. - ela diz e segura o riso.
- Você não fez isso. Piada ruim e fora de hora ao mesmo tempo, jura?
- Desculpe. – pede ela, ainda segurando o riso. - De qualquer forma, é complicado arriscar, Anna. Não é à toa que dizem que mentira tem perna curta.
- Eu sei. – admito, um pouco derrotada.
- Quem sabe ela te aceita mesmo assim? - ela pergunta, tentando me animar - Quer dizer, se ela se lembrou de você, te ligou, quis encontrar com você e pediu tão veementemente que voltasse a trabalhar com ela, algum motivo tem. Ela realmente te quer muito com ela nesse momento. Além do mais, você ainda tem ótimas condições para trabalhar por muitas semanas. Quem não estava te aceitando para trabalhos temporários era por puro preconceito e falta de empatia mesmo. Já ela, muito provavelmente deve aceitar que você fique pelo menos por um período. Para ajudar ela a organizar e planejar algumas coisas, quem sabe?
- Espero que sim. - afirmo, ainda preocupada.
- E o Leo? - questiona Eva.
- A melhor oportunidade que ele tem é ir também. A construção já está nas últimas, não deve durar mais do que alguns dias, e depois? Acho que ele poderia pelo menos tentar algo por lá, e se não der... Bem, não quero nem pensar que agora que nos acertamos, poderemos ficar cidades de distância. Além do mais, Rosa adora o Leo e sempre achou que fossemos para sempre, não quero começar já decepcionando ela assim.
Eva me lança o olhar de irmã mais velha desconfiada, mas prefere me apoiar do que fazer qualquer comentário. A agradeço por isso. Preciso ir em busca de soluções agora, não de mais questões sem resposta.
- Você vai dar um jeito, Ann. – afirma ela. - Arrumarei alguém para cuidar da vovó quando eu não estiver aqui. Tenho umas economias, que já pretendia direcionar para o baby. Não quero as gastar em nada além da nossa família. As coisas vão se encaixar, prometo.
- Obrigada, irmã. Eu não sei mesmo o que seria de mim sem você. Sempre. - a abraço e poderia derreter de chorar agora, mas respiro fundo. Ainda tenho mais uma etapa a cumprir. - Agora é falar com o Leo.
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Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]
RomanceNo momento mais desesperado de sua vida, Anna descobre que tudo depende de uma segunda chance. Aos 28 anos de idade, Anna acredita que sua vida já está completamente fora de controle, seja culpa do retorno de Saturno, outro motivo cósmico, cármico o...