Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]

Capítulo 22 | I'm satisfied as long as I get my kiss

Capítulo 22 | Estou bem enquanto estiver com você

(Status de Relacionamento: 87 MESES + 21 SEMANAS)

Mais um banquete espera por mim e por Leo. Hoje uma mesa de comida ainda mais longa e farta, já que estamos na sala de jantar monumental de Rosa com seu mohogany e talheres finos daqueles que se passa de geração para geração. Será que somos convidados especiais ou eles apenas fazem refeições assim todo ordinário dia da vida? 

Imagino Eva respondendo dentro de minha cabeça: "Mas todo dia na vida é extraordinário, Anna". Ela, sim, se encaixaria perfeitamente em um ambiente como este. Eu, ao contrário, não me sinto tão confortável. Parece preparação demais só para mim e para o Leo, o que causa uma leve e estranha pressão a uma refeição comum. 

Um Jorge bem arrumado e simpático já está sentado à mesa, mexendo em seu celular, quando eu e Leo entramos.

- Querido? – chama Rosa docemente.

Ainda que em seu tom baixo e suave, Jorge parece tomar um grande susto, o coitado provavelmente estava bem concentrado em seus afazeres na telinha. Ele a olha rapidamente, mas logo percebe o motivo de seu chamado e sorri para nós dois, guardando o celular no bolso. Ele se levanta para nos cumprimentar formalmente enquanto Rosa pede licença por um segundo.

Nem acredito que finalmente estou conhecendo Jorge. Rosa já falou tanto dele que me impressiono por ser esta a primeira vez em que de fato o vejo. Um pouco acima de seus 40 anos, ele é mais jovem, mais elegante e até mais bonito do que eu poderia imaginar. Exceto por mim, cada lugar está equipado com pratos de louças finas e taças de vinho, além de um copo longo e fino, mas que não serviria para vinho e denuncia qual será meu lugar na mesa.

O aroma que vem da cozinha chega a fazer o menino dar cambalhotas aqui dentro. Posso sentir pelas vibrações de Leo ao meu lado que o filho e o pai estão na mesma sintonia. Rosa nunca mencionou se tem uma cozinheira ou ajudante, mas imagino que sim, apesar de não ter visto o movimento na casa. Sei que Rosa gosta de cuidar de tudo perto de si, então meio que imaginei ter uma ajuda ocasional. 

Fico mais aliviada em perceber que o jantar não deve ser realmente especial quando vejo Rosa entrar pela porta da sala vestida com um avental sobre o vestido e luvas de pano para cobrir as mãos do recipiente de vidro retangular que trás consigo. Toda orgulhosa, ela coloca a massa de lasanha coberta de molho vermelho e queijo ralado borbulhando em cima do aparador bem no centro da mesa.

- Se bem me lembro, é o prato favorito do Leo. – diz ela. – Quero ver sobrar nadinha, viu?

Apesar da grande quantidade de fumaça que sai da superfície borbulhante, os olhos arregalados e ansiosos de Leo sobre a massa não mentem. Posso apostar que aquilo não será um problema. Leo não responde, nem precisa. Rosa é correspondida por um homem adulto a salivar como um cachorro ao meu lado. Particularmente, acho que ela poderia preparar o prato favorito da grávida do grupo, mas tudo bem. Tudo bem especialmente porque meu filho parece ter puxado o gosto do pai e a esta hora já estou mais do que pronta para devorar essa lasanha.

- Rosa, tem certeza que não quer nenhuma ajuda? – pergunto, reunindo forçar para ser educada e abafar meu desespero por começar a jantar o mais rápido possível.

- Absoluta. Nem pense nisso. – corresponde ela, calmamente. - Fique aí bem tranquila com seu maridinho.

Assim que Rosa retorna para a cozinha, Jorge aproveita para dar mais uma espiada em seu celular. Estrategicamente, ele o segura na altura do bolso, pronto para voltar para seu lugar assim que sua esposa voltar. Leo e eu percebemos ao mesmo tempo e não conseguimos evitar uma troca de olhares cúmplice. Por um momento nos esquecemos de toda aquela estranha encenação, desta reunião entre casais que de casal mesmo só tem a metade.