Capítulo 19 | Acho que estou pronta para algo novo
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À lateral do gigante quintal da casa de Rosa, bem em frente à piscina incrivelmente azul, a tal casa de convidados é tão extravagante e impressionante quanto a casa principal. Toda decorada de branco, a sala e cozinha são tão espaçosas quanto os dois dormitórios. A suíte é estabelecida como o quarto do "casal", o outro, um pouco menor, tem espaço o bastante para um berço e uma cômoda, se ficarmos aqui tempo suficiente.
Além do tamanho, a decoração e o conforto têm os níveis da casa principal. A sala, de móveis de madeira com estofados estampados de flores, dá diretamente para a piscina, visível através das altas janelas e portas de vidro que vão do chão quase até o teto. Lá fora, o céu ganha tons de laranja com o chegar do pôr-do-sol.
Rosa nos apresenta cada canto do lugar, garantindo e repetindo que "a casa é nossa". Apesar de seu jeito extravagante, Rosa não é do tipo inconveniente. Ela sabe que nosso dia foi longo e não demora a nos deixar a sós, assim podemos nos assentar e desfazer as malas mais a vontade. Nem sei o que sentir com o fim desse dia de viagem que parece existir em uma espécie de alucinação.
- Uau! Dá para acreditar neste lugar? – pergunta Leo, se jogando no sofá.
- Eu sei. – concordo, me juntando a ele.
- Essa casa de hospedes é do tamanho da minha casa inteira. – observa ele, encarando a piscina azul translúcida a nossa frente. – Não, acho que é maior. Com certeza é maior. E mais arrumada!
- Eles têm tudo aqui. Você viu essa cozinha? – digo, sem esconder que estou tão admirada quanto ele.
- Eu vi!
- Não acredito que essa é a vida de Rosa agora. Sem querer desmerecer as qualidades dela, mas... É só que... às vezes parece que a não adianta de nada planejar, ir atrás das coisas. Como se tudo acontecesse aleatoriamente. Vai ver a vida realmente não é muito justa.
- Depende da perspectiva. – diz Leo, afundando em pensamentos que prefere não compartilhar.
- Vou tomar um banho. – digo, preparando para me levantar, mais para evitar o desconforto que começa a surgir.
- Vamos combinar uma coisa? – propõe ele, sério demais para o meu gosto. – Vamos começar hoje. Do zero, do início. Vida nova, atitude nova.
- O que você quer dizer? – questiono.
- Quero dizer que essa Anna pessimista, que só vê o lado ruim das coisas já deu. Vamos enterrar ela e ressuscitar aquela Anna que conheci há oito anos.
- Não é bem assim que as coisas funcionam, Leo. – digo, me afastando do sofá em direção ao quarto, mas apenas por alguns centímetros. Ele segura minha mão, impedindo que eu continue.
- Que tal a gente tentar? – pergunta ele, mantendo sua doçura, como consegue fazer tão bem quando a situação começa a ficar crítica.
- Você vai tentar ser mais responsável e perceber que daqui a pouco vai precisar criar uma criança, e não ser uma o tempo todo? - rebato, sem conseguir reproduzir nem um traço de seu jeito doce.
- Tudo bem. – responde ele.
- Quer dizer, você vai ter que ser exemplo para alguém, sabe?
- Eu disse "Tudo bem". – repete ele, mas não sei identificar se ele está mais bravo ou triste. Só sei que não queria que esse fosse o rumo da conversa, nem que o primeiro dia aqui já começasse assim, mas é como se estivesse segurando essas palavra há tanto tempo, que elas saíram sozinhas pela minha boca. Não quero prolongar mais isso nenhum pouco mais do que ele, então apenas concordo em silêncio.
– A Anna de quando a gente se conheceu? - pergunta ele, após um momento, seu tom já de volta ao seu normal.
- Vou tentar. – garanto, apertando de volta sua mão, não tanto como um acordo, mas como sabendo que aquele suporte vai ser essencial daqui para frente.
- Obrigado. - ele aperta nossas mãos de volta.
– Não me pressiona! - brinco. - E, pelo amor de Deus, fecha as cortinas porque essas portas de vidro me dão arrepio.
- Buuuh! – sussurra Leo, correndo atrás de mim, e sei que ele não vai deixar de ser quem é, mesmo que tente. E sei que no fundo, eu mesma espero que não deixe. Não completamente. Não sei quem é nem onde está esse Leo que precisa encontrar o pai responsável dentro dessa essência linda que ele tem. Mas acredito, preciso acreditar, que vamos descobrir isso juntos nas próximas semanas.
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Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]
RomanceNo momento mais desesperado de sua vida, Anna descobre que tudo depende de uma segunda chance. Aos 28 anos de idade, Anna acredita que sua vida já está completamente fora de controle, seja culpa do retorno de Saturno, outro motivo cósmico, cármico o...