Capítulo 28 | Swing my heart across the line

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Capítulo 28 | Deixo meu coração para você

O passeio pelo centro da cidade sob o sol do meio dia em um domingo nunca esteve entre meus programas favoritos. Além disso, não estou ansiosa para materializar a vinda do bebê. Visualizar este futuro próximo tão real ainda é um pouco difícil para mim. Mas o quarto vazio ao lado do nosso incomoda Leo. E ele não poderia estar mais feliz ao entrar na loja gigantesca de artigos infantis.

- Nem acredito que a Rosa deixou você vir comprar coisas para o bebê sozinha. - diz ele, mais calmo, enquanto toca todos os objetos e móveis que vê pela frente.

- Bem, na verdade eu disse que só ia dar uma volta com você. Ela deve ter pensado que a gente queria namorar ou algo do tipo.

- É, deve ter sido isso. - subitamente encabulado.

- Vou ser eternamente agradecida a Rosa por tudo que ela tem feito pela gente, mas admito que de vez em quando um intervalinho é bom, né? Ainda mais no domingo.

- Entendo. – responde ele, rindo.

- Entende nada. - implico. - Você trabalha o dia inteiro e com um monte de gente diferente. Nem o Jorge pegando no seu pé você tem. Sem contar as "espairecidas" no meio da tarde e sei lá o que mais você tem feito por aí.

- É. - se limita ele, balançando um mobile barulhento sobre um dos berços.

- Quer dizer... – inicio, disfarçando o tom de cobrança. - Eu preciso ouvir muito mais sobre a tosa da Minnie e a roupinha nova dela e até a cor do esmalte da cachorra, sabe?

- Eles não estavam lá quando a gente saiu, não é?

- Não. Foram almoçar e passar o dia na casa dos pais do Jorge. Comemoração de aniversário da mãe dele ou algo do tipo.

- Ah, sim. Senti falta das lambidas de bom dia da Minnie. - diz ele, de repente mudando para uma voz afetada. - Ela é uma graça de cachorro!

- Pelo visto você tem tido um relacionamento mais próximo com ela do que comigo ultimamente.

- Acho que encontrei minha alma gêmea.

- Seu estranho! – digo, empurrando seu ombro com força, mas o afastando apenas alguns centímetros.

Admito, é difícil não se empolgar com compras para bebês com tantas roupinhas minúsculas e bichinhos de pelúcia ao redor. Paramos na seção de almofadas, quadrinhos e outros acessórios decorativos fofos de morrer. Cada objeto tem um nome de bebê gravado. Leo pega uma das almofadas bordada com o nome "Luísa" em cor de rosa e a ergue de modo que fique também na minha linha de visão.

- É um ótimo nome para a nossa filha.

- Não sei. A gente vai ter um menino. - respondo, irônica.

- A gente vai ter um casal. - afirma Leo, confiante.

- Bom, primeiro teremos um menino, daí a gente vê se dá conta. – respondo, experimentando entrar no fantástico mundo de Leo.

- O que?! É claro que damos conta. - se indigna ele. - Vamos ser os melhores pais do mundo e vamos ter os filhos mais fofos do universo.

Tem momentos em que não me aguento em embarcar no bom humor de Leo, mesmo sabendo que, neste caso, para ele isso tudo tem um grande fundo de verdade. Apesar da lista de coisas que me irritam nele ainda existir, não consigo imaginar um pai melhor do que Leo.

- Mas, de verdade, vamos esperar a criança nascer para escolher um nome ou o que? – pergunta ele.

- Preciso admitir que não tenho pensado muito nisso.

- Até que gosto de ficar chamando ele de garotão, mas acho que está chegando na hora de decidirmos.

Uma canção do OneRepublic, uma das bandas favoritas de Leo surge de seu celular. Ele pega seu telefone, visualiza a tela por um segundo e aperta o botão de desligar a chamada. Assim que coloca o aparelho novamente no bolso, a canção volta a tocar. Tento disfarçadamente ver o nome ou número no identificador de chamada. Leo aperta o ícone vermelho mais uma vez antes que eu consiga descobrir quem ele não faz questão nenhuma de atender.

Como se nada tivesse acontecido, Leo aponta para o outro lado da loja, onde diversos móveis de madeira estão expostos. Ele não é de ignorar chamadas, nem de se incomodar com banalidades, mas o incômodo está lá, mesmo que ele tente disfarçar.

- Berços! – grita ele. - Quero um multiplex berço ultrassônico de fibra biônica! O melhor que tiver!

- Claro. E com garantia, por favor. – respondo, aceitando a ideia de esquecer o que quer que tenha acontecido e aproveitar mais um dia sem brigas entre nós.

Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora