21º Capitulo

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Dormia mal, tinha sonhos estranhos e por vezes assustadores, todas as manhãs em que acordava sentia-me a pensar no que poderia acontecer nesse dia, perguntava-me sempre se o Harry ia voltar. Passou uma semana desde que ele disse que não precisava mais de mim, desde então nunca mais soube nada dele, ele pode até estar do outro lado do mundo que eu não faço a mínima ideia. Tenho de admitir que passou-me pela cabeça mandar-lhe uma mensagem ou telefonar-lhe mas logo apaguei essa ideia estúpida da minha mente, porque haveria eu de lhe telefonar sequer, o que poderia dizer-lhe se lhe telefona-se?

Na verdade há muita coisa que eu iria gostar de lhe dizer, ou melhor de perguntar, porque a minha curiosidade sobre ele não diminuiu nesta semana, nem um bocadinho, só me deixou a pensar o que andará ele a fazer. É tão estranho pensar nele, parece que ele é apenas uma mera ilusão que a minha mente criou, não parece real. É simplesmente estranho lembrar-me do dia em que o vi pela primeira vez no parque, das coisas estanhas que ele me perguntou e me fez fazer, é simplesmente surreal.

Mas uma coisa é verdade muita coisa aconteceu desde que eu conheci o Harry, conheci dois lados deles, um lado é mandão, silencioso, discreto e superior enquanto o outro dele é preocupado, genuíno, engraçado, e... que me beija. Talvez o Harry sofra de um grave problema de dupla personalidade.

Encontrei-me com o Liam está semana, já não falávamos à algum tempo, desde o dia em que ele veio a minha casa contar-me que o caso do assassinato da Zoe e do Ryan tinha sido fechado, lembro-me que esse dia virou uma confusão, foi o dia em que eu segui o Harry e que descobri que ele andava em casinos sabe-se lá a fazer o quê.

Hoje decidi que ia assistir à aula de culinária do meu pai, não me apetece ficar em casa e às vezes aquilo até é divertido, principalmente quando há para lá um aluno desastrado que de repente deixa qualquer coisa cair no chão e fica todo cheio de comida, isso aconteceu uma vez e foi completamente hilariante, principalmente ver a cara do pai.

Sai do conforto dos meus cobertores e comecei a despachar-me para ir com o meu velhote. Vesti-me, fiz a minha higiene matinal e desci onde o vi o meu pai estava sentado no sofá a ler o jornal.

"Bom dia" chego-me perto dele e dou-lhe um beijo na bochecha.

"Bom dia, pronta para aprender?" O meu pai alevanta-se do sofá deixando lá o jornal e fica com um sorriso infantil na cara.

"Não vou aprender, vou assistir porque não tenho nada que fazer" digo e ele lava a mão ao peito como se eu tivesse magoado os seus sentimentos. Caminhamos para fora de casa e entramos no seu carro, eu no lugar do pendura e o meu pai ao volante.

"Quando é que vamos ver do meu carro?" Pergunto assim que me lembro que o meu pai está a dever-me um Audi.

"Falei com a tua mãe e ela tem um colega que conhece alguém que vende carro em segunda mão"

"Segunda mão?" A minha voz soa um bocadinho esganiçada. Pensava que ia ter um Audi novinho em folha.

"Achavas mesmo que nos íamos comprar um Audi sem ser em segunda mão? Esses carros são caríssimos!" O meu pai ri, talvez pela minha estupidez de pensar que iria ter um carro novo, nunca antes usado.

Não digo mais nada nem o pai até que por fim chegamos ao edifício onde o meu pai dá aulas de cozinha. Ele estaciona e ambos saímos do carro.

Jovens e adultos estão à porta a conversar um com os outros animados.

"Bonjour, Mr. Waters" a voz irreconhecível de Enzo faz-se ouvir, este rapaz deve ter apenas mais três anos do que eu. Lembro-me dele da primeira vez que vim assistir pela primeira vez às aulas do meu pai, ele foi bastante simpático, apenas por vezes sussurras algumas coisas estranhas em francês que eu não faço a mínima ideia do que ele diz.

Always | H.S |Onde histórias criam vida. Descubra agora