87º Capitulo

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Assim que o Harry se vai embora dando-me um beijo na cabeça com a promessa de que volta amanha fico no meu quarto sozinha. O candeeiro que está na mesinha de cabeceira ilumina pouco a divisão mas a mesmo tempo dá um ar confortável, devagar alevanto-me da cama e troco a camisola que tenho vestida por uma de lá mais quente, calço as minhas botas e saiu do quarto.

Ao ver o meu pai sentado no sofá sinto-me como se estivesse tudo bem entre os meus pais. Depois do acidente o meu pai quis sair do hotel e vir cá para casa, apesar de ficar a dormir no sofá e falar o mínimo possível com a minha mãe sinto-me melhor com ele cá, a cada dia que passa eles vão trocando cada vez mais palavras o que me leva a creditar que eles possam vir a ultrapassar o que aconteceu e reconciliarem.

"Pai" chamo e este vira a sua cabeça para me encarar. "A Claire ligou-me a perguntar se queria ir a casa dela porque a mãe fez anos hoje e quer que eu vá comer um bocado de bolo" conto mentalmente até quinze que é o tempo do meu pai responder.

"Tudo bem, mas eu vou-te buscar daqui a uma hora e meia"

"A Claire traz-me pai, por favor deixa-me apenas sair um bocado de casa" dou um pequeno sorriso.

"Está bem, mas vens daqui a uma hora e meia se não eu vou-te buscar" uma hora e meia parece suficiente. Penso para mim mesma.

"Okay até logo" quando viro costas e caminho até à porta a voz do meu pai para-me.

"Tens dores?" Viro-me.

"Estou bem"

"Dá os parabéns à mãe da Claire por mim" assinto com a cabeça, meto as chaves de casa no bolso das calças e saiu de casa.

Começo a andar depressa enquanto peço a Deus para que o meu pai não pergunte nada à Claire sobre o aniversário da mãe dela. Não queria ter de mentir mas neste momento essa era a minha única alternativa.

O ar fresco bate contra a minha face e logo amaldiçoo-me por não ter trazido um casaco comigo. Enquanto faço o caminho em direção à casa da Zoe sinto-me a empurrar para trás todas as memórias que insistem em renascer na minha mente, fiz tantas vezes este caminho com ela...

Depois de andar por quase dez minutos começo a ver a casa onde a Zoe morava, assim que lembro-me que a ultima vez que estive dentro daquela casa foi na companhia da Zoe a minha garganta começa a apertar e dou por mim a lutar para que não comece a chorar.

Em passos mais lentos digiro-me até à porta de entrada, pressiono a campainha e espero até que a porta é aberta revelando a pequena mulher que à relativamente pouco tempo fez-me uma visita, e que enquanto estava no hospital envio-me umas flores com um cartão de melhoras.

Enquanto lá estava pensei em como as pessoas só dão valor umas às outras quando algo de mal acontece. Os meus tios que já não via desde o ano passado apareceram na minha casa no inicio da semana com uma caixa de chocolates e uma pequena visita para ver como é que eu estava, a minha avó tem-me telefonado todos os dias desde o acidente para ver como eu estou mas e quando não vou parar ao hospital? Querem eles saber como estou? Não. E o mais engraçado que este pequeno acidente não foi a pior coisa que me aconteceu e mesmo assim nunca ninguém notou que algo de mal passava-se comigo.

"Olá Rosie" diz Lanie com a voz suave que é completamente incomparável ao tom que ela usou quando eu não acreditei quando ela contou-me que achava que a Zoe estava viva.

"Boa noite, eu preciso de falar consigo" a mulher dá um pequeno sorriso e devia-se da porta para eu entrar fechando-a depois atrás de mim.

"Peço desculpa ser tão tarde mas eu não conseguia vir mais cedo" digo enquanto olho para o relógio preso na parede da sala de estar que marca nove da noite.

Always | H.S |Onde histórias criam vida. Descubra agora