50º Capitulo

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Cada dia que passava o meu telemóvel enchia-se de mais de chamadas não atendidas do Harry. Ignorei todas, sempre que me passava pela cabeça sequer em deslizar o dedo pelo 'atender' a parte racional levava-me a deslizar pelo 'ignorar'. Várias mensagens que eu não consegui deixar de ler por causa da minha maldita curiosidade.

"Rose?"

"Por favor atende o telemóvel"

"Estás bem?"

"Preciso de falar contigo"

"Rose..."

Parei de ler ai quando me desfiz em lágrimas.

Passaram três miseráveis dias e a única coisa que fiz, foi deixar-me estar enfiada no meu quarto sem sequer ter qualquer contacto com o mundo exterior. Mas como é que eu podia querer falar com alguém? Aquele rapaz despedaçou-me completamente.

Claro que os meus pais deram-me um enorme raspanete quando cheguei a casa por, mais uma vez, ter dormido fora sem os avisar. Mas assim que não consegui conter o meu choro e deixei a parte mais fraca de mim reaparecer diante os seus olhos, eles param de reclamar pela minha falta de respeito perante eles e encheram-se de preocupação.

Se lhes contei o quê que aconteceu? Não, não lhes iria contar.

Enumeras imagens do Harry brilhavam na minha mente, sempre dele a dizer-me para não contar a ninguém, por isso a única coisa que disse foi que queria estar sozinha o que resultou durante uns momentos, mas quando acordei hoje de manha o meu pai estava sentado no fundo da cama com um tabuleiro ao seu colo há espera que eu acorda-se.

***

Os meus olhos piscaram algumas vezes até me habituar à luz do quarto, a imagem do meu pai que estava sentado no fundo da cama é a primeira coisa que vejo. Um tabuleiro com comida está ao seu colo e os seus olhos estão direcionados em mim.

"Bom dia filha. Fiz o pequeno-almoço" ele dá um pequeno sorriso que eu percebo que é um pouco forçado, com certeza graças há minha falta de respostas.

Mas a vida é assim cheia de perguntas e com falta de respostas. Pelo menus foi isso que eu aprendi até agora.

"Obrigada" digo enquanto me sento na cama e o tabuleiro vem parar ao meu colo e por fim o meu pai deposita um beijo na minha testa.

Os waffles com açúcar em pó, frutos vermelhos e o copo de sumo de laranja fazem-me logo perceber que eu estava completamente esfomeada, por isso começo logo a comer.

"Estás bem?" O meu pai pergunta e quando dou por ele já está sentado no sofá ao cato do quarto a olhar para mim. Assinto com a cabeça.

Como é que eu poderia estar bem se à um dia atrás eu descobri que o rapaz por quem eu tinha-me deixado apaixonar estava a mentir-me desde o dia em que me conheceu?

"Hm, pai, eu sei que estás preocupado comigo" olho de realce para o tabuleiro com o meu pequeno-almoço, o que é um sinal do meu pai a dizer que está demasiado preocupado. "Mas não te preocupes, okay? Sei que queres que eu conte-te tudo o que vai na minha cabeça mas eu não consigo, por isso peço-te que respeites isso" assim que acabo de falar e sinto um pequeno nó a formar-se na minha garganta, tento ignora-lo continuando a comer e o saber doce contra a minha língua deixa-me um pouco mais bem-disposta.

"Lembro-me de quando caias e vinhas logo a correr ter comigo porque tinhas esfolado o joelho, lembro-me de me chamares a meio da noite a pedir-me para espreitar debaixo da tua cama para ver se havia monstros, lembro-me de quando eu ainda podia defender-te de todos os perigos" os meus olhos estão fixos no meu pai. Se ele não parar com o discurso vou começar a chorar novamente, mas não por causa do Harry mas sim porque sei que ainda há alguém no mundo em quem eu poderei sempre confiar: no meu pai.

Always | H.S |Onde histórias criam vida. Descubra agora