Uma Mesa Para Duas • ⚢ •

12

Quando Irene apareceu de novo, totalmente nua e com sua caixa de cigarros e isqueiro na mão, Íris parecia uma pintora do século XIX prestes a fazer um retrato da rainha, super séria, com um lápis verde-escuro na boca e outro na orelha, organizando os materiais adicionais, já que ela iria apenas usar grafite para fazer o desenho. Com tudo preparado e em seu devido lugar, Íris finalmente olhou para Irene, mas seu olhar não a percorreu, como geralmente fazia, o que surpreendeu Irene, mas ela continuou em silêncio. 

— Senta na cama e cruza as pernas. — Íris disse, usando uma voz autoritária até agora desconhecida por Irene, que obedeceu. — Certo... 

Ela disse e mordiscou o lápis, pensando na melhor posição para que não ficasse nem muito liberal e nem muito conservador. Apenas o equilíbrio. E um desenho com uma vagina e mamilos não ajudariam na parte 'conservadora'. Algo brilhou em sua mente e ela se levantou, indo até Irene e ajeitando seus braços, se afastou para ver como tinha ficado e ajeitou um pouco mais a posição, pegando em seguida a caixa e tirando um cigarro de dentro, logo o colocando entre os dedos de Irene. Se afastou mais uma vez e sorriu, satisfeita.

— Perfeito! Agora, tente não se mexer muito até eu conseguir fazer a base, mas depois você pode ficar a vontade, tá!? 

Irene concordou com a cabeça, tentando não perder a posição. 
Ela achou o processo engraçado, já que a única coisa que podia fazer era olhar sua bela namorada e respirar, mesmo a posição sendo um pouco cansativa de manter por mais de 10 minutos. 

...

Depois de cerca de meia hora, a base do croqui estava totalmente pronta, só tendo que adicionar detalhes, o que permitiu a Irene que relaxasse mais e a permitiu mexer no celular para se distrair e depois de mais uma hora e meia, o desenho estava completamente pronto.

— Uau, não sabia que demorava tanto pra me desenhar.

— Na verdade, demorou meia hora a mais porque eu sou muito perfeccionista e tive que consertar certos detalhes várias vezes, mas o resultado até que ficou bom. 

Disse Íris, entregando o caderno para Irene, que deixou o queixo cair quase no chão, alternando seu olhar entre o desenho e sua amada.

—  Até que ficou bom? Íris, isso está a minha cópia legítima!

— Ah não exagera vai, ficou várias errinhos de proporção ainda.

— Íris, você já me viu desenhar?

— Ahn... Não?

— Então aceita que tá perfeito e cala a boquinha, faz favor.

Íris riu e agradeceu pelo elogio. Depois ela guardou as coisas e Irene fez cara de paisagem, sorrindo maliciosamente em seguida. Íris arregalou levemente os olhos, percebendo que ela acabou de ter uma ideia.

— Bom... Já que já acabamos aqui...

— Ih, lá vem. Diga sua proposta.

— Quero retribuição do favor.

— Como assim?

— Como eu não sou boa de desenho, vou usar meu talento... na fotografia!

— Ah não, não e não! Eu não sou tão confiante pra isso não! — Íris falou, abanando as mãos enquanto negava.

— Vai! Por favorzinho! — disse Irene, fazendo carinha de cachorro sem dono com as mãos juntas.

Íris suspirou.

— Tá bom, eu faço. Mas olha lá hein, mocinha. Nada muito vulgar.

— Jamais — disse Irene, fingindo estar ofendida, colocando a mão dramaticamente pressionada no peito — Não confia em mim?

— Confio desconfiando né minha rosa.

Íris riu da expressão ofendida de Irene, que logo abriu um sorriso e ofereceu seu dedo mindinho.

— Prometo de dedinho.

Íris sorriu docemente e passou seu mindinho pelo dela.

— Então é uma promessa hein.

Elas concordaram com a cabeça e soltaram os dedinhos, ao que Irene pegou seu celular e sua polaroid.

— Quando eu tiver uma câmera profissional, você vai ser minha musa hein. Então aguarde.

— Estarei aguardando, bem do seu ladinho.

Íris ficou sentada por um tempo enquanto Irene pensava como a foto ficaria mais legal, até que teve uma ideia.

— Íris, você trouxe aquela lingerie vermelha?

— Qual?

— Aquela que te dei escondido no Natal.

— Ahhh... Aquela... Sim. Quer que eu vista ela?

Irene concordou com a cabeça e ela corou levemente. Apesar de ter lavado e experimentado, nunca teve coragem de usar. Agora chegou sua hora. Ela então foi até a mala e, como queria fazer uma surpresa, foi direto para o banheiro se vestir. Se fosse para Irene vê-la sexy, seria do jeito mais sexy possível.