40

11 1 0
                                    

Um ano e alguns meses se passaram. Eu sei, estou pulando muito no tempo, mas acreditem, é necessário.

Nesse meio tempo, Íris cumpriu a promessa de que faria terapia e um ano depois já estava muito melhor do que antes, sua síndrome do pânico diminuiu consideravelmente e ela conseguiu organizar melhor sua rotina. Também já havia terminado seu estágio e felizmente continuava no mesmo escritório, já que sua chefe decidiu efetivá-la e ela trabalhava agora como CLT. Faltava agora menos de um mês para sua formatura, seu TCC estava pronto, sua colação de grau estava paga e o vestido alugado. 

Já Irene conseguiu finalmente financiar o seu estúdio, juntamente com sua mais nova sócia Maitê, e terminou seu segundo livro, que ainda estava em preparação para ser publicado no final do ano. Também começou a passar numa psicóloga e descobriu que tratar seus traumas exigia muita força de vontade, mas como era gratificante! 

Irene, em algum momento nesse meio tempo, percebeu como ela sentia falta da vida compartilhada com Íris. Não que ela não tivesse sentido isso antes, mas quando se está ocupada demais para pensar, acaba não percebendo o que se sente. Então, elas voltaram a sair, primeiramente só pelo companheirismo, já que a saudade era mútua, mas não demorou para os beijos e amassos voltarem a acontecer as escondidas nos bares e baladas. Um mês mais tarde, elas voltaram a morar juntas, para a felicidade de seus pais e de seus amigos. No começo, parecia que nada havia mudado, já que ambas estavam correndo de um lado para o outro, cada uma ocupada com uma coisa ou outra. Mas passaram dois meses desde isso e no tempo em que nos encontramos agora, falta apenas alguns dias para o natal, Íris estava prestes a apresentar seu TCC e Irene sorria e mostrava joinhas para ela, tentando instaurar confiança, que no momento faltava em Íris.

Uma longa apresentação e muitas renderizações depois, os professores de banca e outras pessoas que estavam assistindo bateram palma para o grupo, ao que eles agradeceram e os professores chamaram o próximo grupo. Íris foi se juntar a Irene, que já a esperava. Elas ficaram por mais uns minutos e decidiram ir embora para comemorar. Elas saíram do prédio e enquanto andavam em direção à entrada, Irene ligou para os amigos no grupo. Maitê, Sebás e Emy foram os primeiros a entrar na ligação.

— E aí gente. Estamos quase saindo. Já estão "no local"?

— Óbvio gata, estamos esperando vocês — respondeu Sebás — Inclusive, Dehzinha foi buscar as bebidas. Cês tomam caipirinha né?

— É, não sei se é uma boa ideia... — disse Íris, com um sorriso amarelo, se lembrando das últimas vezes em que bebeu.

— Relaxa, é só não beber demais — ouviu-se a voz de Emy dizer do outro lado da linha.

— Bom, melhor irmos logo então, se não a gente não chega hoje ainda. Beijo pra vocês.

Ouviu-se vários sons de beijos estalados por todo lado de ambas as partes da linha e então Irene encerrou a ligação, guardando o celular na bolsa e pegando a mão de Íris, a entrelaçando, e foram até o estacionamento, onde estava a moto de Irene. Menos de meia hora depois, elas estacionaram na frente do estabelecimento e desceram da moto, logo entrando e indo se encontrar com o pessoal. Íris não sabia aonde elas estavam indo até que percebeu ser um bar com salas de karaoke com isolamento acústico. Elas entraram na sala que Maitê tinha mencionado na mensagem e estavam todos ali, até Nyx estava lá, algo que Irene não estava esperando e sorriu para ela, que veio em sua direção e deu um abraço, que Irene correspondeu.

— Menina, o que 'cê ta fazendo aqui?

— Vim visitar o Bash e ele disse que ia vir comemorar a formatura da sua namo, aí quis vir. Desculpa me convidar.

— Que nada... quem é Bash?

— O Sebastian. 

— Mas como vocês se conheceram, assim, do nada?

Nyx riu e quando conseguiu parar as gargalhadas, disse.

— Ele é meu primo, Irene. 

O queixo de Irene caiu na hora e depois seus olhos se semicerraram para olhar Maitê, que já se escondia atrás de Matteo, que também estava lá. 

— E por que uma certa pessoinha, que não vou citar nomes porque não sou fofoqueira, não me disse isso?

Irene colocou as mãos nos quadris e ficou esperando resposta, olhando para ela. Maitê então se levantou com os braços levantados, em sinal de rendição.

— Em minha defesa, eu sabia que você ia achar ruim de fazer o trabalho se soubesse que tinha algo relacionado ao Sebás.

— Ei! — falou ele, fingindo estar ofendido.

— Além do mais — começou Nyx — quem você acha que indicou o trabalho de vocês pra gente? Ele, né. Ele segue vocês no insta e vê sempre o trabalho que vocês fazem. 

Irene ficou vermelha de vergonha ao saber disso. Não esperava nada legal vindo de Sebastian desde... "aquela" época, então era estranho ter que agradecer a ele por ter indicado seu trabalho e o de Maitê, mas tinha que ser feito, então ela engoliu o orgulho e, ainda meio envergonhada, agradeceu em alto e bom som. 

— Obrigada Sebastian, pela indicação e tals.

Ele deu uma risada leve, já que passou pela sua mente pedir para ela falar mais alto, mas ele também sabia que ela ia querer dar uma coça nele, então ele simplesmente sorriu e falou:

— Imagina. O trabalho de vocês ficou impecável, então não temos do que reclamar, de qualquer forma.  

Depois disso, eles iniciaram de fato a comemoração, começando com a chegada das bebidas.

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora