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Um estalo do relógio avisou que já era 9 horas da manhã e Irene estralou as costas e se esticou. Pronta para a pausa. Recebeu uma mensagem e desligou a tela do computador, pronta para levantar e pegar um petisco qualquer e descansar a vista.

<Está atrasada meu bem. Não deveria me deixar plantada aqui te esperando. Vou ficar até às 9:30. Se não aparecer, alguém vai acabar saindo ferido disso tudo. Te encontro no Starbucks>

E abaixo havia um mapa, que Irene revirou os olhos por já saber onde era o local.

— Tão dramática. Não entendo o que um dia vi nela!

Na verdade, ela entendia sim. Ela era um bife de filé mignon no meio de uma savana de leões, hienas e outros felinos quando estava no 1º ano do ensino médio. Literalmente toda a sala queria pegar ela. Em todos os sentidos de pegar. Mas por algum motivo, ela se aproximou de Irene e como quem não quer nada, a desafiaram a beijar a garota no jogo da garrafa. Apesar de já ter dado um selinho antes, Irene nunca havia beijado de fato, mas nunca falou disso para ninguém. Se odiaria se abrisse a boca. Então lá foi ela e a garota, cozinha planejada da casa de Ana Luíza, todos espiando mesmo dizendo que não estavam. Ninguém queria perder a oportunidade de ver o primeiro beijo de Irene... Se é que ela conseguiria realmente aquele feito. Adolescentes e seus hormônios confusos. Irene balançou a cabeça para se livrar das memórias e bufou, pegando seu celular e sua carteira e indo em direção à porta. Se fosse para ser deixada em paz, Irene se encontraria com ela. Mas não cairia em seus truques outra vez.

Irene chegou ao Starbucks e logo avistou o cabelo castanho-claro e roxo, indo em direção à mesa e dizendo, assim que se sentou.

— O que você quer?

O sorriso surgiu nos lábios carnudos de botóx, e ela empurrou um copo para frente de Irene.

— Cappuccino com canela e chocolate, seu favorito.

— Isso não responde o que te perguntei. O que você quer Ayla?

Ayla diminuiu o sorriso um pouco, o que fez com que o restante parecesse um pouco forçado.

— Por quê? Não posso querer te ver?

— Não.

— Ui, direta na lata. — disse Ayla e sorriu, bebericando seu café com leite — Você não mudou nada. A não ser o cabelo. É bom ver que tem deixado crescer. Lembro que você quase cortou super curto quando sua mãe e você brigaram. Ah, bons tempos.

Irene torceu o nariz. Bons tempos para quem? Para ela é que não foi. Talvez para Ayla, que tinha um passatempo. No caso, ela.

— Seja direta. Por que tem tentado falar comigo?

Ayla mexeu o líquido no copo antes de responder.

— Quer que eu seja direta? Beleza então. Terminei com essa sua namoradinha e volte comigo.

Irene soltou um riso debochado e enojado.

— Você só pode estar brincando. Você acha que as pessoas são descartáveis mesmo, só pode. Depois de tudo o que você me fez, ainda tem a cara de pau de vir me pedir para voltar...

— Eu mudei Irene! Eu juro que mudei!

Irene riu e se levantou, aproximando o rosto do de Ayla.

— Ninguém muda. Nem você, nem a porra do stalker que persegue minha namorada a 8 anos. Então me erra Ayla e vê se acha outro brinquedinho. Não me procure mais.

Ayla correu atrás dela e a virou, se jogando nos braços de Irene, mas ela a empurrou e foi embora. Pelo menos não tinha pagado o cappuccino, mas a conversa desagradável deu um gosto amargo em sua boca. Adicionou na sua lista mental "Padaria: comprar pudim". Sua vida sempre se resolvia quando comia pudim. Pelo menos até o doce acabar.

Íris estava no horário de almoço quando recebeu uma mensagem, mas estava bem entretida na conversa com Laura, sua colega, que nem deu importância. Até que Laura perguntou.

— Não vai ver quem te mandou mensagem?

— Não sei se estou afim.

— Porque, brigou com o namorado?

— Namorada, na verdade, e não, não brigamos, mas...

— Mas...

— Me sinto meio insegura nos últimos tempos sabe. Como se nossa relação já não estivesse igual. Não sei explicar.

Laura colocou um pedaço de bolo na boca e concordou com a cabeça.

— Entendo como é. Meu ex fez eu me sentir assim também.

— Sério? E vocês se resolveram?

— Não, isso foi pouco antes de eu descobrir que ele tinha outra... — ela disse numa tranquilidade que fez o rosto de Íris se contrair de preocupação, ao que Laura disse rápido — Não que isso vá acontecer com vocês. Pode ser que ela esteja apenas cansada. Dê um tempo para ela e tudo vai se ajeitar.

Íris sorriu de leve, mas a preocupação não deixou que ela engolisse mais o chocolate que estava comendo depois do almoço. Ela estava com medo de ver a mensagem, mas a curiosidade falou mais alto.

<imagem>

Ela clicou em cima e esperou a foto abrir. Ela mal viu a foto e já se arrependeu, mas respirou fundo e disse a si mesma: "Vou resolver isso com ela mais tarde".

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora