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Irene acordou com Íris ao seu lado, falando no celular. Ela ainda demonstrava estar sonolenta. Irene olhou pela janela e o sol estava começando a sair. Ficou observando Íris concordando e falando até que a mesma desligou e colocou o celular de lado.

— Quem era?

— Não faço ideia. 

— Mas... então, por que você falou com a pessoa como se a conhecesse?

— Eu tenho duas teorias: ou eu sou muito simpática, ou simplesmente gosto de conhecer pessoas novas.

Irene ficou um tempo em silêncio e começou a rir, o que fez Íris olhá-la.

— Você é estranha, sabia?

— Sei sim. Muita gente me diz isso, então me acostumei — respondeu, dando de ombros, e rindo logo em seguida. Irene sorriu docemente e deu um selinho na "namorada mais fofa que já existiu", de acordo com ela mesma. Íris aprofundou o selinho para um beijo desejoso e Irene se assustou e se afastou um pouco.

— Eita! Calma, acabamos de acordar. 

Íris sorriu meio sem graça e se levantou da cama. Irene achou que ela tinha levantado por sua causa e perguntou, preocupada, o porquê de ela ter levantado, ao que ela sorriu e perguntou sobre os planos do dia.

— Tem algo em mente para hoje?

Irene pensou por um tempo mas acabou dizendo que não. No fim, decidiram por tomar café da manhã primeiro e depois decidir algo.

— Verdade! Que horas são? — perguntou Irene, lembrando que tinha esquecido de perguntar. 

— Seis e...sete — disse Íris, olhando seu relógio de pulso.

Irene franziu a testa e arregalou os olhos, olhando para o sol que brilhava, firme e forte, do lado de fora.

— Seis da manhã?

— Não amor, seis da tarde. Claro que seis da manhã né! — Íris riu e Irene fez cara emburrada.

— Que coice logo de manhã.

Íris se aproximou dela e passou os braços pelo pescoço de Irene, que estava de braços cruzados até então, e deu um beijo na mesma, que mudou a expressão e seus braços se abaixaram para abraçar sua cintura. Elas se deixaram consumir pelo beijo por algum tempo até Íris o interromper.

— Desculpa pelo coice.

— Pede desculpas mais uma vez. 

Íris entendeu e riu, saindo do abraço e falando.

— Mais tarde, precisamos tomar café.

— Tá bom.

E elas foram se trocar. Íris terminou primeiro e percebeu que Irene estava tomando banho logo de manhã. Ela então enfiou a cabeça porta adentro do banheiro.

— Tomando banho à essa hora?

— Sim. Prefiro de noite, mas esse creme que eu usei deixa minha pele com glitter. Não gostei não.

— Eu gostei, me lembra os vampiros de Crepúsculo.

Irene caiu na gargalha e dava vários tapas na parede. Ela secou as lágrimas que escaparam e disse.

— Pode usar então, eu vou usar o seu. Prefiro uma vibe mais "humana".

Elas deram mais uma risada e Íris avisou que iria sair primeiro e esperar ela na frente da praia de frente à pousada, ao que Irene respondeu que não tinha problema. Antes de sair, ela avisou que deixou o protetor solar na cômoda, fechando a porta do banheiro logo depois e indo para a porta, saindo pela mesma, e indo lentamente em direção à praia. Quando chegou no deck de madeira escura que juntava a pousada e praia, desceu a mesma e tirou os chinelos para sentir a areia em seus dedos. Faziam anos que ela não ia para a praia. Ela fechou os olhos, inspirando o ar bem devagar e abriu-os, observando a bela paisagem. Ela então pegou seu bloco de notas que sempre levava consigo e começou a traçar linhas e mais linhas com o lápis. Estava tão concentrada que quase pulou ao ouvir uma voz feminina desconhecida.

— É lindo né?!

Íris encarou a garota magra e de cabelo relativamente claro e comprido que encara o mar por uns segundos antes de responder.

— Ah sim, é muito lindo mesmo.

— Você não é daqui, não é?

— Não, sou de São Paulo. Você mora por aqui?

— Sim, mas sou de outra cidade. Nunca vim para Porto então tive oportunidade de vir e aqui estou. 

— Entendi.

— E você?

Íris engoliu em seco antes de responder. Nunca tinha falado para ninguém sobre Irene ser sua namorada... pelo menos para ninguém que não sabia.

— Eu vim com minha...namorada. — disse ela, cautelosa, olhando de relance para a garota.

— Sério? Isso é legal. Vocês estão a muito tempo juntas?

— Não, faz no máximo dois meses — disse, mais aliviada de a garota não ter sido preconceituosa. 

— Ah sim, faz pouco tempo mesmo.

Um curto silêncio se instalou por uns minutos até que Irene chegou e abraçou Íris por trás, beijando o pescoço descoberto. O cabelo de Íris estava preso em um coque alto e alguns cachos caídos davam um charme a mais. 

— Cheguei amor... Quem é ela? — disse Irene, olhando com curiosidade para a garota, que sorriu largo ao ver a cena.   

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora