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Quando Íris e Irene chegaram no apartamento, apenas levemente alcoolizadas e bem cansadas de tanto cantar, dançar e rir, elas entraram e se jogaram no sofá, logo tirando os sapatos e se aconchegando uma na outra. Elas aproveitaram o silêncio por alguns minutos e a primeira a quebrá-lo foi Íris.

— Sabe aquela história do casamento?

Irene fez um som de "Hum", confirmando para que ela continuasse.

— Então, acho que não me parece uma ideia tão absurda agora...

— Sério? — disse Irene, mudando de posição e olhando para ela.

— Sim, sério. Na verdade, nunca foi uma ideia absurda, é que só não me sentia pronta para dar um passo tão grande assim na minha vida sabe. Até porque, se eu for casar, quero que seja do meu jeito.

Irene gargalhou e concordou, já sabendo que seu trabalho seria realmente mínimo, tipo provar o bolo, escolher seu vestido e casar, propriamente dizendo. Mas só de ela não achar mais uma "ideia absurda", já deixava Irene com o coração faiscando de felicidade e expectativa. 

— Bom, quem sabe daqui a algum tempo, quando você já estiver formada e eu e Mai já tivermos inaugurado nosso estúdio...

— Que tal primavera do ano que vem?

— O quê? Ano que vem já? — disse Irene, arregalando os olhos.

— Por que não? Eu vou estar com 24, você com 25, não é uma idade ruim para casar. Até porque estamos juntas a 5 anos, se fosse para nos separarmos de verdade ou algo assim, já teria acontecido. Nós sempre nos demos bem e todo casal discute vez ou outra, então não vejo porque não...

Íris de fato apresentou argumentos que Irene não podia refutar, por mais que ela quisesse.

— Mas e o dinheiro?

— Vamos economizar e acho que até lá teremos o suficiente.

— Opa, pera lá dona Íris, nada de fazer loucuras. Quando tivermos o dinheiro e tudo o mais, a gente casa, não quero fazer as coisas na pressa.

Íris deu risada e movimentou a cabeça em concordância.

— Tudo bem, tudo bem. Eu espero um tempinho.

...

Passaram-se alguns dias mais, Íris entrou em férias de fim do ano e faltavam dois dias para sua formatura, mas Irene continuava trabalhando, e em dobro, já que ainda não tinha pedido demissão do estúdio que ela trabalha e estava arrumando as coisas no estúdio novo, além de estar na reta final de seu segundo livro. Íris pensava em como ajudar, mas não encontrava alternativas, a não ser cuidar da casa e comida, apesar de ela odiar esse papel de dona de casa, mas fazer o que, era necessário ser feito e Irene estava na correria, então ficaria mais difícil de ajudar. Mais difícil, não impossível. Tanto que na sexta, assim que chegou em casa, com o celular ainda prensado contra a orelha, sendo segurado pelo ombro, e falando sem parar, ela apenas jogou suas coisas na cama, trocou de roupa e assim que terminou a ligação, começou a faxina, aproveitando que Íris ainda não havia chegado da prova final do vestido de formatura, que precisara de uns ajustes na cintura. Mas quando Íris chegou, quis estrangular Irene por ter feito todo o serviço sozinha.

— VOCÊ ME PAGA, SUA SERPENTE TRAIÇOEIRA.

— Oh louco, o que eu fiz de tão errado dessa vez?

— Você limpou a casa! SOZINHA!

— E daí? Você não estava em casa, então apenas aproveitei que eu tava no pique.

— Se você fizer isso de novo, dona Irene, eu vou ser obrigada a perder meu réu primário, ouviu bem?

Irene sorriu, sedutora, puxou Íris pela cintura, colando seus corpos e disse baixinho.

— Por quê? Você vai me bater?

Íris tentou não parecer que estava entrando no jogo dela, então continuou com os braços cruzados no peito e com a expressão desafiadora.

— Vou. Vou te bater até você implorar por perdão.

Irene deu um sorriso malicioso e chegando mais perto, esfregou o nariz de leve no dela. 

— Você sabe que eu posso acabar gostando disso, não sabe?

Íris lambeu seus lábios por instinto e sua respiração começou a se alterar, assim como as batidas de seu coração.

— Achei que você fosse a sadista da relação — disse Íris, sorrindo levemente, e se aproximando um pouco mais.

— Sadomasoquismo existe por uma razão, não é mesmo?

E foi nesse momento que Irene preencheu o restante de espaço que as separavam, tocando os lábios macios de Íris, que desfez os braços e os colocou ao redor do pescoço de Irene. 

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora