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Irene tomou um gole da bebida e pensou que não custava nada desabafar com ela. Qual mal poderia fazer?

— Então, para resumir bem, eu tava namorando e ela tava meio esquisita nesses tempos atrás...

— Ela?

— Uhum... Achou que eu fosse hétero? — Irene perguntou, achando graça. Nyx deu de ombros.

— Nunca se sabe né... Mas pode continuar sua história...

E Irene continuou. Ao terminar, Nyx ficou uns minutos absorta em pensamentos e absorvendo tudo que foi dito, até que virou o último gole da taça e assim que engoliu, estava pronta para opinar.

— Assim, não conheço ela nem nada, mas pelo seu ponto de vista e pelo que me contou, ela parece que teve uma crise braba de ciúmes e um burnout dos grandes por causa do estresse diário. Se ela realmente quiser terminar de vez com você, é uma boba, com todo respeito. Você parece ser uma namorada maravilhosa e quem parece que não dá valor é ela. Claro, isso é minha impressão pelo que você me disse, mas posso estar errada também.

Irene estava com as bochechas um pouco vermelhas pelo elogio e fingiu limpar a garganta.

— Enfim, é isso... — ela falou e tomou mais um gole, já sentindo o álcool surtindo efeito.

— Está se sentindo mais leve pelo desabafo? — Nyx quis saber, apoiando a cabeça em sua mão que estava em cima do balcão.

— Estranhamente sim — Irene sorriu para ela, que para comemorar pediu outra rodada para o barman.

Rodada vai, rodava vem, Irene bebeu tanto que quando recobrou a consciência e notou que havia um cabelo preto em sua frente, quase pulou da cama de susto. A dona dos cabelos se virou para ela.

 — Cê tá bem?

— Tô? — disse Irene, confusa com toda a situação. "Ah meu Deus, não me diga que eu e Nyx..."

Nyx se levantou e esticou-se, logo puxando os cabelos e prendendo em um rabo de cavalo com o elástico que estava em seu pulso. Irene apenas ficou com a mesma expressão enquanto ela se virou para a janela e fez um alongamento. Foi então que Irene reparou que ela vestia apenas uma lingerie preta de renda, então engoliu em seco e desviou o olhar para a janela, vendo a bela vista e o sol que batia nas plantas e cristais no parapeito da janela. Quando Irene a olhou de novo, ela estava a encarando, com aqueles olhos escuros e que parecem penetrar na alma. Irene limpou a garganta e decidiu fazer a pergunta que pairava em sua mente.

— Nyx...

— Pode me chamar de Nicole, é meu nome verdadeiro.

— Nicole? Bom, ainda acho que Nyx combina mais... Mas, só para eu não esquecer a pergunta... Nós... é...

Nyx ficou olhando-a séria até abrir um sorriso e começar a rir.

— Não, não transamos. Não rolou nada entre a gente, pode ficar tranquila, você só perdeu a consciência. Aí eu te deitei aí e fiquei na sala com a Mai.

— Na sala? Ficaram fazendo o que lá?

— ... Conversando...

Nyx sorriu e suas bochechas ficaram levemente vermelhas.

— Prefiro deixar pra ser o assunto de viagem de vocês quando voltarem. Não gosto de dar spoiler. — ela disse e deu uma piscadinha, ainda sorrindo, e se aproximou, estendendo a mão para Irene — Agora levanta, vocês precisam tomar um café reforçado para poderem voltar. Mai disse que vocês não podem ficar por muito mais tempo, se não vão se atrasar para outros compromissos. 

Irene abriu um sorriso de lado e levantou a sobrancelha esquerda.

— Mai? Quanta intimidade, hein!

Nyx a empurrou levemente em direção à cama, mas Irene puxou sua mão e as duas caíram, rindo. Maitê ouviu o barulho e abriu a porta, com a escova de dentes na boca.

— Então já acordaram? — disse, lutando com a pasta que havia dentro da boca.

Elas levantaram e fizeram que sim, ao que Nyx disse que ia preparar o café e deu um beijinho no rosto de Maitê, ao que Irene levantou a sobrancelha mais uma vez e Maitê apenas deu de ombros e saiu do quarto, voltando para o banheiro. Irene se levantou e olhou a situação de sua roupa, que até que ainda estava aceitável, apesar de amassada, então saiu do quarto, mas não antes de tirar uma foto da janela com seu celular, que ela nem sabia como não havia perdido. Então foi ajudar as duas garotas que preparavam o café da manhã e depois todas se sentaram para comer, ao que as duas se entreolharam e concordaram com a cabeça, deixando Irene boiando na "conversa telepática". Ela apenas enfiou outra garfada dos ovos mexidos na boca enquanto esperava pela revelação.

— Bom, Irene... — começou Maitê — eu e Nyx combinamos de conversar com você quando estivesse sóbria de novo, então acho que agora é o melhor momento...

Irene engoliu o ovo, que quase não passou pela garganta por conta da súbita onda de ansiedade. 

— Conversar sobre o quê?

— Bom... 

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora