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Irene caminhou até onde a piscina ficava, que era onde o garoto havia dito que iria rolar a festa. Já havia um globo de iluminação colorida pendurada em um dos postes e uma mesa enorme no gramado. O barzinho estava com um notebook sendo preparado pelo barman, que provavelmente seria o dj também. Uma das garçonetes passou por Irene levando algum tipo de comida em uma bandeja, mas Irene não conseguiu ver o que era por estar coberto por um pano. Vendo que era verdade, ela voltou-se para o caminho de seu quarto. Ela era desconfiada e tinha muito orgulho, afinal ela não confiava facilmente nas pessoas e em informações faladas até que de comprovasse a veracidade das informações. 

Entrou no quarto e viu Íris toda produzida e terminando seu delineado. Ela usava um vestido rodado vermelho com bolinhas brancas, que contrastava com sua pele cor de bronze, usava uma sapatilha da mesma cor e seus belos cachos estavam presos em um pequeno coque em cima da cabeça, com o resto solto nas costas, os cachos loiros bem modelados como sempre. Ela não estava apenas linda ou gata, estava maravilhosa.

— Você está... Encantadora! — disse Irene, nunca tirando os olhos dela e não conseguindo esconder a surpresa e admiração.

Íris corou levemente e agradeceu, mas logo se recompôs para tentar uma piada.

— E você parece uma bad girl dos anos 80. Lembra muito os motoqueiros garanhões daquela época.

Irene sorriu, convencida, e fez pose, puxando a gola da jaqueta de couro.

— E aí broto, vamos dar uma volta na minha moto?

Íris riu e se aproximou, fazendo Irene fraquejar a posição de durona. Íris lhe deu um beijo na bochecha e ela sorriu.

— Claro, vamos lá "na sua moto" — disse Íris, fazendo aspas com os dedos e com um tom sarcástico, porém rindo em seguida, o que fez Irene rir também.

Elas então pegaram seus celulares e saíram do chalé, trancando a porta. Se dirigiram até aonde teria a festa, ao que Íris deu um grande sorriso na direção de Irene quando viu o lugar todo arrumado e já com música baixa e nostálgica. Íris lembrava de quando ouvia músicas antigas com seu pai, antes de...

O pensamento fez seus olhos lacrimejarem, mas ela engoliu em seco e olhou para o céu e observou a lua por um tempo. Irene percebeu e perguntou.

— Está tudo bem?

— Sim... Apenas... memórias — disse Íris, entre suspiros.

— Se você se sentir mal, me fala e a gente volta, tá?

— Pode deixar.

Ela então envolveu os ombros de Íris com um dos braços e elas foram caminhando até o deck de frente para a praia. Irene ouvia a música lenta e observava as ondas quebrando na areia bege. A água, antes azul esverdeada, agora era quase de um azul tão escuro que chegava a parecer preto, com a lua cheia iluminando tudo. Era de certo modo nostálgico, mas de um modo que ela não soube descrever. Seu coração pareceu se apertar um pouco no peito, o que a fez engolir em seco, mas Íris passou seus braços em volta de sua cintura e a fez ficar mais calma.

Íris percebeu o corpo de Irene meio tenso e a chamou para tirarem uma foto. Elas tiraram e postaram no Instagram, mas, logo após isso, Íris guardou os celulares nos bolsos com zíper da jaqueta de Irene e tirou a jaqueta dela.

— O que você tá fazendo?

— Se essa é uma festa dos anos 80, temos que fazer jus. Não existiam celulares nessa época, e os nossos não vão existir até que a gente decida ir para o quarto. Estamos entendidas?

— Sim senhora! — disse Irene, batendo continência.

Íris riu e a puxou para si.

— Hoje não quero mais ninguém além de você.

Elas deram um beijo calmo e depois foram procurar uma mesa para se sentarem. Pediram duas bebidas do cardápio e uma porção de camarão, para equilibrarem o álcool e evitarem a ressaca colocando algo no estômago.

O começo da festa foi calmo e romântico, mas à medida que mais pessoas foram chegando, a festa foi se animando e elas se animaram junto, até mesmo dançando as músicas animadas e lentas. Elas riam, brincavam uma com a outra, flertavam com os olhares, como um verdadeiro encontro vindo direto da década de 80.

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora