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Enquanto Íris se trocava em seu quarto, Sebás e Matteo tomavam um café com a mãe dela, Alba. Íris logo desceu para a cozinha e sua mãe perguntou:

— Está melhor meu bem?

— Um pouco. Vou fazer o que eu puder para que Irene me perdoe.

Ela falou e se sentou na mesa com eles, que sorriram em aprovação. Alba realmente gostava muito de Irene e se sua filha a amava tanto quanto demonstrava, iria ajudar no que pudesse.

— Pode contar com a gente — disse ela em nome de todos, pois sabia que os meninos também concordavam.

Íris tomou um gole do chá e batucou os dedos.

— Eu tive uma ideia, mas não sei se seria legal.

— Conta pra gente ué! — falou Matteo, já ansioso. 

E Íris começou a contar sua ideia, ao que todos adoraram e falaram que iriam ajudar. 

— Então precisamos começar o planejamento logo, ela volta hoje com a Maitê da sessão que fizeram — disse o Sebás, tomando um gole de café sem açúcar. 

— Mas não é tudo para hoje, vai ser feito nos próximos dias. Se tenho uma certeza é que ela vai pedir um tempo para pensar, então vou dar esse tempo para ela e enquanto isso chamamos a Maitê e colocamos o plano em prática. Isso se ela concordar em ajudar.

— Ela vai. Ela nunca se nega a ajudar. Isso eu garanto — falou Sebás — inclusive devo muito a ela. Foi ela que me ajudou a procurar uma terapeuta e só depois meus pais descobriram e me ajudaram também. Foi ela que me apresentou o Matteo. Então eu sei que ela vai ajudar. Ela gosta demais de vocês duas para se recusar. 

Íris concordou e falou que falaria com ela depois. 

— E sobre o scrapbook, como você pensa em fazer?

— Não sei ainda, mas vou pensar. Quero fazer algo especial, igual aquele que fizemos quando voltamos de viagem, lembra? — Íris perguntou à mãe, que acenou com a cabeça.

— Inclusive está guardado no seu quarto ainda.

— Sério?! Não acredito! Achei que tínhamos perdido na mudança para o apartamento. 

— Não, você esqueceu a caixa em que ele estava. Tá lá no seu guarda-roupa, na parte de cima. 

Íris se levantou e foi rapidamente para o andar de cima, abriu a porta do quarto e quase arrombou o guarda-roupa pela rapidez que abriu sua porta de correr. Olhou em cima e sorriu ao ver a caixa. Como não havia notado aquilo? Pegou a cadeira que ficava na escrivaninha e puxou, subindo e pegando a caixa leve que pelo que lembrava só continha as memórias da viagem a Porto de Galinhas. Sentou-se no chão e arrancou a fita adesiva, abrindo as abas e tossindo por conta da poeira acumulada. A primeira coisa que viu foi o scrapbook que elas montaram juntas no final da viagem com ajuda de Gess e sua "amiga", que Íris infelizmente não se lembrava do nome. Além dele, havia algumas lembrancinhas que trouxeram, os artesanatos que compraram no último dia, as fotos e o desenho que fizeram uma da outra. Íris sorriu ao ver tudo aquilo. Parecia que fazia milênios que aquelas fotos foram tiradas, mas não faziam nem 5 anos.  

Quando voltasse para o apartamento, levaria com ela a caixa, mas teria que levar o scrapbook primeiro, de acordo com o plano, que acabou de ganhar uma nova fase.

...

Irene e Maitê se despediram dos noivos felizes e de Nyx, que falou que adoraria marcar para vê-las de novo, ao que Irene entendeu a indireta para Maitê. Depois entraram no carro e Maitê buzinou, acelerando, enquanto Irene acenava. Quando elas já estavam fora da cidade e próximas de entrar na rodovia, Irene quebrou o silêncio. 

— Pelo jeito a noite foi boa para vocês duas, hein. 

Maitê corou de um vermelho vivo.

— É, foi legal. 

— Ah não, me conta vai. Eu tava inconsciente, não é justo não contar. 

— Tá bom, sua chata. Nós ficamos! É isso que queria ouvir?

— Só isso? Pelo jeito como ela te tratava, parecia mais. 

— Olha, foi só uma transa, não é como se fôssemos casar daqui a um mês.

— Mas e daqui a anos? — Irene insinuou com um sorriso no rosto, levantando e abaixando as sobrancelhas.

Maitê fez uma marra falsa. 

— Eu te odeio, sabia? Vou te deixar na estrada e você que se vire pra voltar.

Irene começou a rir e deu um beijo estalado na bochecha dela.

— Eu também te adoro. 

— Eu não falei que te adoro, tira a couve do ouvido. 

— Não tem couve no meu ouvido. Se tivesse, meu pai teria parado de comprar no mercado a anos.

Elas começaram a rir e Maitê fez uma expressão de nojo antes de voltar a rir. Dali a algumas horas, estariam de volta. De volta em casa. 

Uma Mesa Para Duas • ⚢ •Onde histórias criam vida. Descubra agora