Capíto Vinte e Um

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Acordo cedo como de costume mas continuo de olhos fechados pensando em tudo que está acontecendo

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Acordo cedo como de costume mas continuo de olhos fechados pensando em tudo que está acontecendo. É horrível ver  a Cath tão frágil nesse momento, mas o pior de tudo é saber que ela irá se quebrar quando souber de toda a verdade sobre o ex-noivo e não poder fazer nada para impedir.

Passei quase a noite toda velando seu sono, e por muitas vezes percebi que ela acordava assustada. Um sinal claro do quanto tudo que passou a traumatizou, assim que ela sair do hospital irei procurar uma boa psicóloga e terapeuta para ajudá-la a passar por esse processo.

Ontem percebi que a Cath é uma menina cheia de traumas, e algo me diz que a maioria deles foram causados pelos próprios pais.

Ela acorda, nos cumprimentamos, me levanto e chamo o médico que a examina, lhe aplica uma injeção para aliviar a dor, e explica como será a vida dela de agora em diante.

Após o médico e a enfermeira sai eu a pego em meus braços com cuidado para não machuca-la e levo para o banheiro, a sento em uma cadeira, coloco o a bolsa de soro em um suporte que a enfermeira trouxe,  retiro as nossas roupas e começo a nos dar banho.

— Parece que eu engoli uma melancia inteira. — Ela diz olhando para seu abdômen roxo e inchado.

—  O médico falou que é normal esse inchaço, mas que irá desaparecer em breve. —  Lhe respondo e lavo ao redor das incisões e a barriga dela com cuidado para não lhe causar dor.

Quando acabamos o banho, enrolo a Cath em uma toalha, visto um roupão e me concentro em seca-la, vesti-la e pentear delicadamente seus cabelos. E depois dela pronta passo alguns cosméticos, também me visto e escovamos nossos dentes.

— Dom você poderia sair por uns minutinhos? — Ela me pergunta com suas bochechas rosadas de vergonha.

Entendo o que ela quer, e saio para lhe dar privacidade, minutos depois ela me chama,  volto para o banheiro e a encontro assustada e chorando.

— Está tudo bem? — Lhe pergunto.

— Eu fui fazer xixi, mas saiu muito sangue.— Ela responde me deixando preocupado.

— Vamos voltar para o quarto, irei chamar o médico e contaremos isso para ele. — Lhe digo.

A pego em meus braços, a trago de volta para o quarto, e deito ela cuidadosamente na cama.  Toco a campainha e alguns minutos depois o médico entra no quarto.

— Algum problema senhor Smirnov? — Ele me pergunta.

— A minha esposa foi fazer xixi e urinou sangue. — Lhe respondo.

— Irei leva-la para fazer outra ressonância magnética, podem ter se formado novos coágulos nos rins ou na bexiga. — Ele diz e  toca a campainha.

Logo em seguida uma enfermeira entra no quarto trazendo uma cadeira de rodas, pego a Cath e a coloco sentada na cadeira, coloco uma máscara descartável em seu rosto, outra no meu e saímos do quarto para ir fazer o exame.

A ressonância magnética durou quase meia hora e quando acabou ela estava extremamente nervosa. Voltamos para o quarto, tomamos outro banho,  nos vestimos com roupas limpas, passei álcool em nossas mãos  e ficamos esperando o médico vir nos falar sobre o resultado do exame.

Uma enfermeira entrou no quarto trazendo nosso café da manhã, mas a Cath apenas tomou o leite  dispensando o restante dos alimentos.  Após acabarmos de nos alimentar, a mesma enfermeira veio buscar a bandeja.

Pouco tempo depois o médico finalmente volta ao quarto trazendo o bendito resultado do exame que ela fez.

— Tenho boas e mas notícias, a boa notícia é que o sangramento é devido a uma pequena lesão que você sofreu em um dos seus rins e não percebemos antes, mas é algo superficial e pode ser tratado com repouso e antibióticos. E a má notícia é que infelizmente terei que te manter aqui por mais tempo até termos certeza que a lesão foi curada e você não corre risco de desenvolver uma infecção urinária. — O médico fala e respiro aliviado.

— O hospital é o lugar mais propenso a se desenvolver bactérias,  não é arriscado ficarmos mais tempo aqui? — Lhe pergunto.

— Infelizmente sim, mas é nescessário mante-la aqui em observação por pelo menos uma semana. — Ele me responde.

— Ela  pode se sentar na sacada para tomar um pouco de sol? — Lhe pergunto.

— Sim, é bom que também ande um pouco pelo quarto e beba bastante água, isso irá ajudar e muito na recuperação. — Ele me responde e sai em seguida.

Alguns minutos após o médico ter saído, uma enfermeira vem até o quarto, limpa as incisões e refaz os curativos.

Após ela sair  ajudo a Cath se levantar, seguro a sua mão e andamos pelo quarto, depois abri a porta que leva até a sacada, a ajudo a se sentar em uma poltrona e me sento ao seu lado.

— Como irei estudar de agora em diante? Será que terei que trancar a minha matrícula por enquanto? — Ela me pergunta.

— Não bebê, assim que sairmos daqui levarei o seu atestado médico até a universidade. Irei pedir a direção que você estude a distância, caso eles se recusarem a cooperar eu entrarei com um processo por negligência.  Pois você foi atacada em frente a faculdade, e os incompetentes dos seguranças de lá estavam assistindo TV ao invés de proteger os alunos. —  Lhe respondo.

— Não quero desistir de me formar, eu lutei muito para conseguir uma bolsa de estudos.   — Ela diz muito triste.

— E você irá, eu prometo.  —  Lhe respondo.

Ficamos por cerca de meia hora na sacada, mas logo voltamos para o quarto pois ela não podia ficar muito tempo sentada, ajudei a Cath a se deitar na cama, me sentei ao lado dela e fiz uma chamada de vídeo para nossos familiares para que pudessem vê-la, primeiro conversamos com a avó e prima dela e depois com a minha avó.

Encerramos a chamada para que ela pudesse almoçar, e após o almoço ela dormiu. Aproveitei esse tempo para ler meus e-mails, e assistir um pouco de TV.

A Cath dormiu por cerca de uma duas horas, mas logo acordou chorando de outro pesadelo.

— Eu quero ir para casa, não gosto de hospitais. — Ela diz e vejo uma tristeza tão grande em seus olhos.

— Logo logo nós iremos, não chora vai ficar tudo bem. —  Lhe respondo.

—  Você acredita que eu irei viver muito tempo como o médico falou? — Ela me pergunta.

—  É claro que vai, vamos fazer tudo certinho para você se recuperar. —  Lhe respondo.

— Eu estou com medo. —  Ela diz e chora.

—  Eu sei, eu também estou. Mas temos um ao outro e não iremos desistir. —  Lhe respondo e a beijo.

—  Se eu não consegui eu irei em paz, estou feliz por ter te conhecido. —  Ela diz e abraço.

Minha vontade nesse momento é de matar aquele maldito, meu arrependimento é de não ter feito isso quando eu tive a chance.

Como ele pode fazer uma maldade tão grande com ela, é só uma menina que não merecia nada disso que está sofrendo.

ImpiedosoOnde histórias criam vida. Descubra agora