Acordo cedo como de costume mas continuo de olhos fechados pensando em tudo que está acontecendo. É horrível ver a Cath tão frágil nesse momento, mas o pior de tudo é saber que ela irá se quebrar quando souber de toda a verdade sobre o ex-noivo e não poder fazer nada para impedir.
Passei quase a noite toda velando seu sono, e por muitas vezes percebi que ela acordava assustada. Um sinal claro do quanto tudo que passou a traumatizou, assim que ela sair do hospital irei procurar uma boa psicóloga e terapeuta para ajudá-la a passar por esse processo.
Ontem percebi que a Cath é uma menina cheia de traumas, e algo me diz que a maioria deles foram causados pelos próprios pais.
Ela acorda, nos cumprimentamos, me levanto e chamo o médico que a examina, lhe aplica uma injeção para aliviar a dor, e explica como será a vida dela de agora em diante.
Após o médico e a enfermeira sai eu a pego em meus braços com cuidado para não machuca-la e levo para o banheiro, a sento em uma cadeira, coloco o a bolsa de soro em um suporte que a enfermeira trouxe, retiro as nossas roupas e começo a nos dar banho.
— Parece que eu engoli uma melancia inteira. — Ela diz olhando para seu abdômen roxo e inchado.
— O médico falou que é normal esse inchaço, mas que irá desaparecer em breve. — Lhe respondo e lavo ao redor das incisões e a barriga dela com cuidado para não lhe causar dor.
Quando acabamos o banho, enrolo a Cath em uma toalha, visto um roupão e me concentro em seca-la, vesti-la e pentear delicadamente seus cabelos. E depois dela pronta passo alguns cosméticos, também me visto e escovamos nossos dentes.
— Dom você poderia sair por uns minutinhos? — Ela me pergunta com suas bochechas rosadas de vergonha.
Entendo o que ela quer, e saio para lhe dar privacidade, minutos depois ela me chama, volto para o banheiro e a encontro assustada e chorando.
— Está tudo bem? — Lhe pergunto.
— Eu fui fazer xixi, mas saiu muito sangue.— Ela responde me deixando preocupado.
— Vamos voltar para o quarto, irei chamar o médico e contaremos isso para ele. — Lhe digo.
A pego em meus braços, a trago de volta para o quarto, e deito ela cuidadosamente na cama. Toco a campainha e alguns minutos depois o médico entra no quarto.
— Algum problema senhor Smirnov? — Ele me pergunta.
— A minha esposa foi fazer xixi e urinou sangue. — Lhe respondo.
— Irei leva-la para fazer outra ressonância magnética, podem ter se formado novos coágulos nos rins ou na bexiga. — Ele diz e toca a campainha.
Logo em seguida uma enfermeira entra no quarto trazendo uma cadeira de rodas, pego a Cath e a coloco sentada na cadeira, coloco uma máscara descartável em seu rosto, outra no meu e saímos do quarto para ir fazer o exame.
A ressonância magnética durou quase meia hora e quando acabou ela estava extremamente nervosa. Voltamos para o quarto, tomamos outro banho, nos vestimos com roupas limpas, passei álcool em nossas mãos e ficamos esperando o médico vir nos falar sobre o resultado do exame.
Uma enfermeira entrou no quarto trazendo nosso café da manhã, mas a Cath apenas tomou o leite dispensando o restante dos alimentos. Após acabarmos de nos alimentar, a mesma enfermeira veio buscar a bandeja.
Pouco tempo depois o médico finalmente volta ao quarto trazendo o bendito resultado do exame que ela fez.
— Tenho boas e mas notícias, a boa notícia é que o sangramento é devido a uma pequena lesão que você sofreu em um dos seus rins e não percebemos antes, mas é algo superficial e pode ser tratado com repouso e antibióticos. E a má notícia é que infelizmente terei que te manter aqui por mais tempo até termos certeza que a lesão foi curada e você não corre risco de desenvolver uma infecção urinária. — O médico fala e respiro aliviado.
— O hospital é o lugar mais propenso a se desenvolver bactérias, não é arriscado ficarmos mais tempo aqui? — Lhe pergunto.
— Infelizmente sim, mas é nescessário mante-la aqui em observação por pelo menos uma semana. — Ele me responde.
— Ela pode se sentar na sacada para tomar um pouco de sol? — Lhe pergunto.
— Sim, é bom que também ande um pouco pelo quarto e beba bastante água, isso irá ajudar e muito na recuperação. — Ele me responde e sai em seguida.
Alguns minutos após o médico ter saído, uma enfermeira vem até o quarto, limpa as incisões e refaz os curativos.
Após ela sair ajudo a Cath se levantar, seguro a sua mão e andamos pelo quarto, depois abri a porta que leva até a sacada, a ajudo a se sentar em uma poltrona e me sento ao seu lado.
— Como irei estudar de agora em diante? Será que terei que trancar a minha matrícula por enquanto? — Ela me pergunta.
— Não bebê, assim que sairmos daqui levarei o seu atestado médico até a universidade. Irei pedir a direção que você estude a distância, caso eles se recusarem a cooperar eu entrarei com um processo por negligência. Pois você foi atacada em frente a faculdade, e os incompetentes dos seguranças de lá estavam assistindo TV ao invés de proteger os alunos. — Lhe respondo.
— Não quero desistir de me formar, eu lutei muito para conseguir uma bolsa de estudos. — Ela diz muito triste.
— E você irá, eu prometo. — Lhe respondo.
Ficamos por cerca de meia hora na sacada, mas logo voltamos para o quarto pois ela não podia ficar muito tempo sentada, ajudei a Cath a se deitar na cama, me sentei ao lado dela e fiz uma chamada de vídeo para nossos familiares para que pudessem vê-la, primeiro conversamos com a avó e prima dela e depois com a minha avó.
Encerramos a chamada para que ela pudesse almoçar, e após o almoço ela dormiu. Aproveitei esse tempo para ler meus e-mails, e assistir um pouco de TV.
A Cath dormiu por cerca de uma duas horas, mas logo acordou chorando de outro pesadelo.
— Eu quero ir para casa, não gosto de hospitais. — Ela diz e vejo uma tristeza tão grande em seus olhos.
— Logo logo nós iremos, não chora vai ficar tudo bem. — Lhe respondo.
— Você acredita que eu irei viver muito tempo como o médico falou? — Ela me pergunta.
— É claro que vai, vamos fazer tudo certinho para você se recuperar. — Lhe respondo.
— Eu estou com medo. — Ela diz e chora.
— Eu sei, eu também estou. Mas temos um ao outro e não iremos desistir. — Lhe respondo e a beijo.
— Se eu não consegui eu irei em paz, estou feliz por ter te conhecido. — Ela diz e abraço.
Minha vontade nesse momento é de matar aquele maldito, meu arrependimento é de não ter feito isso quando eu tive a chance.
Como ele pode fazer uma maldade tão grande com ela, é só uma menina que não merecia nada disso que está sofrendo.
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Impiedoso
RomanceEcatherine Petrova Vasiliev é uma jovem de dezenove anos, linda, de coração puro, inteligente e com um futuro brilhante pela frente. Mas vê toda a sua vida mudar ao pegar o noivo Sean Papaliov com a sua irmã Natalya na cama um dia antes do seu cas...