26 - Child of the moon

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Suas pernas estavam queimando, e pareciam prestes a falhar a qualquer momento. Ela se esgueirou pelas sombras para fora do castelo sem ser vista, rezando para estar errada, para ter tirado conclusões precipitadas e fantasiosas e encontrar todos rindo de sua imaginação quando retornasse ao salão comunal. Mas algo em seu coração dizia que isso não iria acontecer.

Selena avistou ao longe três pequenos vultos, que se esgueiravam para perto das raízes do salgueiro lutador. Ela gritou, esperando que eles a ouvissem e que Filch não estivesse por perto para ouvi-la, mas sua voz pareceu se perder na escuridão. Então Selena correu o mais rápido que podia, seus pulmões ardiam e doíam toda vez que ela inspirava e seus músculos pareciam prestes a deixá-la na mão. Mas por favor, não agora, ela estava tão perto.

Alguma coisa feita pelos garotos deixou o salgueiro lutador, famoso pela violência de seus galhos, imóvel, como uma árvore comum. Eles já não estavam mais ali, e o salgueiro parecia estar despertando de seu transe, se descongelando aos poucos.

- Lumos! - E um feixe de luz se fez na ponta da varinha de Selena.

Ela varreu o ambiente com o olhar rapidamente, procurando o lugar por onde os garotos tinham desaparecido de sua vista, e encontrou. Era um buraco, como a toca de um coelho gigante, perto de uma das raízes mais grossas e proeminentes.

Sem pensar duas vezes, Selena escorregou buraco adentro. E bem a tempo, pois no segundo seguinte, com uma força descomunal, o salgueiro, já recomposto, golpeou o lugar onde ela estava.

- Olá! - Ela gritou para a escuridão, mas nenhuma resposta veio.

Ela estava no que imaginava ser um túnel de terra, aberto magicamente com toda certeza. Era muito apertado, mas era preciso também. Selena respirou fundo, ainda com o coração disparado e seguiu pelo caminho à sua frente, podendo iluminar pouco mais que os seus próprios pés, pois o breu que tomava conta do espaço parecia engolir a luz emanada por sua varinha.

Encurvada, desviando de raízes aqui e ali - e tropeçando em tantas outras - ela foi o mais rápido que pôde pelo túnel, ouvindo ruídos, que a aquela distância era impossível distinguir se eram vozes ou apenas o barulho da terra se movendo acima da sua cabeça. Mas a caminhada não foi tão longa quanto ela imaginava, e algum tempo depois Selena se deparou com um alçapão semi aberto, de onde não vinha quase nenhuma luz, mas que ela pode perceber pela corrente de vento.

Com um certo esforço, Selena passou pela pequena entrada e chegou ao que provavelmente teria sido uma aconchegante sala de estar em algum momento da história, mas que agora estava muito mais próxima de um cenário de história de terror. Não era só o aspecto abandonado e empoeirado, nem os objetos e mobílias quebradas, ou o papel de parede sinistramente rasgado, tinha alguma coisa na aura daquele lugar daria arrepio na espinha do auror mais corajoso.

Selena espantou o medo que embrulhava seu estômago e fazia suas pernas tremerem como gelatinas, e se ateve a sua missão de encontrar aqueles pestinhas e tirá-los dali o quanto antes. Ela deixou a sala, seguindo um fraco feixe de luz, que se movia devagar fora do cômodo. Do corredor onde ela estava era impossível ver qualquer coisa além de sombras, mas era possível ouvir uma sequência de rangidos um pouco diferentes dos que as portas e janelas da casa já faziam.

No final do corredor havia um hall, com uma escada torta de madeira que levava para o andar superior. Ela subiu a escada cautelosamente, pulando algumas tábuas que julgava estarem soltas e apodrecidas demais para suportarem seu peso, mas com a agilidade que a situação exigia.

O sentimento de pânico crescia em seu peito toda vez que ela iluminava mais uma parte das paredes, alguns lugares estavam tão profundamente arranhados que era possível ver com clareza do que o interior daquelas paredes era feito. Selena quase vacilou e precisou segurar no corrimão com mais força, quando sua mente a fez pensar no que garras assim poderiam fazer com carne humana.

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