A Luta Pelo Amor

Capítulo Bônus Parte III

Por Rafael

Estava conferindo os documentos para a viagem, quando ouço uma batida na porta e meu pai pede permissão para entrar.

Com um pouco de dificuldade de locomoção, decorrente de sua idade, ele senta na cama e respira fundo.

--Está tudo pronto para amanhã?

--Sim. Organizei tudo. Amanhã antes do almoço eu embarco. --respondo ficando de frente pra ele.

--Você tem certeza de que quer fazer isso? Não interprete como uma crítica, Rafael, porque eu sou a pesssoa menos indicada para te questionar.

--Eu sei pai. Mas eu preciso resolver esse problema. Não é o que eu gostaria de fazer, porém eu não posso fingir que nada aconteceu.

--Eu acredito que será uma experiência ótima para a Alice. Ela vai adquirir grandes conhecimentos e maturidade.

--Eu acho que sim. --falo ainda incerto.

--Mas você e a mãe dela não estão felizes com isso.

--Não. Nem um pouco. Mas quando eu voltar eu resolvo as coisas com a Gabi. Ela está chateada comigo, porém com o passar dos dias ela vai compreender as minhas razões.

--Tomara, Rafael. Eu só quero te alertar sobre a minha experiência. Eu errei na sua criação e também com a Clara. E você sabe, meu filho. Nós ficamos distantes por muitos anos e eu perdi momentos importantes da sua vida. Cuidado para não acontecer a mesma coisa com você.

Solto a respiração e coço a cabeça.

--Eu sei pai. Eu não estou feliz tomando essa atitude com a Alice. E nunca imaginei a hipótese de sair de casa ou me separar da Gabi. Mas eu preciso resolver essa questão para o bem da Alice. Eu vejo todos os dias tragédias acontecendo com várias mulheres e meninas. E muitas iniciaram um relacionamento na idade da minha filha. Eu fico me questionando, onde estavam os pais e responsáveis por essas crianças?

--Eu imagino.

--Se o senhor passar um dia comigo na delegacia, irá entender o meu medo. Eu só quero proteger a Alice. Está doendo em mim também, afastá-la de casa.

--Eu sei, Rafael. Eu disse isso para sua mulher.

--Para a Gabi? --pergunto estranhando a fala dele.

--Sim. Ela me procurou. Queria que eu te convencesse a desistir de levar a Alice para Londres.

Reflito na informação do meu pai.

A Gabi me deixou perplexo com essa atitude.

Porque, com o passar dos anos nós começamos a conviver com meus pais. Mas ela não era íntima deles. Ao contrário, ela apenas é gentil em me acompanhar nas visitas periódicas aqui na casa deles.

Assim, suponho que foi um ato de desespero da minha mulher.

--Quando eu voltar, nós conversaremos. --digo convicto.

Pois eu tenho certeza que a Gabi não quer se separar de mim. Ela falou isso da boca pra fora.

Todos esses anos juntos.

Essa é a primeira vez que vou dormir sozinho sem a Gabi por perto.

Mas acredito que é temporário e logo logo vamos voltar a dividir a mesma cama.

Chego cedo ao apartamento para buscar a Alice.

Opto por não entrar em casa.

Na porta aguardo a Alice para sairmos.