A Luta Pelo Amor

Capítulo Três

Por Rafael

Na segunda-feira quando chego à faculdade a professora que está me orientando na Monografia diz que precisa conversar comigo. Fico um pouco tenso na hora, pensando o que será que aconteceu.

Várias possibilidades passam pela minha cabeça.

Será que ela encontrou um tema igual ao meu e acha que estou plagiando? Ou será que ela não gostou do tema? Talvez ela tenha achado vários erros.

Fico pensando nisso até a hora do intervalo.

Quando o professor sai da sala, nos liberando para o intervalo, vou à procura da minha orientadora.

--Oi professora. A senhora queria conversar comigo?

--Sim Rafael. Recebi seu trabalho de conclusão de curso ontem. Dei uma lida, por alto. Você terá que fazer uma revisão do seu texto e também fazer algumas alterações que já marquei aqui. -- ela diz me entregando as folhas que imprimiu.

--Sim. Tudo bem. --digo desanimado.

--Se você não arrumar essa monografia, Rafael. Dificilmente vou aprová-la para apresentação.

Assusto-me com sua fala.

Ela não pode fazer isso.

A faculdade exige a apresentação do TCC, para conclusão do curso.

E quem não apresenta no último ano, não consegue colar grau.

Eu não poderia correr esse risco.

--Eu vou refazer professora, não se preocupe. Dá próxima vez ela estará perfeita.

Saio da sala dos professores meio aéreo. Isso não pode acontecer comigo. Eu não posso fracassar nesse trabalho.

Com isso martelando na mente entro na minha sala e desabo na carteira, desanimado.
Meu colega de sala, Igor toca o meu braço e eu não entendo a expressão no rosto dele.

--O que foi? – pergunto.

--Estou falando com você cara, não ouviu?

--Desculpa Igor. O que você disse?

--Nada. -- ele ri. --O que está pegando? Seu TCC deu ruim? --fala olhando as folhas na minha mesa.

--É. Acho que sim. -- respondo sem dar muita explicação.

--Aí é tenso.

--Muito tenso. Do curso todo esse é o pior trabalho que já fizemos.

--Isso eu concordo com você, Rafael. A verdade é que a turma toda está penando com a Monografia. E para nossos orientadores nunca está bom.

--A minha terei que fazer uma revisão e alterar algumas coisas.

--Nossa! Porque você não paga para revisarem seu texto? A Dani vai fazer assim. Conversa com ela, talvez te ajude.

Penso no que Igor acabou de me dizer e uma luz se acende na minha cabeça. É isso, vou precisar de alguém para revisar meu TCC. Eu faço as alterações que minha orientadora pediu e depois eu pago para revisar todo o texto.

--Obrigado Igor. Você me salvou cara. Vou conversar com a Dani.

No final da aula corro para conversar com a Dani, antes que ela vá embora. A verdade é que nunca fui muito com a cara da Daniela, pois no primeiro ano de faculdade fizemos um trabalho juntos e ela é bem autoritária e fala o que pensa sem se importar com o que vão achar dela. De cara não gostei muito dela e, por isso, nos distanciamos.
Porém, agora eu preciso dela e não tenho orgulho em pedir ajuda.

--Daniela. --chamo. --Eu preciso conversar com você. É rápido.

--O que é? -- pergunta seca.

Ela é sempre assim. Direta.

--Minha monografia precisa de revisão. O Igor me disse que você vai pagar para revisarem a sua. Então eu queria que você me passasse o contato da pessoa.

--Eu não vou pagar. Eu pedi minha amiga Gabi para revisar meu TCC.

--Talvez ela possa revisar o meu também. Eu pago se for preciso.

--A Gabi faz revisões de textos. Vou te passar o número dela. Se ela tiver tempo para fazer o seu, quem sabe ela aceita. --diz Daniela de má vontade.

--Eu agradeço, Daniela.

Ela pede meu número de celular e me envia o contato.

Olho para o número e começo a torcer, em pensamento, para que a tal da Gabi aceite revisar minha monografia. Porque se caso ela não aceitar estarei ferrado.

Não espero nem sair da faculdade.

Dentro do carro no estacionamento, mando uma mensagem para a Gabi.

"Olá. Boa Noite! Meu nome é Rafael, sou amigo da Daniela, estudamos na mesma turma e ela me disse que você está fazendo a revisão da Monografia dela. Eu preciso de ajuda, também, você pode me ajudar?"

Depois que envio a mensagem não passa nem trinta segundos e ela me responde.

"Oi, Boa Noite, tudo bem? Claro que posso, Rafael. Mas antes eu preciso saber qual o prazo que tenho para te entregar."

Eu custo a acreditar no que estou lendo. Ela vai aceitar, ela vai aceitar.

Fico rindo para o celular como um bobo e decido fazer uma ligação para certificar que ela realmente vai aceitar.

O telefone toca duas vezes até que ouço a voz do outro lado da linha.

--Oi.

--Oi. É. Sou eu o Rafael.

--Oi. Sim Rafael, tudo bem?

A voz dela é baixa e calma.

--Tudo bem sim. --respiro me acomodando melhor no banco do carro, um pouco mais aliviado. -- Agora estou melhor, sabendo que você vai revisar minha monografia.

Ela ri do outro lado da linha e me pego rindo também.

--Mas antes eu preciso saber, Rafael. Para quando você precisa?

Começo a conversar de forma leve com a Gabi, e estabelecemos um prazo para ela me entregar o trabalho todo revisado. Combino com ela, também, de o mais rápido possível lhe enviar a monografia por email.

A princípio eu gostei dela. Diferentemente da sua amiga Daniela ela tem a voz bem calma e super agradável. Me fez até rir com algumas histórias de pessoas que a deixavam louca cobrando revisões de textos, do dia para noite. Despeço-me dela quando percebo que o estacionamento já estava quase vazio e eu sou uns dos poucos carros ali. Vou pra casa mais aliviado e ânimo renovado.