Capítulo Quarenta e Quatro

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Por Gabriela

Voltar pra minha cidade e ficar perto dos meus pais, foi um alívio e uma alegria que não consigo mensurar.

Não digo que onde estávamos morando era ruim ou que fui infeliz nesse período. Nada disso.
Porém estar em casa, perto de pessoas que amo é muito bom.

Inicialmente alugamos um apartamento. Rafael quer comprar uma casa, mas eu prefiro morar em apartamento, por ter maior segurança.

A Alice quando está muito agitada eu vou pra casa dos meus pais com ela e lá eu descanso muito.

Meu pai adora brincar com a neta, ele volta a ser criança também e, até meus irmãos quando tem um tempinho ficam brincando com ela. É ótimo estar tão próximo da minha família.

Logo logo minha filha vai completar dois anos e eu preciso renovar o guarda-roupa dela. Diferentemente de quando nasceu, hoje a Alice está bem maior e fofinha. Ela se alimenta muito bem e mamou no peito até um ano. É uma menina forte e muito travessa.

Combino com Rafael de irmos ao shopping pois quero comprar várias coisinhas.

Deixo ele com a Alice enquanto escolho pijamas e roupas pra ela.

Mas não demora muito eles vêm ao meu encontro.

Alice está agitada no colo do pai e quando me vê pula para os meus braços.

Estranho um pouco porque ela adora ficar grudada no Rafael e percebo que ele está sério demais.

Termino de fazer as compras com Alice no colo e também a nova boneca que ela não solta.
Passo em mais duas lojas e opto por ir embora. Não consigo escolher muita coisa com minha filha nos meus braços e com Rafael tão sisudo nos acompanhando.

Chegamos em casa e Rafael vai direto para nosso quarto e eu vou dar banho na Alice. Coloco um pijama nela e vou preparar seu jantar.

Quando coloco ela na cadeirinha de alimentação, Rafael chega com o semblante ainda carregado.

--Deixa. Eu dou o jantar pra ela. --diz pegando o pratinho em minhas mãos.

Eu não digo nada e vou tomar um banho também.

Quando volto pra sala, Rafael está sentado no sofá com olhar fixo na TV desligada e a Alice dormindo eu seus braços.

Me aproximo deles e pego nossa filha para colocá-la no berço.

Apago a luz e pego o monitor da babá eletrônica, saindo do quarto da Alice, em seguida.
Antes de ir pra cozinha preparar algo para mim e Rafael, decido tentar descobrir o que aconteceu.
Ele ainda está sentado na mesma posição e aéreo do mesmo jeito.

Sento ao seu lado e faço um carinho em seus cabelos.

Fico ali por um tempo esperando ele dizer algo, mas nenhuma palavra é pronunciada.

--O que está passando por essa cabecinha? --pergunto tocando seus cabelos.

Ele não diz nada e aquilo começa a me doer. O que será que aconteceu com ele para ficar assim?

--Meu amor, conversa comigo. O que está acontecendo? --insisto.

Rafael sai do transe e me abraça forte. Sua cabeça esta em meu peito e, consequentemente, passo as mãos em sua cabeça e nas costas.

--Eu vi os meus pais, Gabi. --fala com a voz embargada.

Fico sem saber o que dizer.

Então era isso que o deixou aflito.

--E eles te viram? --pergunto.

--Eles estavam com a Alice.

Nesse instante eu congelo. Eles com a minha filha?

--Co..como assim? Com a Alice?

--Eu não tive culpa, Gabi. Ela saiu correndo, foi tudo muito rápido. Eu fui atrás dela e quando eu a alcancei ela já estava com eles.

--E o que eles te disseram?

--Perguntaram se era minha filha. Eu não consegui responder ou reagir, Gabi. A Alice ficou inquieta nos meus braços e eu saí de perto deles.

--Entendi.

Ficamos ali um pouco. Sem dizer nenhuma palavra. Várias coisas passam pela minha cabeça, eu não sei direito o que pensar.

--Você tem que estar preparado a partir de agora, meu amor. Não sabemos o que irá acontecer. --digo.

--Porque você está dizendo isso, Gabi ?

--Não sei o que vai acontecer daqui em diante. Eles podem querer se aproximar de você ou nos ignorar. Você está preparado, meu amor?

--Não. Não estou. Não sei o que pensar.

Rafael fala e se aconchega mais em mim. Faço um carinho nele, beijando seus cabelos e ouço ele chorando baixinho.

Meu coração aperta ao vê-lo assim.

Mais uma vez, ele está sofrendo por causa dos pais.

Mais uma vez eu não sei o que fazer para aliviar a dor que ele sente.

E como eu havia previsto, dois dias depois desse acontecimento a Clara apareceu em nossa casa.

Como era domingo à tarde, Rafael estava de folga do trabalho.

Após cumprimentá-la eu deixo eles na sala para conversarem melhor e levo Alice para o quarto.
Fico brincando com minha filha, mas meu coração está apertado no peito, sem saber o que está acontecendo na sala.

Uma coisa eu tenho certeza, a visita da Clara não é à toa, isso tem influência dos pais de Rafael.


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