Capítulo Dez

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Por Rafael

Achei estranho como a Gabi me tratou. Será que fiz alguma coisa e não percebi?

Ela foi muito dura ao responder meu email. A mensagem que mandei no seu celular, ela visualizou e não respondeu.

Talvez ela deve estar cheia de revisões para fazer, deve ser isso.

Quando recebi a monografia revisada, ela também foi bem sucinta.

Agradeceu, como se estivesse despedindo de mim. Ela agia muito diferente da Gabi que conheci.
Como no e-mail tinha a conta bancária dela, fiz a transferência do valor cobrado.
Deixei quieto.

Por enquanto vou deixá-la trabalhar em paz.

O prazo para entregar a monografia estava chegando ao fim. Então imprimi e entreguei minha orientadora na esperança de que tudo daria certo.

A ajuda da Gabi foi essencial para eu terminar esse trabalho.

Por mais que eu a agradeça, ainda será pouco.

Dois dias depois minha orientadora me chama para conversar.

--Rafael. Li a sua monografia. Parabéns ela ficou ótima. Você me surpreendeu. Pode apresentá-la. Vou te enviar depois o cronograma de apresentação. Mas acredito que você se sairá bem, considerando a perfeição que ficou seu trabalho.

--Obrigado professora.

Agradeci aliviado. Eu não estava acreditando que finalmente meu TCC estava bom o suficiente para apresentar.

Fique tão feliz.

E a primeira pessoa que eu quis contar foi para Gabi.

Enviei uma mensagem pra ela, queria vê-la e agradecer pessoalmente. Porém, a Gabi mais uma vez foi seca comigo.

Somente me desejou boa sorte.

Eu estranhei muito o comportamento dela. Será que ela é assim e eu que vi uma bondade e uma leveza que não existia?

Será que eu fui tão inocente de achar que ela era uma coisa que não é.

Fui para casa pensando sobre isso.

No dia seguinte, no trabalho, fiquei refletindo sobre todos os momentos que conversei com a Gabi.

Cheguei a conclusão de que eu não estava errado. Alguma coisa aconteceu para ela agir assim comigo.

Por isso na sexta-feira saí do trabalho e passei em uma doceria.

Resolvi comprar alguma coisa para agradecê-la pela ajuda.

Achei uma cestinha com alguns chocolates.

A atendente disse que eu poderia colocar mais algumas coisas que me interessa-se. Vi um ursinho segurando um pote e gostei. Porque depois, quando ela comer o chocolate, ficará com o ursinho de lembrança. Tinha, também, umas plaquinhas de chocolate com frases. Algumas eu não poderia dar. Não ainda.

Então achei melhor levar uma com dizeres, "Para uma pessoa Especial".

Isso.

A Gabi é especial.

Saí correndo da loja e fui para a casa da Gabi. Hoje eu não iria para a faculdade.

Eu iria matar aula, porque não estava mais aguentando ficar nesse clima estranho com ela.

Ao chegar à casa da Gabi, foi sua mãe que me atendeu.

--Boa Tarde.

--Oi meu filho. Boa tarde. Entre por favor.

--Eu queria falar com a Gabi. É rápido.

--Sei. --ela ri, olhando a cesta em minhas mãos. --Eu vou chamá-la. Fique a vontade querido.

A senhora muito simpática saiu me deixando na varanda.

Eu sentei na poltrona de bambu e esperei. Confesso que estava um pouco nervoso. A expectativa de conversar com a Gabi estava me deixando com calor.

Depois de alguns segundos a Gabi aparece. Ela me olha por um tempo sem dizer nada. Acredito que ela não esperava me ver na sua casa.

Arrisco entregar o presente e fico aliviado quando ela aceita. Mas sou surpreendido quando ela me abraça.

Isso eu não esperava. Quando ela agradeceu em meu ouvido, eu segurei mais firme sua cintura colando nossos corpos. Eu queria ficar assim com ela por um bom tempo. Mas fomos interrompidos pelos gêmeos e, no mesmo instante, Gabi se afastou do meu abraço.


Os meninos me ofereceram pizza e não tive como recusar. Eles quando querem, são bem persuasivos.

Então fiquei com eles e comemos juntos.

Os pais da Gabi são muito simpáticos. Eles me perguntaram sobre meu trabalho e conversamos amenidades.

Descobri que o pai da Gabi é aposentado e continua trabalhando. Mais uma vez tive a certeza que a família dela é muito simples, mas muito acolhedora.

Achei engraçado os gêmeos ficarem com as louças para lavar.

--Aqui é assim rapaz. Os homens também trabalham. E esses moleques estão muito fortes, mais forte do que eu. -- o pai da Gabi fala rindo.

Ele é um senhor muito simpático. Também notei a diferença entre o casal. Enquanto a Gabi e os irmãos são negros como o pai. A mãe da Gabi é branca. E eles formam um belo casal. Percebi também que eles se tratam com muito carinho. Ela sempre servindo o marido, com um sorriso nos lábios, e ele ainda possui aquele olhar de admiração quando olha para a esposa.

Depois de experimentar o chocolate que eu dei para a Gabi, porque ela dividiu com toda a família, resolvi que estava na hora de partir.

--Obrigada meu filho. Os chocolates são maravilhosos. --disse a mãe da Gabi.

Despeço-me dos pais da Gabi e dos gêmeos que estavam mais brincando na cozinha do que lavando louças.

--Seus irmãos são uma piada, Gabi. Se fossem meus irmãos eu iria ficar rindo o dia inteiro.

--Eles são mesmo. --ela me acompanha até o portão. --Não sei de onde tiram tanta energia.

--Obrigado pelo jantar.

--Obrigada pelos doces. Eu amei.

Fico olhando para ela. Sua boca está convidativa pra beijá-la. Mas parece que Gabi percebe o clima e dá um passo pra trás.

Então resolvo mudar a trajetória.

--Você vai na minha apresentação né? Quando marcar a data eu te falo. Você que me ajudou, então se eu esquecer de dizer alguma coisa você fala no meu lugar.

Ela solta uma gargalhada e eu acompanho.

--Pode deixar, Rafael. Eu sei tudo o que está escrito lá e sopro para você, caso se esqueça de falar alguma coisa.

--Então está marcado. Não aceito desculpas para sua ausência no dia da apresentação. Eu venho te buscar.

--Não. Claro que não. Você precisa chegar mais cedo e se concentrar. Eu vou sim. Eu Prometo.

--Ótimo. Obrigado por tudo, Gabi.

Puxo Gabi para os meus braços e beijo sua face. Vou embora mais aliviado, por saber que estamos bem. Aquele clima estranho hoje não teve.

E sigo sorrindo pra casa.

A Luta Pelo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora