Capítulo Cinquenta e Um

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Por Gabriela

Meu marido ficaria no hospital mais uma semana.

Então, na segunda-feira eu levantei cedo arrumei as meninas. Deixei a Alice na escolinha e a Rafaela eu deixei na casa da minha mãe.

Fui para o hospital, mesmo contrariando a vontade de todos e fiquei com Rafael durante a manhã.

À tarde era a mãe dele que ficava no hospital, e meu pai e meu sogro revezavam as noites.

No domingo de manhã Rafael recebeu alta e fizemos festa para recebê-lo.

Eu estava aliviada por ter meu marido em casa.

Rafael teria que ficar de repouso absoluto e ainda fazer sessões com fonoaudiólogo, para restabelecer a fala, e com fisioterapeutas a fim de acompanhar sua respiração, tendo em vista que o pulmão também foi atingido.

Quando ele chegou em casa foi muita festa e choro de saudades dele com as meninas.

Os pais de Rafael o trouxeram e eu não sabia como agir com eles. Eu estava grata por eles terem nos acompanhado durante todo esse tempo, mas em relação as meninas eu ainda não queria aproximação. Então, depois que elas abraçaram o pai eu levei as duas para o quarto.

À noite foi tensa.

As meninas ficaram duas semanas dormindo comigo e depois que viram o papai em casa, elas não aceitaram dormir longe dele.

Peguei um colchão no quarto de hóspedes e coloquei ao lado da minha cama. Quando elas adormeceram retirei elas da cama e coloquei no colchão. Eu não poderia arriscar que elas subissem em Rafael durante a noite.

O mais difícil foi segurar um homem adulto, dentro de casa, em repouso absoluto.

Às vezes eu pegava Rafael com a nossa filha no colo.

--Amor. Você não pode pegar peso. Por favor. --repreendo-o.

A Rafaela estava abraçando e beijando o rosto do pai e mordia as orelhas dele. E os dois riam juntos.

À tarde o pai dele chegava para levá-lo na fisioterapia ou na fonoaudióloga. Foram longos quinze dias assim.

Depois de um mês do episódio com Rafael eu estava finalmente aliviada.

Ele estava bem de saúde, ficou a cicatriz abaixo do peito, mas o restante ele estava bem. Respirava normal, sem nenhuma dificuldade e pronunciava as palavras normalmente. Ele teria que fazer um acompanhamento periódico com pneumologista, duas vezes ao ano. Mas o restante estava tudo bem.

Com isso resolvido, voltei às consultas do pré natal.

Minha mãe foi comigo e depois que a médica chamou minha atenção me arrependi de ter a convidado. A médica pediu urgência em muitos exames. Porém eu tinha fé que estava tudo bem com os meninos. Eu havia conversado com eles, eu pedi para ficarem no forninho bem bonzinhos, enquanto a mamãe cuidava do papai. Eu tenho certeza que eles entenderam. Mas minha mãe não compreendeu isso. Ficou brava comigo e junto com a médica me colocaram sob vigilância.

--Você não tem juízo filha. Cancelar as consultas e fazer de conta que não estava grávida. --brigou comigo durante o caminho.

--Mamãe, eu não fiz isso. Eu só fiquei sem cabeça para comparecer as consultas. Mas eu sabia que os meninos estavam bem.

--Você não sabe. --diz brava. --Somente depois dos exames que aí sim, saberemos. E não ache que eu vou ocultar isso do seu marido.

--Mamãe, por favor. Não diga nada para o Rafael, ele ainda está de repouso. Ele pode passar mal se souber.

--Agora você está mentindo pra mim Gabriela? Daqui uns dias seu marido vai voltar a trabalhar. Ele está ótimo, graças à Deus.

--Por mim, ele não voltava.

Chegamos em casa e ela soltou a língua. Os dois falaram na minha cabeça. E o puxão de orelha foi de toda a família. Todos se uniram contra mim.

--Agora estou de olho em você, Gabi.

Rafael começou a falar quando estávamos deitados na nossa cama.

--Não sei por quê. Meus filhos estão ótimos aqui na minha barriga.

--Onde você estava com a cabeça? Faltar às consultas.

--Eu estava cuidando do meu marido, lindo. Eu fiquei com tanto medo de te perder, Rafael. Eu não pensei em mais nada. Eu não queria colocar em riscos nossos filhos. Nunca faria isso. Mas, naquele momento, eu precisava ficar com você. --falo abraçando ele.

--Eu sei meu amor. Obrigado por ficar ao meu lado e se preocupar comigo. Mas você ficou teimosa que eu sei. --diz rindo.

--Quem te contou isso?

--Minha mãe, a Clara, seu pai.

--E seus pais? Como vocês estão? --pergunto.

Esse assunto estava martelando na minha cabeça.

--Ainda não sei, meu amor. Eles estão se aproximando aos poucos.

--Que bom. Mas eu queria te pedir uma coisa.

--Claro, meu amor. Pode pedir, o que é?

--Por enquanto, vamos deixar as meninas fora disso. Eu sei que são seus pais. Mas apresentá-los para as meninas como o avô e avó, eu ainda estou insegura. --falo baixinho.

--Eu sei, Gabi. Vai ser quando você quiser e achar que é o momento. Eu já percebi que quando eles chegam, você tira as meninas de perto.

--Eu aguento ser rejeitada por eles ou por qualquer outra pessoa. Mas com minhas filhas eu não aceito. Eu não admito que eles desfaçam dos meus filhos.

--E eu sei disso. Essa mamãe é uma leoa. --ele brinca.

--Posso ser leoa também em outros sentidos.

--Estou ansioso para ver. Mais de um mês sem fazer amor com você. Espera que vou levar as meninas para o berço. --ele sussurra.

Rafael pula da cama e carrega uma por uma para o berço, no quarto delas.

Eu não sabia como faríamos quando os gêmeos nascessem. Porque as meninas começam a dormir no nosso quarto, no colchão que agora está fixo aqui e depois Rafael as leva para o berço.

--Amor. Estou pensando em comprar um berço portátil. --falo quando ele volta para o quarto, fechando a porta.

--Para as meninas?

--Não. Para os gêmeos. Porque as meninas deitam no colchão e os gêmeos eu colocaria no berço desmontável e depois levaríamos para o quarto deles.

--Ou não, né. Do jeito que você fica com as crianças, é capaz desse colchão ficar aqui até eles completarem dezoito anos. --ele ri com vontade.

Eu não ligo.

Eu quero é meus filhos junto de mim e por muito tempo.

A Luta Pelo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora