Prólogo - Parte II

688 58 4
                                    

Por Rafael

Conciliar trabalho, faculdade e ex namorada me perturbando está "foda".

No último ano da faculdade tenho muitas coisas para fazer, entre elas a Monografia que está tirando meu sono.

O meu trabalho no exército também não está nada fácil. São sete anos de dedicação e estou contando os dias para "chutar o balde".

Mesmo hoje estando mais conformado do que antes.

Quando meu pai me obrigou a servir o exército, aos dezoito anos, foi uma briga que obviamente eu perdi.

Meu pai é linha dura.

Ele também serviu o exército por toda a vida e acha que eu devo seguir o mesmo caminho. Mas ele está muito enganado porque assim que eu me formar em Direito vou dedicar meu tempo para passar no Concurso de Delegado da Polícia Civil, não vou mais aceitar ele ditando as regras na minha vida.

Meu pai determinou o meu trabalho no exército, a minha faculdade e até as minhas namoradas que a maioria das vezes eram filhas dos amigos dele. Tudo meticulosamente calculado.

Como se não bastasse fazer isso com o primogênito ele começou a fazer o mesmo com minha irmã.

A Clarinha está desnorteada porque não quer fazer faculdade de medicina e nosso pai não aceita ser contrariado. A verdade é que a Clara tem pavor de sangue e eu estou com muita dó dela.

Tentei falar com meu pai sobre a faculdade dela, mas não adiantou muito, pois ele não aceita que suas ordens sejam descumpridas. Nossa mãe comunga da mesma opinião do marido, às vezes tenho a impressão que minha mãe não sabe que é um ser independente do meu pai. Em tudo ela é submissa à ele.

Depois de passar o final de semana todo fazendo a Monografia, no domingo à noite tento me distrair com meu hobby favorito, vídeo game. Pode ser bobo para algumas pessoas, mas eu amo. Comprei um de última geração e ele me ajuda a desestressar. E é o que eu preciso agora.

Todavia, meu telefone toca e vejo que é a Fernanda.

Eu fui burro ao aceitar ficar com a Fernanda em uma festa do amigo do meu pai. Na verdade, a garota já sabia tudo sobre mim e eu aposto que tem o dedo do meu pai nisso.

Por fim, acabamos namorando por seis meses e ela agora não aceita o término.

Ela é bonita, sabe agradar um homem na cama. Mas é só isso. Na verdade eu não consigo ter quinze minutos de conversa normal com a Fernanda, pois ela é fútil demais. A alegria da garota é postar fotos nas redes sociais e ser engajada entre suas amiguinhas virtuais. E esse foi o estopim para terminarmos. Eu não suportava tirar tantas fotos e fingir um relacionamento amoroso que não existia.

Para ela eu sou um grosso e chato por não ajudá-la a se promover. Mas eu não tenho paciência para isso.

Assim, terminamos o namoro, mas ela ainda não entendeu isso.

--Alô. --digo mal humorado por ter interrompido meu jogo.

--Oi Rafa. Queria te ver hoje. --diz ela com a voz fina.

--Nós não somos mais namorados, Fernanda. Aceita isso, por favor.

--Eu não disse que somos Rafa, podemos ser amigos.

--Não Fernanda. Não temos nada para conversar, entenda de uma vez que acabou.

--Rafael... --ela fala e começa a chorar. --Eu queria só te ver para te entregar algumas coisas sua que estão comigo.

Na verdade eu não me lembro de deixar nada meu com a Fernanda.

--Agora eu não posso. Estou ocupado terminando minha Monografia. --conto uma mentira.

--Eu vou na sua casa. Daqui a pouco chego aí.

A safada desliga o telefone na hora em que eu vou discordar. Agora ela virá e não sairá mais. Ela é um carrapato no meu pé.

Não demora muito para Fernanda entrar no meu quarto pulando no meu colo.

--Por favor Fernanda. Levanta. --tento em vão tirá-la do meu colo.

--Você mentiu pra mim, Rafa. Você está é jogando vídeo game. --diz e começa a passar as mãos no meu peito.

--Para com isso Fernanda. Alguém pode entrar.

--Então vamos para outro lugar. Só hoje. --ela fala e começa a beijar meu pescoço.

Sem paciência nenhuma, pego Fernanda pelos braços e me levanto, guiando-a até minha cama. Forçando ela a sentar longe de mim.

--O que você iria trazer pra mim? Onde está? --pergunto ríspido.

--Ahh eu esqueci. Saí tão correndo que me esqueci de pegar. --desconversa.

Tenho certeza que ela está mentindo e não tem nada para me entregar. Porque quando ela fala isso, não olha nos meus olhos.

--Me diz o que é? Não me lembro do que se trata.

Antes dela responder minha mãe entra no quarto nos chamando para jantar.

--Obrigado mãe, mas a Fernanda já está de saída. -digo.

--Não. Não é bem assim né Rafa. Eu aceito jantar com a Senhora, não posso fazer desfeita.

Como é cínica essa garota.

Penso.
Ela se levanta e sai rápido do quarto, não me deixando alternativas a não ser jantarmos com a insuportável presença dela. E para piorar ela me pede para levá-la em casa, ao argumento de que está sem carro.

É golpe puro.

Com isso termino meu fim de semana "puto".

Porém, não imaginava que poderia ser pior.

A Luta Pelo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora