Nossa vida juntos

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Linda narrando

Minhas primeiras semanas morando no Rio foram de completa adaptação. Primeiro, com a casa. Eu e Bruno estávamos nos acostumando ainda a dividir a casa com outra pessoa, a dividir as tarefas, as contas e a lidar com as individualidades um do outro. Estava sendo um ótimo período, fizemos alguns acordos (como não dormir brigado e eu cozinho e ele lava os pratos) e nos descobrimos enquanto um casal que vive debaixo do mesmo teto. Além disso, era uma delícia acordar todos os dias com ele dizendo "Bom dia, minha linda, Linda", eu me derretia toda com isso. As descobertas não paravam de acontecer naquele período e eu estava amando tudo. Depois, vieram minhas adaptações relacionadas com a residência que começaria em março. Resolvi que descansaria até ela começar e aproveitaria minhas "férias", então minha vida estava sendo basicamente comer, ler, assistir, transar, dormir e fazer tudo de novo. Eu não estava acostumada a me dar descanso, mas sabia que aquilo era importante já que a residência demandaria muito de mim nos próximo anos, principalmente no que se iniciava. Precisei também preparar o terreno para que Bruno se acostumasse com o fato de que haveriam semanas em que eu ficaria mais tempo no hospital do que em nossa casa. Por último, nós viajaríamos para passar uma semana na Bahia para curtir o carnaval, como eu havia prometido para os meus amigos que faria. No entanto, eu e Bruno estávamos com um impasse em relação a esse assunto. Eu queria ir para Salvador curtir o carnaval como sempre fiz na rua e correndo atrás do trio no circuito Barra-Ondina, mas Bruno queria que fôssemos para algum camarote. Eu acho que só havia pisado em camarote uma vez em toda minha vida, afinal o carnaval de verdade acontece na rua. Visando evitar discussões chegamos ao acordo de passar 3 dias no carnaval de rua e 3 em camarote, em noites alternadas. Quem não gostaria nada dessa história seria Gabi e Pedro, já que desde os 16 anos nós íamos todo ano para a avenida. Minha viagem à Salvador também seria uma oportunidade de ver Caetano. Nós conversávamos quase todos os dias, exceto quando ele estava muito indisposto por conta da quimioterapia. Felizmente, o primeiro ciclo do tratamento já estava acabando e ele poderia passar um tempo em casa. Às vezes, fazíamos vídeo chamada e Bruno aparecia para conversar um pouco com ele. Eu ficava muito aliviada de Bruno já ter compreendido toda a situação e não dar uma de namorado ciumento e possessivo para cima de mim, porque esse tipo de comportamento comigo não colava nenhum um pouco. E ele sabia disso.

Bruno narrando

O início da minha vida ao lado de Linda estava sendo incrível. Essa com certeza tinha sido a melhor decisão que poderíamos ter tomado. Acordar e dormir todos os dias ao seu lado era tudo que eu precisava para me sentir feliz. Além de tornar nossa relação mais íntima, viver juntos permitiu que Linda também passasse a ter mais intimidade com pessoas que já faziam parte da minha vida. Aos finais de semana, sempre íamos almoçar na casa do meu pai ou íamos para um churrasco na casa de Lucas e Bia. Fiquei feliz porque Linda e Bia estavam se tornando amigas e assim ela se sentia menos só e ela também já estava super apegada meu afilhado, Theo. Havia dias que minhas irmãs também viam passar o dia conosco e era super divertido. Passamos a frequentar a casa dos avós de Linda, principalmente os paternos que moravam perto da gente. Também nos aproximamos muito do casal que morava em frente a nós e vez ou outra tomávamos um vinho juntos, fazíamos churrasco, enfim um casal fazia companhia para o outro. Nas primeiras semanas, eu e Linda passávamos muito tempo transando e inaugurando cada canto da casa, o que era muito gostoso. Quando eu saía de casa, não via a hora de voltar, acho que poucas vezes na vida eu havia sentido que tinha um lar para retornar. E era isso que eu e Linda estávamos construindo: um lar. Óbvio que também tínhamos discordâncias, mas a principal foi em relação a como passaríamos o carnaval em Salvador. Eu queria ir para camarote pela comodidade e segurança, mas Linda queria curtir o carnaval de rua como sempre fez. Para evitar briga, resolvemos que passaríamos 3 noites em camarotes e 3 na rua. Eu nunca tinha ido para um carnaval na rua e estava um pouco tenso por isso. E para completar nossa viagem, também visitaríamos Caetano. Eu já estava me acostumando com sua presença, já que ele e Linda se falavam sempre e às vezes ficavam até de madrugada no telefone papeando. Eu aparecia às vezes e falava com ele, até comecei a simpatizar com o cara. Mas ainda assim, lá no fundo eu sentia uma ponta de ciúmes dele, principalmente quando Linda passou a chamá-lo de "Cacá" que aparentemente era como ela a chamava quando os dois namoraram na adolescência, eu apenas não demonstrava o que estava sentindo. Afinal, Linda está comigo por que me ama, o que eu deveria temer? Nada, eu sabia. Porém, às vezes vinha uma insegurança misturada com o medo de perdê-la para ele que gritava dentro de mim, mesmo sabendo que eu não devia
sentir nada disso.

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Esse é um capítulo de transição, para nos situar na nova fase de Linda e Bruno, por isso é mais curto. Além disso, como havia postado mais cedo, estou com a tendinite atacada e pode ser que a frequência de capítulos diminua. Gostaram do capítulo? Estão empolgados para a nova fase? O que vocês acham que vem aí? Me contem. Um beijo ❤️

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