O baile: parte 1

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Linda narrando

Acordei ao lado de Bruno naquela manhã ensolarada de sábado. O clima estava ótimo e acordar na companhia dele deixava tudo ainda melhor. Fiquei lá parada pensando e observando-o, até que ele abriu os olhos.
- Bom dia, minha linda, Linda!
Nem precisei responder em palavras, meu bom dia foi um beijo em seus lábios. Se eu pudesse, acordaria todos os dias com Bruno ao meu lado e me dando aquele "Bom dia, minha linda, Linda".  Ficamos mais um tempo deitados em silêncio. Fiquei fazendo um cafuné em Bruno, ele quase pegou no sono outra vez. O momento foi interrompido quando ouvi meu celular tocando, era minha mãe.
- Oi, mãe.
- Bom dia, filha. Vai almoçar conosco? Não se esqueça que seus primos e seus tios chegam hoje.
Puts. Eu realmente tinha esquecido que meus parentes chegariam para a festa.
- Vou sim, mãe.
- Venha, traga o Bruno também.
- Certo. Vou tomar um banho e já chego aí.
Me virei de volta para Bruno que estava a me observar.
- Um banho, né? - ele disse e me deu um selinho.
- Sim. Iremos almoçar com minha família hoje. Espero que não se importe.
- Me importar? Só me importaria se não fosse convidado. Que tal se a gente ajudar o planeta economizando água e tomando banho juntos?
Eu ri. Bruno era muito divertido e quando tentava ser sedutor e safado, eu caía na risada. Me levantei rapidamente e apenas disse:
- Então vamos logo ajudar o planeta! - e puxei ele pela mão até o banheiro.
Caímos juntos no chuveiro, a água estava fria, mas nossos corpos estavam quase incendiando o local. Estava tudo muito bom, até Tato bater na porta.
- Bruno, tá aí? Vou na padaria comprar pão para o café. Quer alguma coisa?
- Não, mano, valeu. - Bruno gritou e eu fiquei parada em silêncio.
- Bom dia para você também, Linda. - Tato gritou do lado de fora.
- Bom dia, amigo. - eu gritei de volta.
Eu me acabei de rir. Foi bem constrangedor e o clima evaporou depois disso. Saímos do banho e ficamos na sala esperando Tato retornar com os pães para o café da manhã.
Quando ele chegou, nos sentamos à mesa e ficamos jogando conversa fora. Eles começaram a me perguntar como eu estava, se estava muito ansiosa para o baile e outras coisas relacionadas a isso. O baile seria um grande evento, muita gente e a festa só terminaria de manhã. Eu estava empolgada, mas a ansiedade maior tinha sido mesmo para a colação de grau. Agora sim, eu sou médica. E isso importa mais do que a festa de hoje hoje à noite.
Depois do café, eu e Bruno ficamos na sala conversando e vendo uns programas que passavam na televisão. O pai de Bruno telefonou e ele ficou uns 10 minutos em ligação com ele. Tato foi se arrumar para pegar uma praia, como sempre fazia aos sábados. Eu até queria acompanhá-lo, mas tinha esse almoço com toda minha família e eu não poderia faltar.
Meus 2 tios, suas esposas e seus filhos chegariam em poucos instantes e almoçariam conosco. Minha casa ia ficar muito cheia e só de pensar nisso eu ficava tensa. Minha mãe tinha dois irmãos mais velhos, Osvaldo e Mário. Osvaldo era pai de Camila e Matheus e Mário era pai de Alexandre e Marina. Osvaldo era um cara bem carrancudo, chato e conservador. Já Mário era mais parecido com minha mãe, super liberal e tranquilo. Meus primos e eu estávamos todos na casa dos 20 anos ainda, exceto Matheus que ainda tinha 18. Quando eu morava no Rio, éramos bem unidos, mas a distância fez essa relação minar um pouco. Nos damos bem hoje em dia, mas não temos tanta intimidade. Fiquei surpresa por eles terem aceitado vir para minha formatura.
Perto das 12:30, eu e Bruno fomos para minha casa para almoçar com minha família. Como eu previa, a casa ficou apertada para tanta gente e aquilo me deixava muito agoniada. Minha mãe preparou com minhas avós feijoada. Eu já sabia que não poderia comer muito, se não passaria mal. Bruno se entrosou bem com meus parentes. Meus primos, Matheus e Alexandre, ficaram tietando ele e tiraram fotos. As meninas ficaram me perguntando como eu havia conhecido e conquistado Bruno e fizeram vários comentários sobre como ele era bonito. Elas tinham razão, Bruno era lindo e quanto mais eu o conhecia, mas tinha certeza disso. E bem, para conquistá-lo eu não soube responder, as coisas simplesmente foram acontecendo.
Após o almoço, todo mundo ficou meio preguiçoso jogado pela casa. Até que Alexandre teve a ideia de pegar um violão velho que tinha largado no apartamento e começar a tocar. O som não era dos melhores devido à idade do violão e o fato de ficar jogado sem uso, mas Alê sabia tocar muito bem. Ficamos todos juntos cantando, minha família adorava aquilo e eu me sentia bem em cantar com eles. Meus avós paternos no entanto, não participaram tanto do momento, eles eram bem reservados. Não falavam tanto com o pessoal, apenas eram educados, principalmente com tio Beto. Acho que eles nunca aceitaram muito bem o fato de meu pai ter sido casado com um homem e aquele homem estar presente ainda mesmo após tantos anos. Eu simplesmente ignorava esse lado preconceituoso deles, assim eu evitava estresse. As esposas dos meus tios também era muito legais comigo, gostava muito delas, principalmente de Jaqueline, esposa de Mário. Com Samantha, esposa de Osvaldo, eu não tinha tanta intimidade, mas não desgostava dela por isso. Minha família não perdia a oportunidade de tietar Bruno e tornaram ele o centro de todas as atenções daquele início de tarde.
Meu salão estava marcado para as 16h, mais uma vez, eu iria com Gabi. Meu vestido do baile já estava em sua casa. Era verde, quase um verde bandeira, a cor que os formandos de medicina geralmente usam. Ele era longo, com pedrarias e as costas eram nuas. Eu estava apaixonada por ele e louca para vesti-lo.
Me separei da minha família, Bruno voltou para a casa de Tato e fui para o salão. Estava cheio outra vez. Tive a impressão de que todas as formandas da minha turma escolheram o mesmo lugar para se arrumar.
Eu escolhi um penteado preso, já que meu cabelo estava longo e eu queria me sentir a vontade na festa. Antes de começar a ser maquiada, dei uma olhada rápida no celular e vi que Bruno tinha mandado mensagem.

Bruno: A formanda mais linda do mundo já está pronta?
Linda: Nem perto hahahahahaha

Larguei o celular e fiquei esperando o maquiador começar. Escolhi uma maquiagem bem iluminada e que não deixasse meu rosto pesado e desconfortável. Após uns 40 minutos, eu estava pronta. Agora, era só ir para casa por o vestido e eu estaria completamente arrumada para o baile. No entanto, ainda tive que esperar uns minutos até Gabi ser liberada.
No caminho até a casa dela, meu celular tocou. Era minha mãe.
- Oi, mãe. Aconteceu alguma coisa?
- Oi, filha. Sim, aconteceu. Um botão do terno do seu avô soltou, tem agulha aqui?
- Tem, na segunda gaveta da mesa de cabeceira.
- Certo. E você ainda tá no salão?
- Não, tô no caminho de volta para a casa de Gabi.
Minha mãe falou mais algumas aleatoriedades e desligou.
Assim que chegamos em casa, fomos logo nos vestir. Tínhamos pouco mais de uma hora. Gabi me ajudou a vestir a roupa que era um pouco pesada. Quando me vi no espelho, nem conseguia acreditar. Nunca na vida tinha me sentido tão bonita. Até que Gabi começou um papo um pouco chato.
- Linda, você sabe que provavelmente vai ter muita gente em cima de Bruno nessa festa, né?
Eu não tinha pensado nisso ainda. E também não tinha me acostumado com a ideia de que Bruno era muito conhecido.
- Ah, mas isso é normal, né? - eu disse de maneira despretensiosa.
- Sim, é normal para ele. Não para você. Não quero que você se chateie no dia da sua formatura. É sua noite, quero te ver feliz.
- Relaxe, amiga. Vai dar tudo certo.
Mas eu não sabia se daria tudo certo mesmo, sou muito reservada, não sei como me sentiria com aquela exposição. Quando era na rua, era diferente. Mas dentro de um lugar fechado eu não sabia como lidaria. Me obriguei a me desvencilhar daqueles pensamentos e focar apenas na noite incrível que eu teria pela frente.
Quando terminamos de nos arrumar, tiramos algumas fotos juntas e postamos em nossas redes sociais. Depois pegamos o carro e fizemos o mesmo trajeto da noite anterior. Pegamos primeiro Pedro e depois fomos pegar Tato e Bruno. Chegamos em frente ao prédio de Tato e avisamos que estávamos lá embaixo esperando-os. Quando vi Bruno quase pulei de alegria, ele estava lindo de terno.

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