Bruno narrando
Eu estava muito feliz por Linda enfim conhecer toda minha família. Era nítido o tanto de afinidade que ela criou com minha mãe e minha irmã naquele dia que passaram juntas. Porém, uma coisa me chamou a atenção e ficou em minha cabeça. Eu escutei quando minha mãe deu a sugestão de que eu e Linda viajássemos para conhecer a Itália e tinha adorado a ideia. Queria logo fazer isso acontecer. Depois do campeonato, eu pensaria melhor nisso. Faria uma surpresa para Linda.
Na terça-feira de manhã, levantamos cedo. Eram 5 horas de viagem até São Paulo. De lá, eu iria direto para o Rio, seria um dia cansativo. Acordamos às 5 da manhã e antes das 6 saímos de casa. Minha mãe fez questão de levantar e preparar um café da manhã para nós e sentou para comer conosco.- Vocês vêm passar o Natal aqui? - minha mãe perguntou.
- Por mim, pode ser. E pra você, amor? - perguntei olhando para Linda.
- Por mim, tudo bem. Vou adorar passar o Natal aqui com vocês. - ela disse sorrindo.Após o café, nos despedimos de minha mãe e pegamos a estrada. O trânsito estava tranquilo. Eu e Linda nos divertíamos cantando juntos no caminho. Paramos algumas vezes para irmos ao banheiro. Meu coração já estava ficando triste ao me lembrar que daqui a pouco seria a hora de me despedir de Linda.
Quando chegamos em São Paulo, nos despedimos no carro mesmo. Dessa vez, não daria para ficar com Linda até ela embarcar, se não eu chegaria muito cedo ao Rio de Janeiro.- Quando chegar me manda mensagem, viu?
- Mas você ainda vai tá na estrada, seu bobo...
- Não tem problema. - eu disse beijando-a.Linda me deu vários beijos, não queríamos nos despedir.
- Então, até logo, namorado.
- Até logo, namorada. - dei mais um beijo nela.Linda desceu do carro e eu fiquei observando-a andar. Tudo entre nós dois era tão simples e bonito. Não tinha confusão, joguinhos, nada disso. Parecia que, enfim, eu tinha encontrado a mulher certa para mim. Não via a hora de estarmos morando na mesma cidade. Tudo que eu queria era tê-la perto de mim e só isso bastava.
A viagem até o Rio de Janeiro foi tranquila. Gosto de pegar a estrada, dirigir e ficar sozinho com meus pensamentos. A diferença é que agora meus pensamentos tinham uma protagonista: Linda. Era impossível não pensar nela enquanto seu cheiro ainda estava dentro do meu carro. Fiquei imaginando nós dois juntos, casando, tendo filhos, envelhecendo.... "Calma, Bruno" eu me repreendi. Tinha que ser um passo de cada vez. Mas o que eu posso fazer se a quero comigo para sempre?
Cheguei ao Rio no fim da tarde. Foi estranho voltar para casa e não encontrar ela lá. A saudade realmente estava me maltratando.
Meus pensamentos foram interrompidos quando meu celular tocou. Era ela.- Oi meu amor, tava pensando em você agora mesmo.
- Oi, amor, já chegou?
- Sim. Acabei de chegar. E você, como foi o voo?
- Foi tudo ótimo. Bruno, posso te pedir um favor?
- Claro, pode falar. - falei enquanto pegava água na geladeira.
- Então, eu liguei para a corretora hoje quando cheguei aqui. Eles me mandaram uma lista dos documentos que eu preciso enviar e precisam de fotos da casa. Posso te enviar os documentos por e-mail para você imprimir e deixar lá?
- Posso. Precisa de mais algo, minha deusa? - falei rindo
- Idiota. - ela riu - Sim, tem mais. Você pode passar lá na casa de Beto para pegar a chave da casa e ir até lá tirar fotos e levar junto com os documentos para o escritório da corretora?
- Sim, posso. Pra quando isso? Posso fazer amanhã, vou tá de folga e no fim de semana já viajo para o campeonato.
- Ah, quanto antes melhor. Pode ser amanhã sim.
- Então, tá fechado. Amanhã providencio isso para você.
- Obrigada, meu amor.Eu e Linda ficamos mais um tempo conversando no telefone. Quando desliguei, fui tomar banho. Mais uma vez senti saudades dela. Acho que a coisa que mais fazíamos juntos era tomar banho.
Depois do banho, me joguei na cama para assistir e logo adormeci. Estava exausto.
Na quarta-feira, após o café da manhã saí para malhar na academia do meu prédio. Depois, fui fazer os favores que Linda tinha me pedido. Peguei a chave na casa de Beto na mão da moça que trabalhava lá, ele não estava em casa. Linda havia me mandado o endereço da casa. Em seguida, fui para lá e tirei as fotos. Mandei revelar e imprimir os documentos que ela havia me enviado por e-mail e fui até a corretora entregar tudo.
Quando cheguei lá, uma moça bem simpática me atendeu. Ela me conhecia por causa do vôlei e pediu uma foto e outras pessoas também pediram. Após a pequena sessão de fotos com o pessoal do escritório, fiz o que Linda havia me pedido.- O senhor deseja dar um olhada em imóveis do nosso catálogo? - a atendente perguntou.
- Ah, vou dar uma olhadinha sem compromisso.Ela trouxe o catálogo e foi me explicando sobre as fotos dos imóveis presentes nele. Até que um apartamento chamou minha atenção. Estava disponível para aluguel, era grande e do jeito que eu procurei quando voltei a morar no Rio, mas não encontrei
na época.- Gostou desse? Quer fazer uma visita?
- Ah, não sei, pode ser, mas eu viajo no fim da semana e só volto perto do Natal.
- Posso agendar sua visita para hoje à tarde, pode ser?
- Nossa, sim, pode ser. - falei surpreso - Mas vai ser só uma visita sem compromisso, tá bom?
- Tudo bem - ela respondeu de maneira simpática.Olha eu nem sabia por quê estava marcando aquela visita, mas é aquela coisa que dizem "mente vazia oficina do diabo". Fui para casa almoçar, descansei e saí para a tal visita ao apartamento.
Ao chegar lá, fiquei boquiaberto com o lugar. Era um apartamento ótimo, espaçoso, três quartos e uma varanda enorme. Além disso, era super bem iluminado. Confesso, me imaginei morando ali, mas não sozinho. Foi quando uma ideia surgiu na minha mente: e se eu chamar Linda para morar comigo?Linda narrando
Na quarta-feira, minha rotina voltou a ser o que era. Voltei a dar plantões 3 vezes na semana. O resto do tempo eu usava para estudar os casos mais recorrentes que apareciam onde eu estava trabalhando. Mesmo assim, me sobrava muito tempo. Então, comecei a sair para caminhar de manhã ou à tarde, dependendo do dia, ia até duas vezes. Também aproveitei o tempo para curtir meus amigos. O próximo ano seria de grandes mudanças e estava começando a me acostumar com a ideia de morar em uma cidade diferente dos meus melhores e maiores amigos. Eu, Pedro e Gabi passamos a nos ver quase todos os dias. Tato aparecia quando dava, como sempre.
Eu e Bruno não estávamos nos falando com a frequência que gostaríamos. Durante o campeonato, era difícil ele ter tempo pois precisava de foco total. Eu entendia, mesmo sentindo muita saudade. Às vezes, ele me ligava antes de ir para os jogos e eu o desejava boa sorte e sucesso. O time estava indo bem, eu assistia quando conseguia e torcia loucamente (mesmo sem entender nada de vôlei). Em alguns dias, coincidia do jogo ser quando eu estava de plantão, eu ia para a sala de descanso dar umas olhadinhas no que estava acontecendo. Rapidamente, se espalhou pelo hospital que eu estava namorando o capitão da seleção de vôlei e eu virei piada. Foi divertido, a equipe de lá era muito receptiva e unida. Já estava me apegando, mesmo sabendo que não deveria.________________________________
E aí, gente? O que será que Linda vai achar dessa ideia de Bruno?
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Só nós dois
Ficción GeneralLinda é uma mulher feliz e que não estava à procura de um relacionamento. Conhece um grande amor, chamado Bruno Rezende. Ela precisa aprender a lidar com as mudanças em sua vida com a chegada dele e a vida pós faculdade. No entanto, uma pessoa do pa...