O passeio

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Acordei por voltas das 9 da manhã, mesmo dormindo relativamente pouco tempo, acordei disposta e decidi que levaria Bruno ao centro histórico da cidade, ou seja, o levaria ao Pelourinho.

"Bom dia, já acordou?" Bruno havia enviado para mim, respondi que sim e que estava indo me arrumar para encontrá-lo na casa de Tato e de lá iríamos de Uber pra pegar o elevador e chegar até o Pelô. Bruno pareceu empolgado com o passeio, eu também estava. Amava ir ao Pelourinho, ver os museus, os shows, apresentações. Amava tudo que aquele lugar oferecia. Sou fascinada por história e a história de Salvador me pareceu interessante desde que me mudei pra cá. Minha mãe sempre me levava pra conhecer mais da cidade aos domingos.
Tomei banho e enquanto ia decidindo que roupa vestir, fui tomar meu café da manhã. Não sinto muito apetite pela manhã, mas por não saber que horas eu comeria, resolvi por algo no estômago. Decidi usar um short preto de tecido e uma blusa branca com uma estampa floral e meu óculos escuro. Avisei a Bruno que estava indo encontrar ele.

Da minha casa pra casa de Tato é pertinho, fui andando e vendo o movimento da rua. A cidade tava animada, a típica Salvador dos domingos. Quando cheguei ao prédio onde Tato mora, subi. Chegando lá, Bruno já estava pronto, vendo uma corrida de Fórmula 1 que tava passando na TV. Tato ainda não tinha acordado, provavelmente levantaria com uma ressaca fodida, mas ele já tava habituado com isso.
Eu e Bruno pedimos um carro pra nos buscar, devo dizer que o clima entre nós estava um pouco estranho, não conversamos muito enquanto esperávamos o Uber chegar. Eu não sabia como agir, mas resolvi que não tocaria no que aconteceu na noite passada. Talvez pra ele tivesse sido apenas uma ficada entre tantas que ele dá por aí. Tentei não pensar muito nisso.

O carro chegou após uns 10 minutos. Entramos e pegamos o caminho em direção ao elevador Lacerda. No caminho, o motorista deixou tocando o rádio onde estava passando umas músicas bem animadas. Fui cantarolando, enquanto Bruno olhava atento a cidade. Vez ou outra, eu explicava para ele sobre algum lugar em que estávamos passando. Chegando ao elevador, Bruno pediu pra gente dar uma passada no Mercado Modelo, fomos até lá. Algumas pessoas o reconheceram e pediram foto, todas muito educadas. Depois de uns 40 minutos, pegamos o elevador e subimos em direção ao Pelourinho. Estava animado como sempre. Os vendedores tentando nos empurrar coisas achando que éramos turistas, para variar. Eu ria com a criatividade de alguns ambulantes, Bruno também. O clima entre nós foi ficando mais leve, Bruno era um cara muito boa praça. Passeamos em alguns museus que estavam abertos, eu ia explicando pra ele as coisas que eu sabia sobre aqueles lugares que ele demonstrava estar interessado. Paramos pra tomar um sorvete, Bruno riu da minha cara quando me sujei inteira quando o sorvete começou a derreter.

- Você tá parecendo uma criança - ele disse rindo.

- Pior que tô parecendo mesmo. Sem maturidade alguma para tomar um sorvete no calor de Salvador.

Após o sorvete, fomos andando e conhecendo os outros lugares. De vez em quando, alguém aparecia pedindo por uma foto, eu tirava pra pessoa. Estava achando legal aquilo, nunca tinha saído com alguém tão conhecido. Achei que seria pior, mas as pessoas eram muito educadas. Tinha uma banda fazendo apresentação lá, paramos e ficamos assistindo. Eles estavam fazendo covers de músicas baianas conhecidas. O som tava legal. Não vimos o tempo passar.

- Quer ir almoçar? - Bruno perguntou

- Pode ser, mas aqui tem pouca variedade de comida nos restaurantes, a maioria é de comida baiana. Vai querer? Se quiser, podemos ir almoçar fora daqui.

- Ah, não - ele disse rindo. - Pra ser um passeio turístico completo, eu tenho que ter uma experiência gastronômica também.

- Você tem razão, então vamos.
Fomos em direção a um restaurante que eu conhecia. Chegando lá, o garçom ficou boquiaberto ao ver Bruno. Pediu uma foto e disse que era muito fã dele e de vôlei. Bruno foi muito gentil, como sempre.

- Como você lida com essa exposição? - perguntei

- Ah, em geral, as pessoas são muito queridas comigo. Fico feliz pelo reconhecimento.

- Eu não saberia lidar com isso, eu acho.

- Você vai se acostumando aos poucos.
Almoçamos uma bela moqueca de camarão. Estava uma delícia. Bruno disse ter gostado bastante da comida, realmente estava magnífica. Amo a comida daqui. Ficamos mais um tempo conversando sobre aleatoriedades no restaurante. Sem perceber, Bruno estava com a mão sobre a minha. Respirei fundo, meu coração começou a acelerar. Não deixei ele notar. Tomei a iniciativa de sairmos de lá e continuar conhecendo o centro histórico. Fomos caminhando e conversando, tudo sob controle. Meu coração já tinha voltado ao ritmo normal.

Quando estávamos retornando de uma ladeira imensa, fiquei tonta. Bruno reparou que eu não tava bem e pálida.

- Linda, tá bem? Você tá da cor de papel.
Meu estômago começou a revirar, senti uma ânsia de vômito insuportável. Ele sugeriu que fôssemos pra casa, eu concordei. Descemos o elevador e pegamos um táxi que estava passando. E fomos pra minha casa. Eu só não imaginei o que aconteceria chegando lá.

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