Carnaval: parte 3

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Linda narrando

O quarto dia de carnaval começou cedo. Era domingo e o dia estava super ensolarado e é um dos dias mais animados da festa. Eu e Bruno saímos de casa antes do meio dia, almoçamos na casa de Pedro e fomos com ele e Gabi para o circuito. Tato havia desaparecido completamente e até então não apareceu para curtir o carnaval com a gente. Bruno havia desistido completamente da ideia de ir para camarote, tentou o reembolso, mas não conseguiu. Chegamos na avenida e nos soltamos para aproveitar tudo que estava passando. O melhor do carnaval daqui é a mistura de ritmos, se engana quem pensa que aqui só toca axé. Quando paramos para comprar água, Pedro olhou o celular e viu que tinha mensagem de Tato.

- Ah, não, puta que pariu.
- O que foi? - perguntei.
- Tato bateu o carro na sexta de manhã, por isso tava sumido.
- Ele tá bem? - Gabi perguntou apreensiva.
- Sim, aparentemente. Pelo visto, foi só um susto.
- Vocês querem ir lá? - Bruno perguntou - Melhor a gente checar como ele tá, né?
- Acho uma boa ideia - respondi.
- Então, vamos logo. Se der tempo, a gente volta pra cá - Gabi completou.

Saímos do circuito e fomos para o apartamento de Tato. Ele autorizou nossa entrada no prédio e subimos até seu apartamento.

- O que aconteceu? - perguntei logo, sem nem cumprimentar.
- É, cara, você sumiu e a gente tava preocupado - Bruno falou.
- Ah, gente, desculpa mesmo. Minha cabeça tava cheia. Não queria atrapalhar o carnaval de vocês.
- E o que aconteceu afinal? - Gabi perguntou com os braços cruzados.
- Eu vi o que você mandou no grupo, Gabi. Eu fiquei muito chateado com o que Bianca fez, eu saquei logo que ela fez aquilo pra ganhar fama em cima de Bruno. Decidi ir lá tirar satisfações e terminar tudo que eu estava tendo com ela. Ah, sim, eu estava tendo um relacionamento com ela. Não quis contar nada porque tava vendo se evoluía para um namoro mesmo. Aí eu fui lá, a gente brigou depois que eu disse umas pra ela e quando eu estava voltando bati o carro num poste.
- Mas o acidente não foi grave, né? - Bruno perguntou.
- Não, foi só uma pancada. Me levaram para o hospital e eu fui liberado. Se fosse grave, eu ainda estaria lá, né?!
- E custava você avisar pra gente? - Pedro questionou.
- Bem, como eu disse antes, eu não queria atrapalhar o carnaval de vocês. Como eu ainda tô meio mal com tudo que aconteceu, resolvi esse ano curtir apenas pela TV.
- Você quase matou a gente de preocupação, idiota - Gabi disse irritada.
- Desculpas - Tato respondeu.
- Você realmente estava gostando dela, né? - perguntei.
- Sim, eu estava. Mas descobri que ela não é quem eu pensei que fosse. Agora, já era. Acabou.
- Sinto muito, Tato - respondi passando a mão em seus cabelos.
- Tá tudo bem, gente. Eu vou sobreviver - falou rindo.
- Então, não vamos mais voltar para a rua hoje, né? - Bruno perguntou.
- Se vocês quiserem, podem ir. Eu tô bem, galera. Vão curtir.
- Não, a gente vai ficar aqui - respondi - Pelo menos eu vou.
- Vamos ficar sim - Pedro concordou.
- É, já posso dizer que vi de tudo nessa vida mesmo. Luis Otavio perder o carnaval por causa de dor de amor? Essa é inacreditável - Gabi falou e todos começamos a rir.
- Ninguém esperava mesmo por essa, nem eu - ele respondeu rindo sem graça.

Realmente era atípico para nós saber que Tato estava sofrendo por causa de uma garota. Nunca tínhamos presenciado isso. Ainda bem que o acidente não tinha sido grave, tudo que eu não precisava era de outro amigo no hospital. Foi quando eu me lembrei de que não tinha falado com Caetano nesses últimos dias.

- Amor, me passa meu celular por favor - pedi a Bruno.
- Aqui - ele me entregou.

Escrevi umas mensagens para Caetano perguntando como ele estava, até que Tato resolveu puxar esse assunto.

- Linda, me explica essa história direito. Aquele tal de Caetano voltou e tá doente é?
- Sim - respondi sucintamente - Está com leucemia.
- Eu lembro pouco dele, ele saiu quando vocês eram segundo ano, né?
- Uhum - respondi.
- Por que foi que vocês se separaram mesmo? Quando eu conheci vocês, ele já tinha ido embora e vocês dois terminado.
- Ele me traiu e eu descobri pela internet, não tínhamos nos falado até então.
- Pô e você ainda aceitou ajudar ele depois disso?
- Aceitei, talvez eu seja idiota.
- Você é boa, isso sim - ele respondeu.
- Ela é maravilhosa - Bruno falou me abraçando e me dando um beijo no rosto.

Da casa de Tato dava para ouvir bem a festa. Passamos o resto da noite lá conversando.

- Bora com a gente amanhã, Tato - Pedro falou.
- Não sei. Vamos ver, amanhã eu respondo.
- Vamos, por favor. Quarta eu já volto para casa - implorei.
- É, vamos, a gente já vai pro Rio na quarta pela manhã - Bruno completou.
- Deixem de ser chatos, amanhã eu respondo - ele disse se levantando.

Fomos para casa andando. A cidade estava agitada, era divertido voltar caminhando nela assim. Eu e Bruno chegamos em casa, tomamos banho e quando nos deitamos na cama, ele perguntou:

- Caetano respondeu?
- Não sei. Não olhei mais o celular.
- Você vai querer ir vê-lo antes da gente ir embora?
- Não sei. Pode ser.
- Ok - ele respondeu me abraçando e pegamos no sono.

Levantamos cedo, tomamos café e eu aproveitei para ler um pouco na varanda. Bruno ficou assistindo na sala. Meu celular estava lá e começou a tocar. Era Caetano. Bruno trouxe o celular até mim com uma cara que eu não consegui decifrar o que ele estava pensando. Atendi e Caetano começou a falar sobre os últimos dias. Falou que estava passando bem mal com a quimioterapia, mas que logo estaria bem. Não tocamos no assunto do que aconteceu quando fui visitá-lo. Não demorei muito na chamada, falei apenas o necessário e desliguei. Não queria dar motivos para Bruno ficar irritado, afinal ainda tínhamos hoje e amanhã aqui para curtir o carnaval.
Fiz uma macarronada rápida para eu e Bruno comermos. Depois de almoçar, nos arrumamos para sair. No circuito, parecia que tinha mais gente do que nos dias anteriores. Nos desencontramos de Gabi e Pedro e ficamos apenas nós dois para curtir. Estava tudo bem, até que uma briga começou perto de onde eu e Bruno estávamos. Como a gente não queria ser expulso outra vez, saímos logo de perto.

- Meu Deus, que confusão foi essa? - Bruno falou quando já estávamos longe do lugar.
- Ah, sempre rola dessas. Ou você tá esquecido que a gente também já esteve em uma?
- É... vamos deixar isso pra lá, minha Lindinha - ele disse passando a mão pelos meus ombros e seguimos andando.

Encontramos um lugar mais calmo e descansamos um pouquinho, mas logo voltamos para o meio da folia. O resto da noite foi tranquilo.
                                       
(...)

O último dia do carnaval chegou e eu estava super cansada, mas não ia ceder. Bruno também já estava exausto, só não queria admitir. Tato aceitou ir conosco no último dia e fomos os 5  juntos. O último dia era um pouco emotivo, mas não menos divertido. Eu e Bruno voltaríamos mais cedo para casa, porque nosso voo era meio dia. Bem, esse era o plano. A gente se empolgou demais e perdemos a hora na rua. Gabi e Pedro fizeram a festa beijando vários desconhecidos, eu e Bruno também não perdemos a oportunidade de beijarmos muito também. Quem disse que quem tá comprometido não aproveita carnaval? Já Tato ficou mais na dele, mas não se permitiu ficar desanimado, foi contagiado pela alegria da multidão. Não tinha como ficar triste naquele lugar.

Voltamos para casa o dia já estava claro, resolvemos que era melhor não dormir, se não perderíamos o horário do voo. Deixamos logo tudo arrumado e ficamos assistindo filme até a hora de ir para o aeroporto. Meu coração já estava pequenininho de saudades do carnaval, de Salvador, da Bahia e dos meus amigos. Porém, eu tinha que voltar para minha vida. E minha vida agora era no Rio de Janeiro, perto da minha família, ao lado de Bruno e na minha residência, que eu mal podia esperar para começar. O ano, enfim, começaria de verdade.

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Acabou o carnaval dos nossos piticos :( Gostaram? O que não faltou foi emoções, né? Mas deu tudo certo no final. Confesso que fiquei com pena de Tato, e vocês? Me contem o que acharam. O que será que vem aí? Palpites? Amo ler as teorias de vocês, me dá muita ideia, sabiam? Comentem bastante.

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