Bruno narrando
Era quase uma da madrugada quando meu celular começou a tocar. Atendi assim que vi que era o número de Linda
- Oi, amor - falei
- Alô, Bruno? Aqui é Rodrigo, colega de Linda da residência.
- Oi, Rodrigo. Aconteceu alguma coisa? Cadê Linda?
- Perdemos nossa paciente. Será que você pode vir buscá-la? Ela não está nada bem.
- Estou indo para aí. Obrigada por ligar. Telefono quando chegar.Vesti de novo a mesma camisa de antes e fui buscar Linda no hospital. Eu me lembrei dela falando de Sofia comigo. Imaginei que a cabeça dela estivesse péssima, mas ela saberia lidar, eu tinha certeza disso. Estacionei na porta do hospital e telefonei para o celular de Linda. Rodrigo atendeu novamente e me disse que a traria até o carro.
Senti um aperto no peito quando vi ele trazendo ela escorada em seu ombro. Ela não estava chorando, mas seu rosto estava vermelho. Talvez ela tivesse chorado antes. Desci do carro e fui até eles.- Ei, meu amor, vamos para casa, tá certo?
- Ela não fala nada tem uma hora já - Rodrigo respondeu.
- Eu vou cuidar dela. Mais uma vez, obrigada, Rodrigo.
- Por nada. Se puder, me avisa como ela tá depois.
- Aviso sim.Ajudei Linda a se acomodar no carro. Ela foi o caminho todo em silêncio. Se limitava apenas a balançar a cabeça para responder sim ou não para minhas perguntas. Quando estacionei o carro em nosso prédio, Linda não desceu. Ela estava completamente estática sentada. Eu peguei ela no colo e subi para nosso apartamento. Levei-a até nosso quarto.
Ela começou a balbuciar algumas coisas que eu não estava entendendo.- O que você disse, amor?
- Ela morreu - respondeu baixo, mas consegui compreender.Foi tudo que ela conseguiu me dizer. Me deitei na cama abraçando-a. Ela olhava para o teto. Parecia que ela não estava ali dentro. Acabei pegando no sono.
(...)
Acordei e Linda estava ao meu lado. Paralisada e olhando para cima.
- Bom dia, minha linda, Linda - falei, mas não tive resposta - Você quer comer alguma coisa?
Ela balançou a cabeça negando. Fui até a cozinha e peguei o celular de Linda para procurar o número de Rodrigo.
- Alô, Rodrigo? Aqui é Bruno, namorado da Linda.
- Oi, cara. Como ela tá?
- Então, é justamente sobre isso que eu queria falar com você. Ela não falou nada desde que chegamos em casa. Quer dizer, ela balbuciou algumas palavras, mas nada demais. Eu peguei no sono e quando acordei ela ainda estava parada olhando para o teto.
- Puts. Você pode me passar o endereço de vocês? Posso ir aí para tentar falar com ela.
- Vou te mandar por mensagem. Estarei aqui te esperando.
- Ok, chego aí já.Mandei para Rodrigo o endereço da nossa casa. Enquanto ele não chegava, fui fazer um café da manhã. Mesmo dizendo que não queria, eu levei comida para Linda no quarto. Ela rejeitou.
Ouvi o som do interfone e era o porteiro avisando que Rodrigo tinha chegado. Autorizei sua subida, quando ele apertou a campainha, eu já estava esperando atrás da porta.- Olá, bom dia.
- Bom dia - respondi cumprimentando-o.
- Cadê ela?
- No nosso quarto. Vou te levar lá.Levei Rodrigo até nosso quarto onde Linda se encontrava deitada parada olhando para cima. Deixei eles dois sozinhos e fui comer na cozinha. Depois de uns minutos, Rodrigo saiu do quarto.
- E aí, ela falou alguma coisa?
- Não. Só fez balançar a cabeça.
- Você acha que eu devo me preocupar?
- Sim, mas vamos dar um tempo para ela. Ela estava muito envolvida emocionalmente com o caso de Sofia. Se até amanhã ela estiver assim, acho que você deve levá-la a um psicólogo ou um psiquiatra mesmo.
- Ok, muito obrigado por ter vindo, Rodrigo.
- Não precisa agradecer. Amigo é para essas coisas. Amanhã eu passo aqui de novo, pode ser?
- Pode.
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Só nós dois
General FictionLinda é uma mulher feliz e que não estava à procura de um relacionamento. Conhece um grande amor, chamado Bruno Rezende. Ela precisa aprender a lidar com as mudanças em sua vida com a chegada dele e a vida pós faculdade. No entanto, uma pessoa do pa...