Doce pesadelo

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(S/N)

- Assim você me faz derrubar o Bourbon, Kol! - Fazia o possível para que suas mãos habilidosas não me tocassem em qualquer outro ponto fraco.

- É meu principal objetivo. - Continuava com a brincadeira - É tão fácil te amolecer, é só saber onde pegar. - Apertou a curva entre minha coxa e bunda, fazendo com que eu gritasse e o copo se estilhaçasse no chão junto do líquido.

- PARA, PARA! - Gritava em meio a gargalhadas e ele subiu por cima de mim, rindo vitorioso de seu feito - Você só sabe desse meu ponto fraco porquê eu deixei. Sei que posso ser vulnerável com você.

- E você não tem ideia de como posso usar isso contra você. - Forçou uma risada maléfica e continuou com as cócegas até me ver perder o ar de tanto rir.

Abri os olhos e encarei os dele. Ah, aqueles olhos castanhos. Como podem ser tão magníficos?

Ele riu de novo e me beijou. Seus lábios úmidos e macios, doces e travessos; acariciando os meus enquanto sua barba por fazer roçava contra a pele do meu rosto, causando algumas cócegas suaves. Quando foi que me apeguei a esses detalhes?

Abri os olhos mais uma vez e o ambiente a nossa volta tinha mudado. Estávamos sentados em um campo aberto, com poucas flores selvagens respingadas pela grama verdíssima a perder de vista. Quase um mar sólido e perfumado. O tecido que tocava minha pele também tinha mudado. O vestido estampado com peônias vermelhas, tinha o fundo branco e era tão leve que eu mal podia sentir. Kol à minha frente também estava com roupas leves, claras. Sua camisa com dois pequenos botões na gola, tinha algumas falhas na cor branca, deixando certas partes quase transparentes. Toquei seu peito e senti o algodão do tecido. Ele sorriu, enfiando uma uva verde na minha boca. Deslizei meus dedos por seu antebraço que apoiava o próprio peso no chão, sentindo seus pelos acariciarem minhas digitais e pararem próximos a dobra de seu cotovelo, impedidos pela manga da camisa dobrada.

Deitei sobre seu colo, admirando os raios solares que brincavam entre as poucas nuvens. Não estava quente. Na verdade, a brisa fria que nos soprava deixava a temperatura perfeitamente agradável para um dia como esse. Recebi mais uma uva e me assustei com a sombra que cobriu minha visão.

- Não vai deixar espaço para os morangos? - Ele falou ainda em pé - Esses estão tão doces quanto seu perfume. Eu realmente amo esse perfume. - Sentou-se ao nosso lado.

- Kai... Eu... - Fui interrompida por um morango enorme que invadiu minha boca - Deus... isso é maravilhoso! - Mastiguei a fruta, apreciando o sabor cítrico e doce.

- Não vai me dar uma uva também? - Fez biquinho para Kol.

- Você é inacreditável, Parker! - Pegou uma uva e jogou na direção da boca do bruxo, agora deitado sobre meu colo também.

Brinquei com seus cabelos e logo desenhei a curvatura de seu nariz com o dedo. Ele também sorriu, me contagiando. Aquilo estava tão perfeito. Tão... Irreal.

Ele se levantou para buscar mais do morango na cesta ao lado e mordeu a ponta, segurando com os lábios. Se aproximou e recostou o outro lado nos meus para que eu fizesse o mesmo. Assim que mordi, nossos lábios se encontraram e uma corrente elétrica percorreu meu corpo. Quanto mais rápido e violento o beijo se tornava, mais meu corpo esquentava (e de um jeito ruim). Escutei-o gemer de dor e abri os olhos mais uma vez.

A pele de Kai ardia em chamas e ele gritava em desespero. Meu corpo paralisou, eu não conseguia ajudá-lo e tudo o que fiz foi chorar e também gritar em pânico.

O medo me soterrou.

Tentei puxar Kol, mas ele havia sumido.

Perdi o controle de minha respiração e meu peito doía. Eu segurava o tecido do vestido que cobria meu tórax, tentando me apegar no que ainda tinha. Estava escuro, tudo escuro. Uma noite sem estrelas e a lua tão pequena que mal dava pra ver. A temperatura também começou a cair rapidamente, eu podia ver minha respiração quente fugir pelo ar gelado.

Cara ou coroa?Onde histórias criam vida. Descubra agora