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Eros se permitiu ser levado para uma tenda no meio da tribo, depois que a mulher que sabia sua língua fez sinal para que se afastassem do vulcão.

Ele tinha a noção de que já deveria ter partido daquele lugar, mas algo na postura contida dela e nos punhos fechados lhe disse que as palavras estranhas que ela havia trocado com o homem asqueroso havia selado o destino dele e de seus homens.

- Tire suas roupas – Ela ordenou, enquanto mexia em algumas bacias de pedra.

- Mas já? Mal nos conhecemos... – Ele suprimiu um grunhido quando uma bola de sabão o acertou no estomago, com precisão e força.

- Não ouse fazer piadas – Seu olhar era cortante e Eros se viu sorrindo, divertido.

- Mas devo ousar tirar minha roupa? Você é uma mulher cativante.

Ela resmungou algo em sua língua e continuou caminhando pela tenda.

- O que aconteceu...

- Agora não.

Ele assentiu lentamente e começou a se despir, deixando suas armas a uma distância que conseguisse alcançar facilmente. Deixaria passar apenas porque ela era a mulher mais enigmática e linda que ele encontra em muito tempo.

Quando terminou, ela foi em sua direção. Diferente da expressão de desejo ou surpresa que a maioria das mulheres faziam ao olhar para seu corpo nu, essa simplesmente permaneceu indiferente.

- Não gosta do que vê?

- Deveria?

Ela lhe jogou um pano e indicou que se limpasse. Colocou uma bacia aos seus pés e pegou outra.

- Dizem que tem um tamanho impressionante.

Ela o encarou de forma intensa.

- E você acreditou?

O queixo de Eros caiu. Como... Ela... Ousava...

Ela foi para trás dele, e começou a desamarrar seu cabelo. Ele segurou sua mão.

- Eu não deveria te ajudar, depois disso.

- Se ofendeu?

Eros apertou os dentes, começando a ficar bravo. Ela era linda, altiva... e totalmente irritante.

- Sim.

Ela deu de ombros.

- Ninguém se ofende com uma mentira mal contada, só com uma verdade bem-dita.

Com um movimento brusco Eros tentou se livrar de seu toque, mas ela o puxou com força pelos cabelos de volta ao banco.

- Não ouse se mexer.

- Estou vendo que gosta da palavra "ousar".

- E eu estou vendo que gosta de qualquer palavra que passe pelos seus pensamentos, já que fala todas elas.

Ele grunhiu. Se não estivesse numa posição tão constrangedora, iria se levantar imediatamente e ir embora com seus homens.

Ela começou a passar uma gosma escura em seus cabelos, e Eros teve que se controlar para não vomitar com o cheiro.

- O que é isso?!

- Cinzas fermentadas em vísceras de bode da montanha.

Ele tentou fugir de seu toque, mas ela o puxou com força de novo.

- E para que serve?

- Para você não morrer.

- Acho que vou morrer com o cheiro.

- Você é um guerreiro. Tenho certeza de que já sentiu coisas piores do que isso na vida.

Yanka se ajoelhou na frente dele.

- E como sabe que eu sou um guerreiro? – Eros chegou o rosto bem perto do dela.

Ela sorriu, afável e chegou perto dele.

- Guerreiros tem coragem grande, e coisas pequenas em si mesmos. Uma espécie de equilíbrio, entende? – ela o provocou. Antes que Eros pudesse retrucar, no entanto, seus olhos mudaram de divertimento para desconfiança, olhando ao redor. – Você precisa entrar no vulcão.

- O que?! – Ele pulou para longe dela.

- Fiz meu povo acreditar que você é o enviado do deus Rabuk, o deus da guerra. Aquele homem, enganou todos para que eu virasse sacrifício e parasse de atrapalhar seus planos de acabar com minha tribo. Para provar que você é mesmo ele, deve entrar no vulcão.

Eros bufou e colocou a mão na cintura.

- Então ao invés de você cair no vulcão, você enganou a tribo inteira para que eu virasse o sacrifício? Eu te salvei! – Ele balançou a cabeça, indo na direção da entrada.

Ela se lançou na sua frente, com os braços abertos.

- Tem um jeito de sair vivo...

- Não minta para mim!

Eros a pegou pela cintura e colocou de lado, mas Yanka torceu seu braço com força e o empurrou.

Ofegando, ele olhou para suas armas ao mesmo tempo que ela.

Eros avançou, mas ela foi mais rápida e confiscou suas armas.

- Escuta – Ela falou, quase desesperada – Você precisa entrar no labirinto de fogo, uma ramificação de caminhos que passam por dentro vulcão, mas uma vez que você se perder, morrerá. – Ela sussurrou – Eu conheço um caminho que te levará para fora. Esse líquido que passei em você vai te proteger do calor do túnel.

Ela agarrou seu braço.

- Meu povo é pacífico –Seus olhos ardiam em raiva e exaustão, e Eros percebeu que aquela mulher estava aguentando bem mais do que demonstrava – E esse homem quer nos condenar a uma vida de destruição. Você é nossa única salvação.

- E o que eu ganho por isso? Você pode muito bem estar me enganando.

Yanka abriu os braços.

- Toda a riqueza e glória que conseguir levar.

Eros cuspiu, não acreditando nela.

- E como posso confiar em você?

Ela bufou, exasperada. Arrancou uma pulseira do punho, de um bronze brilhante, que encheu os olhos de Eros. Ela tirou de seu alcance antes que ele pudesse pegá-la.

- Aqui está a prova. E então?

Eros a olhou com divertimento.

- Só irei se você retirar o que disse sobre o tamanho.

Vinte minutos mais tarde, ele se dirigia para o lugar que o mataria, e não conseguia parar de sorrir. 

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora