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Foi a primeira vez que Yanka viu as fascinantes construções da tribo Ula. Nem mesmo em suas viagens pelo Continente lhe foi mostrado tudo.

- Uau – Gleitor, arquejou - É simplesmente... magnífico!

E Yanka tinha que concordar. Torres impressionantes se erguiam na tribo, como grandes sentinelas. Incrustradas nas torres, haviam pequenas casas, que quando olhadas de longe, parecia apenas parte de uma aglomeração de árvores incrivelmente grandes, com seus topos encimados por coberturas que imitavam as copas das árvores.

As torres circulavam um pátio central, que tinha uma torre maior e mais robusta. Diferente das outras, nesta não havia pequenas casas aéreas, mas era lisa e sem aberturas.

Tochas, que mais pareciam pequenas estrelas, se penduravam em cordas amarradas entre as torres em ziguezague.

Yanka estava tão impressionada, que mal percebeu quando um homem da tribo se adiantou.

As formas que os levaram até ali, brilhantes, na verdade era o próprio povo da tribo. O que brilhava eram as tatuagens que cobriam seus corpos, em uma espiral de desenhos. Usavam capas grossas que cobriam o peito até o meio das coxas, com grandes cintos repletos de ferramentas rodeando suas cinturas.

- Recebemos uma mensagem de Bumbo – O homem falou, a voz repicando e ecoando. Ele tinha o cabelo trançado preso em um coque, assim como a maioria das pessoas que apareciam furtivamente das casas aéreas, espiavam o estranho grupo. - Bumbo implorou para que os recebêssemos, mas não sabemos se podemos confiar em vocês. O que querem aqui? E quem são eles? - Ele apontou com o queixo para Eros.

- Eu sou Yanka, da tribo...

- Eu sei quem você é. A notícia do que está acontecendo viajou pela terra, Yanka da tribo Cati. Todas as tribos estão temerosas e alguns dizem que por onde vocês passam, deixam um rastro de destruição.

- Isso não é verdade – Kaiko protestou – Estamos seguindo a destruição, e não a levando. Estamos tentando descobrir...

- Não acreditamos em vocês. - O líder da tribo afirmou, a resistência no olhar.

- Então por que nos trouxe aqui?

A postura era de defesa, e Yanka percebeu que todos os guerreiros que o acompanhava tinham uma arma a vista.

- O que está acontecendo? - Eros a cutucou insistentemente até ela bater em suas mãos, irritada.

- Ele disse que não confia na gente. Acredita que estamos levando a desgraça a todas as tribos.

Eros mordeu o lábio, e Yanka teve que desviar o olhar, para poder controlar seu coração. Montar um antílope junto com ele deixara seus nervos à flor da pele.

- Precisamos passar e encontrar o... - Ela tentou, desesperada. O líder balançou a cabeça, enfaticamente.

- O que irá acontecer conosco se eles não aceitarem? - Tiro perguntou, o medo evidente nos olhos.

Kaiko abriu a boca para responder, mas Nicholas interrompeu, a tez carregada de preocupação.

- Deixe-me adivinhar. Morreremos?

O silêncio que se seguiu foi a confirmação necessária do destino que os aguardava na tribo Ula.

Yanka se sentia sem saída. O que ela deveria fazer?

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Foi no meio da noite que ela ouviu.

Um barulho pequeno, como alguma coisa sendo arrastada no chão.

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora