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Yanka encarou desanimada o anfiteatro vazio. Três dias haviam se passado, e apenas Pati da tribo Yeta e Nyte da tribo Malo haviam chegado. Mesmo assim, mantiveram seus exércitos longe da tribo Tote e exigiam desculpas um do outro, assim como a cabeça de Eros.

Eros... pensar nele se revirando na cama enquanto agonizava e alucinava deixava ela em um misto de raiva e desespero, sem saber o que fazer com a traição de Nicholas. Sem saber o que pensar, em meio à montanha de problemas ela apenas observou a massa preta do exército inimigo a sua frente. A cada dia que passava, eles pareciam cada vez mais próximos. No entanto, era óbvio que sem as outras tribos, eles seriam completamente dizimados.

- Não morreremos tão facilmente – Quio murmurou, enquanto analisava o mapa de estratégias de batalha que haviam elaborado, com as posições de todas as tribos.

- Você não entende, Quio – Yanka bateu o punho na mesa de frustração - Meu povo... ficou irreconhecível quando estava consciente. Simplesmente não respondia, não fazia outra coisa além de seguir fielmente Velho Urso. Essas... coisas irão nos dizimar se não acharmos um jeito de reverter o processo.

- Yanka – Quio se inclinou sobre a mesa, sério - Não disse que seu pai teve um momento de domínio próprio?

- Sim, mas não sei como.

Quio pareceu pensar por um momento.

- Tenho certeza de que posso achar algo que explique... já volto.

Yanka se deixou cair pesadamente em uma cadeira, olhando com tristeza Pati e Nyte discutirem pela trigésima vez no dia.

Ela não conseguia entender como a tribo Wattu e Saqua não atenderam seu chamado. Sequer haviam mandado uma resposta. Nem mesmo Bruxo da Árvore respondera.

Ela socou a mesa de novo, dessa vez urrando mais forte.

Saiu pisando duro, frustrada. O que fariam para enfrentar aquela coisa tenebrosa na frente deles? Como fariam? A quem recorreriam? A força que tinham disponível era ínfima perante a massa negra em frente a eles.

Se postou carrancuda no limite do primeiro quadrante, olhando de onde chegaram.

- Irritada? - Kaiko se sentou ao seu lado. Ela bufou.

- Achei que estivesse vigiando Nicholas. - Ele riu.

- Ele não vai conseguir fugir tão cedo. Ainda tem que prestar contas à Eros quando ele acordar.

- Parece que está dando tudo errado – Ela chutou uma pedra, observando-a rolar. - E se no fim não conseguirmos salvar o Continente? E se...

- E se o que? Não me lembro de você ser tão bundona assim, Yanka. - Ela levantou os olhos e quase caiu para trás.

Kira estava parada à sua frente, de armadura de guerra completa.

- Você... veio sozinha?

- Há! Acha que eu viria sozinha? Não, me atrasei porque estávamos montando um exército, Yanka.

Abriu os braços, e das dunas douradas do Continente, homens e mulheres de pele preta, vestidas em branco, com capas coloridas e armaduras de couro desceram a colina que levava à tribo Tote, em fileiras organizadas. Pessoas e mais pessoas desceram, até Yanka perder a conta de quantos estavam ali.

Ali estavam as últimas Mães do Continente acompanhando Bumbo, seguidas pela tribo Saqua que portava lâminas de osso e arrastavam enormes vasilhames com a água sagrada de sua montanha, além de fardos de comida e ervas medicinais.

Na lateral, Wika liderava um bando de animais gigantes e cinzentos. A tribo Ula trazia engenhocas para guerra, enormes engrenagens feitas para dizimar, trazendo também sua própria matéria para fabricar mais.

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora