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Eros se esforçou para se manter equilibrado no lombo do animal. Diferente dos cavalos com os quais ele estava acostumado, esses eram muito piores de serem montados sem sela, já que seu lombo era mais escorregadio, e o animal tinha uma tendencia horrível de tentar expulsá-lo usando os chifres e as patas. Os animais ao redor batiam em si mesmos na fuga desesperada, e Eros não esperava nada menos do que mancar no dia seguinte.

Olhou para trás.

Conseguia ver a maioria de seus homens em cima de alguns animais, alguns com óbvios problemas com a montaria, enquanto outros pareciam que foram feitos para montar um antílope. Mais para trás, na direção da aldeia, o fogo despontava pelas tendas e uma nuvem de poeira era vista.

Eros se permitiu um segundo de arrependimento por todas as vidas que ele prejudicara ao atear fogo nas tendas do lado sul da aldeia, mas se forçou a seguir em frente.

Vislumbrou uma trança no meio da confusão de animais, e com um grito e um sorriso, incentivou sua montaria a ser mais rápida, indo atrás de Yanka.

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Quando pararam, estava escuro. Completamente exaustos, Yanka, Eros e sua tropa desceram de seus antílopes. Alguns, muito assustados, fugiram na mesma hora e Yanka gritou para que segurassem o máximo de animais que conseguissem.

- Ainda estamos no domínio da tribo Malo, e eles são loucos por esses animais. Se acontecer alguma coisa, podemos usá-los como moeda de troca.

Depois de alguns minutos, os homens se aquietaram, com os animais bem presos.

- O que faremos? - Um deles perguntou. Eros passou os olhos pela tropa. Até onde conseguia ver, muitos deles haviam conseguido fugir da tribo Malo, mas Eros pressentia que haviam tido baixas.

Eros, com a carne tremendo de exaustão, com tanta sede e fome que até doía, abriu a boca para dizer fariam acampamento ali mesmo, mas Yanka foi mais rápida.

- Se não me engano, existe uma pequena tribo nômade mais à frente. Vamos até lá.

Alguém se adiantou, e Eros se esforçou para reconhecer a pessoa.

A voz do homem retumbou quando ele falou com Yanka na língua melodiosa do povo daquelas terras. Atrás de si, havia duas mulheres e um homem. Todos eles apresentavam sinais de desnutrição e maus tratos, mas a força em seus olhares espantou Eros. Se vestiam com a simplicidade de escravos, mas pequenos detalhes como fitas em couro trançadas nos cabelos das mulheres e corpos dos homens o fez deduzir que aquele homem não era nem da tribo Cati, nem da tribo Malo.

O homem se ajoelhou e ergueu as mãos, respeitosamente. Rodeando sua cabeça, uma tira segurava um tapa olho em seu olho direito. Falou mais algumas palavras, e as pessoas que o acompanhavam repetiram o gesto.

Eros chegou sutilmente perto de Yanka. Não estava gostando daquela situação, principalmente porque seus sentidos exaustos não tinham notado que alguém além de sua tropa os seguia.

Yanka respondeu se ajoelhando e conversando gentilmente com o rapaz. Eros enrolou a mão no punho da espada, louco para poder tirar ela de perto do homem.

- Quem são eles? - perguntou com cara de poucos amigos quando ela fez sinal de que seguissem viagem, com os estranhos tomando a dianteira. O homem com quem ela conversou permaneceu ao seu lado.

- Foram feitos escravos, como nós - Ela respondeu, a exaustão nítida na forma como ela falava mais lentamente. Sua tropa seguia atrás, se esforçando para arrastar os antílopes. - Nos seguiram para agradecer com gestos e palavras por terem recebido a liberdade.

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora