26 Γ☐

6 2 0
                                    

- Isso fede – Wola fez ânsia de vômito. Por mais que não gostasse dela, Yanka tinha que concordar. Os túneis da tribo Yeta eram uma confusão de ramificações e becos sem saída, e muitas vezes Yanka quis desistir.

Ícaro e Alexander seguiam atrás, protegendo a retaguarda, os únicos que Eros deixara para trás. Sussurravam entre si, e Yanka desconfiava de sua proximidade conspiratória, mas se obrigou a focar no caminho.

Estavam seguindo o mapa há mais ou menos uma hora, roubado da câmara de guerra, que apontava todas os túneis e suas ramificações escavados pela tribo Yeta.

Yanka torcia para o plano de Eros dar certo, ou todos eles morreriam. Ela retirou o pedaço de couro da bolsa que trazia, e releu.

Kaiko irá criar uma confusão e convencer Pati a nos enviar para o túnel entre a tribo Malo e Wattu, para nos usar como isca e atacar a retaguarda da tribo Malo. Ache o túnel pelo qual iremos descer.

Estou chegando, Panemorfi."

Era ridículo como o coração dela acelerava toda vez que lia o que Eros havia escrito e...

- Ali! - Wola apontou o dedo para um facho de luz mais à frente no corredor. Sombras se avultavam acima, a luz entrando e saindo pela tampa de ferro grelhada.

Yanka correu e olhou para cima. Havia um confronto acima de suas cabeças. Espadas reluziam ao sol causticante e sangue espirrava. Segundo depois, olhos azuis intensos apareceram por cima da passagem.

Yanka sorriu, aliviada. Eros arrancou a tampa do lugar e fez seus homens descerem. Yanka os contou. Faltavam dois.

Eros desceu, banhado de suor e sangue.

- Senhor... - Catri falou. Todos pareciam assustados, mas bem. - Não sei exatamente o que está acontecendo... Mas qual o nosso próximo passo?

Eros beijou Yanka brevemente no rosto e encarou a todos de forma grave.

- Temos que chegar na tribo Wattu antes do pôr do sol, ou estaremos condenados. Portanto... Corram como se a vida de vocês dependesse disso. Porque depende.

////

Yanka soube que estavam próximos a tribo Wattu quando o caminho de saída dos túneis se tornou íngreme o suficiente para forçá-los a subir com a ajuda das mãos.

À sua volta, a expressão de cada um era da mais pura exaustão e sujeira, depois de horas naqueles túneis fedidos e estreitos, sem nenhum descanso.

- Acha que Kaiko irá conseguir? - Wola lhe perguntou, os olhos baixos de cansaço.

- Temos que torcer para que ele chegue aqui. - Yanka murmurou. O nobre guerreiro da tribo Wattu se oferecera para ficar para trás e enganar Pati, apesar dos protestos de Yanka. Mesmo assim, ela sentiu alívio e culpa por ter sido ele e não Eros a ter que se sacrificar.

A saída logo apareceu, e as mulheres Wattu se adiantaram e desapareceram do lado de fora.

Yanka encostou na parede do túnel, fazendo sinal para que todos permanecessem quietos enquanto as mulheres negociavam sua passagem.

De canto de olho, espiou Eros. Ele apresentava cortes e sangue por todo lado, mas sua postura era de defesa, a atenção na abertura.

Yanka esticou os dedos involuntariamente para lhe tirar uma mecha que caia em seus olhos, mas alguém colocou a cabeça na abertura.

- Venham – Wola sorria, aliviada. Todos soltaram a respiração que prendiam.

- Eles são... confiáveis? - Tiro perguntou. As marcas de batalha estavam nele também, mas o sorriso genuíno de menino deixava suas feições iluminadas.

Yanka gargalhou, olhando os rostos de cada homem e agradecendo silenciosamente pela dádiva de ter homens tão corajosos ao seu lado.

- É a tribo mais confiável dessa terra, soldados. Venham, vamos descansar. 

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora