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Yanka sentia que poderia pular no pescoço de Eros ali mesmo, enquanto se despediam de Bruxo da Árvore.

Em suas mãos, ele segurava o livro dos colares, a chave para dominarem os poderes centenários que os artefatos armazenavam, o livro que provava que Eros iria continuar com eles até o final.

Cinzento encabeçava o pequeno comboio deles, depois de pedirem que os levassem para casa. A criatura gentil e enorme parecia entusiasmada em sair da Floresta de Gigantes e ir para longe da trupe barulhenta de macacos, que os seguia de forma animada.

Durante o caminho, folhearam o livro, tentando aprender mais sobre como os colares funcionavam. A prática requeria muita concentração e esforço, e depois de algum tempo acumulavam uma série de desastres: Yanka explodira parte de uma torre ao tentar desfazer um pedaço de pedra, e Kaiko e Eros tinham arranhões pelo corpo. Eros tentara fazer chover e molhara apenas alguns macacos, que jogaram neles frutas podres. Tremores os derrubaram quando Yanka tentara invocar o terremoto novamente, uma tempestade se formou na cabeça de Kaiko, e até mesmo Cinzento se viu pressionado contra duas árvores que Yanka acidentalmente partira ao meio.

- Chega! - Kaiko apontou o dedo de forma ameaçadora na cara de Eros e Yanka. Eles tiveram que conter as risadas. - Se não pararem de fazer isso, vão matar a mim, Cinzento e todos esses macacos!

E saiu pisando duro, acompanhando do gigante de Wika.

- Nunca pensei que o veria irritado – Eros comentou. O rosto ainda estava pesaroso, mas Yanka conseguia ver confiança em seu olhar.

- Eu também não. - Eles riram juntos. - Eros... por que decidiu terminar a profecia?

Ele chutou uma pedra no caminho, pensativo.

- Minha mãe fez o que achava certo pensando em mim, sua família – Ele apertou a boca, lhe lançando um olhar cauteloso - Mas ela me deixou há muito tempo, e desde que se foi, eu não tive ninguém que me amasse ou que eu pudesse chamar de família. Todos queriam me bajular porque meu pai é importante, mas no final ninguém se importava comigo. Ninguém nunca me perguntou o que eu queria fazer, ou disse que me apoiaria independentemente de qualquer coisa. Desde que minha mãe se foi por mim, não houve ninguém do meu lado. - Ele deu de ombros – Pela primeira vez na vida, eu tenho uma família. Aqui e agora. E eu posso muito bem fazer o que eu acho certo pela minha família, certo? Além do mais... eu realmente quero terminar isso. No final de tudo, ouro e glória me aguardam – Ele provocou Yanka com uma piscadela.

Ela revirou os olhos.

- Só ouro e glória?

Eros lhe lançou um sorrisinho de canto, no mesmo momento em que Kaiko gritou:

- Estamos chegando! Já posso ver sua tropa reunida, Eros!

Yanka agarrou a mão dele e com um sorriso, puxou-os para a frente.

- Venha Yretoo. Vamos acabar com a raça desses malditos Anciões.

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Foram recebidos com alegria pela tropa de Eros e com cautela pela tribo Ula. Yanka viu em seus olhos que eles não esperavam que saíssem da Floresta.

A única da tribo que ficou esfuziante foi Wika. Em sua animação infantil, ela pulava e comemorava, enquanto rodopiava entre Yanka, Kaiko, Eros e Cinzento.

- Eu sabia, sabia que vocês conseguiriam! - Ela comemorou. O gigante cinzento bagunçou os cabelos dela com a tromba, parecendo feliz em vê-la. Eros agachou na altura de seus olhos.

- Obrigada por nos ajudar, Wika.

A menina passou as mãos suavemente embaixo dos olhos de Eros. Sua expressão se entristeceu.

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora