22 Γ••

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Yanka foi levada por uma passagem que deu em uma área feminina de banho coletivo. Felizmente as piscinas de água natural estavam vazias, ou Yanka teria socado a cabeça da primeira mulher da tribo Yeta que visse.

Ela e as mulheres Wattu despiram suas roupas e desfizeram suas tranças antes de mergulhar na piscina.

Yanka quase gemeu de prazer quando a água morna abraçou seu corpo cansado. Os dias haviam sido severos e exaustivos, e era a primeira vez que ela se permitia relaxar. Mergulhou a cabeça na água, e quando voltou à superfície ouviu Wola falar:

- Ele é tão alto – Ela soltou uma risadinha enquanto confidenciava com a outra mulher – E forte e... já viu aqueles olhos azuis? São azuis o céu de uma planície no verão e eu tenho vontade de mergulhar neles toda vez que ele me encara e...

Um pedaço de sabão passou voando rente à sua orelha. Wola gritou, assustada. Do outro lado da piscina, uma Yanka com cara de poucos amigos sorriu para ela de forma forçada.

- Desculpe... Acabou escorregando da minha mão.

A outra mulher arreganhou os dentes para Yanka.

- Será possível que a grande filha da tribo Cati gosta daquele homem estranho e pálido?

Yanka esfregou pernas e braços enquanto avaliava a mulher do outro lado da água. As mulheres da tribo Wattu além de serem guerreiras natas, também arrumavam confusão com mais frequência que os homens.

- Se achassem o homem estranho, nunca estariam conversando sobre os olhos azuis dele como o céu de uma planície no verão - ela provocou em um tom duro.

A mulher avançou, irritada e Wola a puxou de volta.

Yanka a avaliou também. Wola era mais jovem e mais feminina que ela. Tinha grandes olhos enquanto Yanka tinha olhos felinos, e um corpo cheio de curvas. A vida no campo havia deixado Yanka forte, mas também magra e sem abundância.

E a mulher ainda era gentil e apaziguadora, para o total desespero de Yanka.

- Desculpe, Yanka – Wola murmurou, sorrindo constrangida – Vamos nos retirar para que você possa terminar de tomar seu banho.

E empurrou a outra mulher na direção da saída, apesar de seus protestos.

Yanka socou a água quando elas saíram.

Dentro de si, havia uma confusão de sentimentos, e no meio delas, um homem de sorriso fácil e olhos azuis.

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Ela estava sentada em uma mesa, no grande refeitório, comendo de má vontade quando ele apareceu.

Por um momento, ela achou que estivesse sonhando.

Eros havia tomado um banho e sua pele branca reluzia. O cabelo loiro estava solto e molhado e ele havia aparado a barba, apesar do pescoço ainda ter o corte feio. Haviam arrumado para ele uma túnica azul, que destacava seus olhos, e a iluminação em fachos faziam sombras em seu corpo musculoso, destacando lugares que Yanka mataria para passar a mão...

Ele se sentou na sua frente, piscando os olhos sedutoramente e fazendo o coração dela acelerar.

Eros e seus homens, que faziam barulho e comemoravam a fartura de comida depois de dias com tiras de carne seca racionada, olharam toda a comida que a tribo Yeta lhes dera e começaram a lotar seus pratos com pernil de porco ao molho de anchovas, purê de batata com leite de coco e tomilho, quiabo recheado com milho e páprica, banana empanada com farinha de beterraba e mais uma infinidade de coisas.

Wola se sentou ao lado de Eros, parecendo tímida. Lhe entregou uma porção de cenoura com pimenta do deserto e Yanka bebericou em seu copo para esconder a cara de raiva.

- Está chateada com o Yretoo? - Kaiko, a quem ela vinha mantendo distância considerável se sentou ao seu lado.

- Eu?! Há! Eu não. Apenas preocupada com a pequena e adorável sanguessuga ao lado dele – Ela resmungou, brincando com a comida no prato.

O guerreiro riu e ela o cutucou.

- Não ria.

- Por que não conta a ele?

- O que?

- Que gosta dele.

Yanka cuspiu a água que tinha na boca direto no rosto de Eros.

A tropa caiu na gargalhada e Eros passou a mão no rosto, surpreso.

- O que foi isso? - Ele perguntou.

Kaiko ao seu lado tinha uma expressão de quem tinha acabado de pegar o gato no pulo e Yanka se levantou do jeito mais elegante que conseguiu. Wola se inclinou sobre ele, preocupada. Yanka torceu a boca.

- Aparentemente seus olhos azuis como o céu de uma planície no verão me hipnotizaram – Ela murmurou, olhando de forma perigosa para Wola.

Eros franziu as sobrancelhas, mas antes que pudesse falar algo, ela marchou para longe. 

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora