5 ▲••

15 6 23
                                    

Yanka seguia a frente do cortejo, presa nas garras de Velho Urso.

Pela primeira vez naquela noite, a exaustão e uma dor intensa no corpo ameaçavam nublar sua mente.

Mas ela continuou, um passo de cada vez.

Atrás de si, ela sentia os olhos do grande guerreiro nela, agora completamente banhado no líquido que o protegeria do calor.

"Grande deusa mãe", ela implorou, "permita que ele sobreviva. Só assim, poderemos sobreviver"

- Pensando em uma artimanha para fazer aquele bunda pálida sobreviver, gracinha? – Velho Urso baforou em seu ouvido, mas ela o ignorou – Acha mesmo que vai conseguir me tirar daqui com isso? Está muito enganada!

Yanka apenas suportou. Contornaram o vulcão, e na face mais distante a tribo, uma fissura do tamanho de um boi apareceu.

- Querida tribo Cati! – Velho Urso urrou. A tribo, antes em festa pelo sacrifício de Yanka, agora estava amuada, se encolhendo para longe dos homens estranhos que os cercavam. – Chegou a hora de testar se esse homem é mesmo um enviado do deus Rabuk!

Ele olhou com maldade para Yanka exibindo os dentes podres.

- Ele tem até o nascer do sol para aparecer do outro lado do vulcão. Caso ele não apareça, daremos continuidade ao sacrifício ao deus Rabuk!

Com um aceno, homens empurraram o grande guerreiro até a fissura.

Yanka agarrou o braço dele. Olhando para os lados, ela pousou a mão sobre a dele e lhe entregou um objeto.

- Siga o mapa para achar a saída, mas nunca volte atrás, ou ficará mais perdido que antes. Seja rápido, e não hesite. – Ela o olhou intensamente - Sobreviva e apareça antes do nascer do sol. O meu futuro e o da minha tribo depende somente de você.

O homem levantou uma sobrancelha, e sorriu, chegando perto o suficiente para roçar o rosto no dela.

- Prepare o ouro, minha senhora. Irei buscá-lo em breve.

////

Yanka se arrastou até cair exausta contra o vulcão. Haviam se deslocado até a fenda do outro lado, por onde o guerreiro deveria sair.

Sua tribo havia montado fogueiras e preparavam comidas e cobertores para passarem o resto da noite e a tropa do guerreiro pálido havia se dividido. Alguns saíram do círculo de árvores, provavelmente para procurar comida e lenha, e outros conversavam em voz baixa e Yanka teve a péssima impressão de que eles estavam decidindo o que fazer caso seu líder não aparecesse.

E ali estava Yanka, guardada por dois de seus irmãos, isolada de todos e tremendo de frio, fome e exaustão.

Fechou os olhos, tentando pelo menos dormir e esquecer aquilo tudo.

Algo foi jogado aos seus pés, e pelo movimento, tinha sido um dos guardas.

Ela pegou o embrulho e sorriu fracamente.

Um bolo de mandioca, envolvido em um pedaço de couro, com escritas.

"Não desista. Papai."

Ela comeu, quase chorando de emoção.

Seu pai não havia desistido dela, afinal. 

O despertar de CatiOnde histórias criam vida. Descubra agora