A Canção de Ninar

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texto em itálico são pensamentos

palavras em negrito são enfáticas na entonação

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A CANÇÃO DE NINAR

Várias respirações e expirações curtas e superficiais com grande frequência seguidas de outras tantas com frequência menor e profundas, uma das mãos segurava firme a mão de Logan, enquanto a outra estava presa na grade lateral com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.

Há meia hora, ela e Logan conversavam, descontraidamente, no deck, enquanto o Sol se punha, sobre o que fazer com a caça que ele trouxe. Haviam decidido realmente dar vazão ao lado selvagem deixando-o caçar livremente na mata próxima e como uma vida se perderia, queriam aproveitá-la ao máximo e todas as partes possíveis. O canadense já havia removido toda a pele – para curtir depois o couro – e os chifres do cervo macho, bem como separado a cabeça e, em seguida, separado as partes, congelando as peças dele, com isso, conversavam.

- A gente podia comprar um cachorro, o que acha? Aí dávamos a carne crua pra ele se sentir cachorro de verdade, sem desperdício... Eu até podia descolar um lobo, tem alguns que me conhecem lá pelos lados do Canadá – ele diz tudo isso observando as expressões de Ohana e se divertindo em como elas vão se alterando de uma expressão de algo possível para um descrédito total.

- Sério?! Eu pensando em um Yorkshire e você vem me falando de lobos?!

Ambos caem na gargalhada e então tudo acontece muito rápido: o canadense ouve um barulho parecido com uma bexiga estourando e sente um cheiro diferente, adocicado, a ruiva apoia a mão no ventre e geme baixinho, enquanto o líquido amniótico escorria pela perna da ex-mutante, atual psiônica. Ela apenas olha para Logan que já sabia o que fazer, pegando-a no colo carinhosa mas urgentemente, eles foram em direção à Mansão.

Logo perto da piscina estavam Warren e Ororo e ao verem o canadense levando a ruiva com urgência entenderam que o grande dia havia chegado! Com um olhar de compreensão, a Deusa dos Ventos voa para dentro da construção enquanto alerta mentalmente Jean de que sua paciente estava indo para o Labmed, em trabalho de parto.

Logan olha rapidamente para Warren, com um misto de alegria e preocupação e passa célere sendo seguido de perto pelo amigo.

- Não se preocupe, amigo. Tudo vai dar certo! Desta vez! – não conseguindo esconder do outro mutante o quanto aquela proximidade também era para garantir a segurança de Ohana caso algum "convidado" indesejado aparecesse...

Numa fração de segundo o canadense agradece a presença de todos ali, dispostos a defender a vida de sua esposa e de seu filho. Nada de mal aconteceria mesmo, e isso o permite sorrir.

Todos os envolvidos no nascimento já sabiam seus papeis e Logan sabia em qual das inúmeras macas depositar levemente Ohana, não sem antes dar um olhar de compreensão e presença para ela, enquanto seus lábios diziam "eu te amo". Assim que deita inicia os exercícios respiratórios aprendidos, com várias respirações e expirações curtas e superficiais com grande frequência seguidas de outras tantas com frequência menor e profundas; o canadense ia se preparando para sair, mas uma das mãos da ruiva segurou firme a mão de Logan, enquanto a outra estava presa na grade lateral com tanta força que os nós de seus dedos ficaram brancos.

- Não tente perder esse momento por nada desse mundo. Eu te peço: fica comigo, o tempo todo, pra sempre... – e voltou a respirar diferenciadamente.

- Tu manda, linda. Não vou pra lugar nenhum. Fico contigo até o fim, podexá...

E nisso entraram Jean e Hank já paramentados para mexer do modo mais asséptico possível na criança que nasceria. A telepata entrou em contato com Ohana para deixá-la mais tranquila e com isso, a mão que forçava a grade deu uma relaxada e a psiônica conseguiu olhar para Logan de modo mais tranquilo. Ele notou a diferença depois da entrada de Jean e, com isso, endereçou um olhar de agradecimento a ela, mesmo sem dizer palavra.

Wolverine - Momentos da VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora