"Estávamos em Global School. Era tudo ou nada agora."
O novo ano no colégio interno traz novas figurinhas para o quadro de alunos da prestigiada instituição. Mais de 200 jovens administrados por seis padrinhos e um autoritário diretor impopular...
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— Você tem certeza?
— Não exatamente, Europa. No entanto, é uma opção válida. Eu e os garotos da Sala Investigativa vamos ficar no encalço dele para saber se essas desconfianças são verdadeiras. Preciso descartar de vez essa possibilidade.
— E quanto a mim? – sua voz tremia e ameaçava desabar em um choro doloroso. — Sabe se já cogitaram alguém para me substituir?
— Na verdade, já sim. Creio que conheça ela. A Juíza Emérita, Rodínia. Ela trabalhava com os julgamentos aí no Fórum das Nações antes que Pangeia subisse ao cargo. Ela é uma senhora muito culta e comprometida com um ensino sério. Com certeza, honrará seu posto. E não se preocupe com as acusações, minha querida. Farei de tudo para ajudar a provar sua inocência. Essa pantomima criada em cima da sua imagem não há de durar.
— Muito obrigado... muito obrigado, África. – nesse termo ela já estava espasmando em lágrimas do outro lado da linha. — Você nunca deve deixar de ser essa, pessoa atenciosa e complacente. Não sei o que seria de mim sem sua ajuda.
— Não me agradeça ainda. Confie, tudo será resolvido, e se Nosso Senhor quiser, você vai voltar para o cargo de mestra. Jamais perca a esperança.
— Não hei de perder. Mas não pense que irei esperar sentada. Nessa estadia aqui no Fórum, cuidei de me aproximar de dois membros do tribunal, o promotor Gondwana e a escrivã Laurásia. Pedirei que eles tentem interceder por mim, nem que seja de uma mínima forma. Eles ainda estão relutantes pois apesar de ser justo, Pangeia não é alguém de muito bom humor.
— Tome cuidado, sim?
— Tomarei. Agora vá que você disse que tinha uma reunião com os alunos. – a voz dela pareceu mais esperançosa. — Feliz Réveillon.
E dessa forma, ela desligou. Mantive o telefone nas mãos e me pus a pensar.
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Não me apresentei ou cumprimentei vocês antes porque, para ser sincera, peguei esse capítulo em cima da hora. Não era intenção contar as coisas sobre meu ponto de vista, porém espero que seja interessante ver o desenrolar dos acontecimentos contado por um mestre. Minha pessoa vocês conhecem, sou a madrinha dos Africanos, uma das docentes de Global School. Amo esse colégio e trabalho aqui faz tempos imemoriais, mal me lembro do dia que parei em frente aos portões pela primeira vez.
Mas sobre minha vida pessoal, honestamente nada há de interessante. E não há tempo, eu creio, já que vocês querem ver outras cenas e explicações. Então vou contar sobre o colégio e sua fundação. Global School foi criada há muitos e muitos anos, e tem, a princípio, dois fundadores que mais tarde foram denominados Altos Gestores. Um é a Igreja Católica, que leva consigo o título de Mãe das Nações. O porquê disso se dá ao fato de que ela gerou, além de filhos "igrejas", a vários países, que posteriormente aumentaram a árvore e deram origem a outros, até que chegassem nos alunos atuais. Outro Gestor é o Império Romano. Ele, de certa forma, é mais submisso à Igreja Católica, algo que era impossível de se imaginar em sua vida pregressa. Os dois, baseados no conhecimento filosófico grego, no direito romano e na Tradição Apostólica cristã, fundaram um colégio interno que seria grande propagador de valores e morais nas habitações próximas ao Vale. Foi uma iniciativa na época criticada, mas logo em seguida prestigiada.