8. Chá de sumiço

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Tá, aconteceu o seguinte

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Tá, aconteceu o seguinte.

   É, eu sei, desapareci por um dia inteiro, sem dar aviso nem nada. Mas nesse pequeno tempo que eu não dei as caras, um monte de coisa foi esclarecida. Se eu soubesse que estava correndo tanto perigo, não tinha ficado de bobeira sozinho pela escola. Mas esse era o preço de se meter com "peixe grande", como eu costumo falar.

   Foi a primeira vez que entrei no quarto de Alemanha, e pude ver como ele era minuciosamente organizado. Mesmo com a cabeça sobrecarregada o macho tinha tempo pra dobrar todas as toalhas dali, conferir todas as listas de obrigações que ele guardava numa pasta no canto da escrivaninha, limpar o próprio banheiro e estudar. Só o armário de roupas estava uma zona, não sei nem dizer, já que ele mesmo dizia que dava pra achar tudo que precisava ali. Se bem que o visual dele não era muito variável, então pra se vestir acho que não era muita cerimônia.

— Por que tanta coisa se a maioria delas eu nem te vejo usando? – me dei ao luxo de pegar uma camisa azul escuro, com umas doze estrelas amarelas formando um círculo. Ele, que olhava para o notebook, em busca do que queria mostrar, virou na minha direção, pegando ela da minha mão de uma vez.

— Não gosto mais de muitas delas. Essa aqui parei de usar só porque não encontrava mais mesmo. Ela me lembra de antes, quando eu... quando eu socializava. Ah, põe de volta aí.

   Peguei a camisa no ar, jogando para dentro do armário novamente, mas ainda encarando aquela pilha de tecidos mal-amados dele. Olhei novamente para o restante do quarto; reparei nas cortinas, que permaneciam as mesmas que no restante dos dormitórios, cor bege e blackout, escancaradas e mostrando a noite escura do lado de fora. O tempo parecia estar esfriando, um monte de nuvens chegava, mas pelo menos o aquecedor tava ligado.

   Haviam outras duas camas. Uma provavelmente era do Grécia, já que havia um criado-mudo bem do lado, com alguns porta-retratos ali, virados para o lado. Dei uma leve inclinada e pude discernir apenas uma, em que ele aparecia com Alemanha, o braço atrás do pescoço. Puxa, que estranho era vê-lo sorrindo; a cara dele sempre foi fechada pra mim. A outra cama não parecia ser de ninguém, não tinha praticamente nada além do cobertor e do travesseiro.

— Quer algumas das roupas? – notei que tinha deixado o armário aberto quando Alemanha sugeriu isso. Ergui os ombros, indeciso: — Você daria pra mim?

— Só estou perguntando porque, acho que talvez goste de algumas delas. Como eu não uso faz tempo, talvez até caiba bem, mas pela nossa diferença de tamanho... – ele olhou para a tela do computador repentinamente. — ...venha aqui, Brasil.

— Carregou? – me aproximei curioso do objeto, que emitia um pequeno barulho de aviso; pelo o que a voz da "mulher" dizia, era como "Acesso autorizado". Alemanha tinha entrado em alguma página.

— Que é isso?

— Os dados estatísticos que provam que o quantitativo bancário do internato diminuiu, e não foi por acaso. Entre o mês de março e abril, é o tempo em que Global School menos gasta com dinheiro; as festas e os gastos para infraestrutura sempre são contados e requeridos ao longo do ano, mas durante esse tempo é quase como se estivesse tudo bem, e quase não precisássemos sacar nada. No entanto, mesmo assim uma quantia de aproximadamente 178.000 mil dólares "sumiu" do depósito, sem mais nem menos. Tentei procurar um responsável plausível por essa incongruência, verificando quem tinha acesso à senha do banco.

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