Capítulo 8

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10 anos atrás  

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Era uma das lindas tardes do mês de outubro, durante esse mês naquele reino quente nasciam muitas flores pelos jardins de muitas das casas, como eram poucas as chuvas nessa época, todas as tardes as mulheres apaixonadas e senhoras dedicadas às suas pequenas plantinhas saiam para regar todo o jardim. 

Para a linda rainha daquele reino não era diferente, no final da tarde, ela tirava o tempo para ficar um pouco com seu filho que agora estava ficando mais ocupado  com aulas que era obrigado a fazer por ser o futuro herdeiro do trono. O Pequeno Jung Hoseok, não era mais tão pequeno assim, agora com seus doze anos, estava se tornando um lindo jovenzinho. Estava se dedicando às tarefas para no final do mês ter sua tão esperada viagem até a praia, alguém esperaria por ele lá, e ele não  deixaria esse alguém decepcionado. 

Assim como todas as tardes, ele seguiu a mãe usando sua habitual jardineira, segurava em uma mão um regador azul e na outra a muda de uma flor que sua mãe dizia ser muito bonita. Se sentaram na terra e começaram a trabalhar, a mulher sorria para o filho que ajeitava a muda na terra com uma pá. 

— Quando a flor crescer e desabrochar eu vou dar ela para o Ginho, acha que ele vai gostar? 

— Vai sim filho. — Fez carinho no rosto sujo de terra do filho e após minutos terminaram.

Eles voltaram para dentro e após o banho desceram para o jantar, através da enorme janela viram nuvens escuras e carregadas de chuva sobre o castelo, o que era estranho já que não era época de chuva. Começaram os raios e trovões, e logo após a chuva começou a cair, era muita chuva, a janela em um instante ficou embaçada pela água. 

O mensageiro real entrou apressado pela porta principal, lá estava ele encharcado e ofegante, quando ele vinha assim ao castelo era sempre algo sério. Hoseok lembrava que da última vez trouxeram a notícia que o vovô estava doente e que não tinha muitos dias de vida. Eles partiram e só voltaram seis dias depois, tristes pela partida do antigo Rei. 

— O que aconteceu Mike? — A rainha alfa perguntou ao mensageiro que controlava a respiração. 

— A Família do Kim Junseo sofreu um acidente, a carruagem deles escorregou de um penhasco, os guardas reais do reino que estavam passando procuraram por sobreviventes, mas infelizmente não encontraram. Dois dos corpos foram encontrados sem vida perto das margens do rio onde a carruagem foi parar, mas o corpo da criança mais nova que estava com eles foi levado pela correnteza. 

As mulheres mais velhas arregalaram os olhos, era uma notícia horrível, eles eram seus melhores amigos, olharam para o filho e o menino tinha os olhos cheios de lágrimas, ele havia entendido, mas ainda não queria acreditar. Era ainda muito jovem para entender a dor que surgiu em seu peito, não era verdade, não podia ser. 

— Omma, o Ginho desistiu de ir para praia não foi? Diz que ele desistiu, por favor. — As mulheres seguraram as lágrimas e se abaixaram ao lado da criança. —  Não era o Ginho que estava na carruagem com o Tio Junseo, não era. — Derramou as lágrimas e chorou alto, seu lobo também chorava dentro de si, parecia querer sair para fora e tomar conta de seu corpo. 

— Calma filho, eu sinto muito. — A Ômega falou com a voz embargada. 

— Tá doendo mãe, dói muito. — Colocou a mão sobre o peito e apertou sua camisa. 

Era agonizante ver o menino daquela forma era horrível, as mães dele estavam sem chão, chorando pela dor delas e pela dor do filho, elas se imaginavam perdendo uma a outra, e no quão torturante aquilo seria. 

— Eu quero ele de volta. Eu quero ver ele omma's. 

— Desculpa filho. 

O Jung mais novo subiu para o quarto, se trancou lá e gritou em agonia, seus sentimentos, sua dor, medo, tristeza, aflição, raiva e luto se misturaram com os do seu lobo, ele nunca havia sentido isso antes, era sufocante, o ar não entrava em seus pulmões. 

Sentado contra a porta ele buscava ar, em sua mente passaram-se memórias felizes ao lado do pequeno ômega, memória essas que ele sabia que não iriam ter continuação, ele conseguia ver o sorriso no rosto do menor, era lindo, mesmo com uma janelinha.  

A mãe do menino tentou falar com ele naquela noite mas não teve resposta, durante a noite eram ouvidos uivos tristes de seu lobo, elas estavam com medo dele não  conseguir suportar toda a dor, na maioria dos casos, a pessoa ia morrendo por dentro, e elas não deixariam isso acontecer. 

Na manhã seguinte, a ordem era tirarem do castelo tudo que lembrasse o ômega falecido, a grande pintura dele e de Hoseok que estava na parede do corredor foi retirada,o pequeno cachorrinho que o alfinha havia ganhado de presente foi mandado para a casa do avô, tudo que guardava memórias do pequeno ômega foi retirado do castelo. Até mesmo o pequeno retrato que ficava no quarto de Hoseok. 

Ele chorou para que não tirassem, mas acharam melhor assim.

Dias se passaram e ninguém mais falava sobre isso, o menino insistiu, mas fingiam não o escutar. Com o passar do tempo as memórias foram faltando e as lembranças sumindo, afinal, ele era uma criança, ainda tinha muitas memórias para absorver e as memórias antigas ficariam para trás incluindo as de um pequeno ômega  branquinho com lindos cabelos escuros. 

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Durante a adolescência ele ficou horrorizado, todos os ômegas se afastavam de si com medo. Seu cheiro forte de vinho assustava a todos, ele até namorou uma ômega por alguns meses, seus encontros eram sempre ao ar livre onde seu cheiro era camuflado pelos vários outros cheiros do lugar. 

Na época do namoro, seu cio chegou e a menina escolheu passar com ele, não  deu muito certo, o cheiro se intensificou, seu lobo tomou conta e a menina se desesperou, mesmo sem aproximação a menina se encolheu na frente da porta do quarto e gritou. Gritou como se Hoseok estivesse a machucando. 

Na cabeça de Hoseok só se passava uma coisa, sua alma gêmea. Ele sabia que havia a perdido, mas não se lembrava nada sobre ela. Seu lobo começou a implorar por ela, mesmo sendo impossível, o lobo a chamava. 

A garota foi retirada dali e o Hoseok passou o cio sozinho, afinal, o lobo não queria mais ninguém além do que era seu. Não tinha um cio que estivesse acompanhado, passava os dias sofrendo em agonia e tentando se controlar, tentara chás supressores mas não funcionou, o cio dele era forte demais.  

Ele cresceu sabendo que ficaria sozinho, ninguém além se sua falecida alma gêmea conseguiria se aproximar dele. Se concentrou em seus afazeres como príncipe e dedicou cada segundo de seu tempo a essa função, ignorando completamente os ômegas que surgiam em seu caminho, até um prisioneiro inocente aparecer em seu caminho. 

😊😊

As Suas Ordens Meu Rei - Yoonseok  (ABO) Onde histórias criam vida. Descubra agora