Capítulo 23

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- Elain

Magia...

Pura e constante magia, em nenhuma parte do meu vocabulário inteiro eu encontraria uma palavra melhor pra descrever o que era aquele lugar. Nos cinco havíamos acordado em frente de um muro gigantesco e andamos por quilômetros ate encontrar: Um portão de ferro que aparentemente chegava a metros de altura tão exorbitantes que a olhos nus não conseguíamos ver o final pois a neblina cobria grande parte do paredão. Com grandes correntes o atravessando e plantas, musgos e ervas daninhas dando ar ainda mais milenar a aquela enorme construção, se é que aquilo era uma construção algo em mim gritava que era algo bem mais profundo.

--- Seja lá quem ou o porquê fez isso sabia muito bem o que estava fazendo - afirmou Cassian, aterrissando ao meu lado.

- Precisamos abrir e rápido - disse Mor se aproximando da enorme construção - Vamos tirar uma parte dessas ervas pra podermos enxergar melhor - Todos assentiram.

Em pouco tempo grande parte das plantas estavam no chão nos dando um novo deslumbre no enorme portão de ferro. As correntes estavam toas ligadas a um único cadeado, todavia havia um porém: Nós tínhamos cinco chaves.

- E agora como vamos saber qual chave é a certa? - Questionou Gwyn com a testa franzida, eu ainda ficava espantada no quão bela ela era com seus cabelos ruivos, seus olhos azuis que lembravam aguas tranquilas e calmas como os mares da estival, fico feliz apenas em pensar que em pouco tempo já nos tornamos próximas.

- Vamos ter que testar uma de cada vez e ver qual se encaixa. Cada um de nós estava com a chave pendurada em um barbante escondido dentro do uniforme, mas em poucos instantes Az já estava voando acima tentando encaixar a chave no portão. - Sua vez Cass - disse Az aterrissando.

E assim um a um todos tentaram encaixar suas chaves até que restou apenas uma, a minha.

- Certo vamos lá Elain - Cass me ajudou a subir até onde se encontrava o cadeado e ainda o encarando segurei o cordão puxando a chave pra mim. Antes de encaixa-la minha mão tocou o portão de ferro como se... como se eu já conhecesse seja lá o que está através desse portão, como se tudo e todos aguardasse apenas esse dia. Estranhamente mesmo tocando o ferro frio minha mão estava quente e eu podia sentir cada pulsação do meu coração.

- Vai dar tudo certo Ellie, apenas encaixe a chave e não olhe para baixo - Era Mor me incentivando lá de baixo.

- Tudo bem - disse pra mim mesma - Obrigada Mor! - gritei lá pra baixo. Me virando encarei novamente o cadeado e aproximei a chave dele, cada segundo era como se o sangue em minhas veias, aumentasse gradativamente e uma alegria surgiu em algum lugar dentro de mim. Quando a chave encaixou foi uma diferença mínima até que eu a virasse então uma luz forte irradiou pelo portão e a ultima coisa que eu me lembro é de ver as correntes caindo ao chão... até agora.

De cima onde estávamos conseguíamos ter uma visão ampla de todo o lugar, que é todo construído em cima do mar que de onde estávamos aparentemente não tinha fim, três grandes círculos de terra de civilização todos ligados a pontes que davam ao lugar central onde um castelo exorbitante estava posicionado, vários tipos de relevos e terras poderiam ser observados: ao norte montanhas com picos nevados e ao sul um deserto de areias brancas que se movimentavam com qualquer traço da brisa do vento. Era estranho descrever o clima daquele lugar, não era calor, nem frio, nem chuvoso... era reconfortante.

- Que caralhos de lugar é esse? - disse Cassian sendo o primeiro a falar.

- Você tirou as palavras da minha boca Cass - Mor concordou - Vamos explorar e ver se encontramos uma alma gentil pra nos orientar.

- Tomem cuidado estamos em um território novo, olhos atentos sempre - disse Azriel cauteloso.

- Certo! - todos respondemos.

A cada passo mais encantada eu ficava com a beleza desse lugar, passamos por pessoas no campo que sorriram cordiais eles riam e falavam algo entre si que nenhum de nós conseguiu entender, mas fiquei feliz pela alegria deles. Quando paramos em um pequeno lago para repor as energias encontramos uma nova descoberta.

- Então... Cass eu acho que você fez um novo amigo - Me segurei pra não rir enquanto falava.

- E aparentemente ele gostou do seu cabelo - disse Mor gargalhando.

- Engraçadinhas aposto que é uma brincadeira e... - Ele se virou e encontrou: uma especie de cavalo alado, com asas e de um tom creme, o animal mais lindo que eu já havia visto em toda minha vida - Mas que porra é essa? - Por coincidência do chamado vulgar ou não o animal espirrou nele sujando grande parte do seu cabelo.

-Bom ela é conhecida por muitos nomes, mas "porra" com certeza não é um deles. - Uma mulher surgiu de cima das arvores pulando a nossa frente - Algodão eu já disse pra parar de ser gentil com estranhos - disse ela acariciando o cavalo cujo nome aparentemente era " algodão" fazendo uma alusão a sua pelugem - E quem são vocês? Não me lembro de ter visto vocês por aqui.

- Nós somos...

- Da fazenda - disse Mor interrompendo as palavras de Gwyn - De uma fazenda bem afastada, somos todos irmãos.

- Hum.. vocês não parecem irmãos - disse a mulher dando uma leve virada no pescoço balançando os seus longos fios.

- Somos de mães diferentes - disse Gwyn rapidamente.

- Certo... - disse a mulher inspirando fundo - eu vou perguntar de novo - ela se virou encarando um a um - Quem são... - Seus olhos pararam em mim e então por uma fração de tempo eles se arregalaram e enquanto eu analisava sua expressão também analisei a mulher a minha frente, ela era parda como Cass e Az e tinha cabelos que batiam na altura da bunda castanhos escuros que iam clareando até chegar na ponta, um corpo escultural que me lembrava o de Mor, mas essa mulher tinha todos os traços de um illyriano menos as asas tão características e a cor dos seus olhos eram verdes como esmeraldas, que brilhavam ainda mais no reflexo do sol - Você... - disse ela interrompendo minha analise.

-Muito prazer eu sou... - disse me apresentando quando fui interrompida pela mulher.

- Eu sei... eu sei quem você é!

- Como?

- Então finalmente chegou o momento - disse ela mais para si mesma do que para nós ignorando a minha pergunta.

- Hora do que? - perguntou Az ao meu lado.

- Não sou digna de explicar nada - disse ela abaixando o olhar.

- Então pode nos dizer pelo menos o seu nome? - perguntei a mulher, me assustando quando em um piscar de olhos o seu vestido de camponesa sumiu dando lugar a um uniforme de soldado e seus cabelos antes soltos agora em duas tranças.

- Eu sou a comandante Triz e protejo cada cidadão com a minha vida! - E trazendo espanto aos olhos de todos a mulher se ajoelhou a minha frente proferindo palavras que eu nunca nem em sonhos ousaria ouvir - A seu dispor Vossa Majestade!


O Encantador De Sombras E A CorçaOnde histórias criam vida. Descubra agora