O Encantador De Sombras E A Corça

Capítulo 24

- Elain

- O que você disse? - Perguntei mesmo acreditando que a mulher a minha frente não entenderia o meu baixíssimo tom de voz.

- Vamos! não temos muito tempo - disse ela se virando em direção a estrada.

- Tá legal você diz uma coisa assim e não tem a mínima decência de explicar? - Perguntou Mor.

- Como eu disse não sou digna de falar sobre isso - Triz deu um longo suspiro - Mas dou a minha palavra que vocês vão entender tudo... daqui a pouco. Agora vamos, vocês chegaram no período dos torneios e a cidade esta uma loucura. - E fazendo a coisa mais racional naquelas circunstancias seguimos a comandante.

- O que é esse torneio? - perguntou Gwyn com um leve teor de curiosidade.

- Ah não ser que você também não possa falar sobre isso. - Disse Cass azedo, Triz apenas o ignorou.

- Pensem em um lugar com milhões de pessoas encurraladas, jovens no auge de sua força vital, homens sem ir pra guerra, tivemos que pensar em algo que supriria essa necessidade básica e daria um foco... um controle emocional pra todos. Tanto os que torcem como os que participam amam o torneio e se preparam durante todo ano pra isso. - Explicou ela. 

- Então é basicamente algo pra manter todos ocupados? - disse Gwyn com um sorriso travesso.

- Falando em termos fáceis: sim! É isso aí - Triz sorriu com a afirmação.

- E quem comanda tudo isso aqui? - Perguntou Az ao meu lado.

- Boa pergunta encantador! - Como ela poderia saber disso... 

- Como você? Quer saber eu desisto... - disse Cass arrancando risadas de todos.

- Bom... No começo tentamos ter um novo rei, mas com o passar do tempo percebemos que era inútil. Eles não lutavam pelo povo ou por um ideal em comum, lutavam por si mesmos - Ela passou as mãos pelas asas do lindo animal ao seu lado - Então depois de varias tentativas todos acharam viável que o povo se dividisse em casas e cada uma enviasse um representante que lutaria pelos ideias da sua casa e um líder que caso todos não concordassem teria a palavra final. 

- E me deixa adivinhar agora você esta nos levando para encontrar esse líder? - Mor prendia os fios que desciam pela testa enquanto dirigia as palavras a Triz.

- Isso mesmo! - Ela fez uma pausa e encarou algo que nós não notamos antes por causa da conversa - Bem vindos á...

- Elysia - Essa palavra cantava no meu coração como se eu já vivesse nesse lugar a séculos era como... como... 

- Casa - Sussurrou Azriel no meu ouvido o que me fez encara-lo com os olhos arregalados, ele deu um leve sorriso e acenou apenas uma vez e eu não precisaria de nenhuma palavra porque nos entendíamos assim. Voltei os meus olhos pra aquele lugar cheio de pessoas, casas, animais e crianças que corriam por toda parte.

- Isso mesmo Alteza, essa é Elysia construída a milênios... minha casa - Triz disse com admiração e algo em mim se encheu de alegria por ter conhecido essa mulher que amava tanto o seu lar. Com uma ultima olhada voltamos a andar em direção ao castelo.

- Eu levaria todos pra um passeio, porem realmente não temos tempo agora então vamos optar pelo caminho mais rápido... por cima. - Afirmou ela olhando para um ponto que não conseguíamos ver.

- Co-Como? - perguntou Gwyn aflita.

- Isso mesmo! Agora tenham bons sonhos. - Antes que pudéssemos reagir uma nuvem de poeira passou por nós e senti uma mão segurar minhas costas enquanto eu tombava no chão junto com os outros.

"- Oi lindinha sentiu saudades?

- Não - ouvia minha voz embargada - Por favor vá embora, me deixe em paz - lágrimas começavam a se formar em meus olhos.

- Não posso amor estou preso dentro de você - Uma longa pausa e então prosseguiu - mas por pouco tempo eu garanto.

- O que você quer dizer com isso? - Gritei cansada de todos esses enigmas exaustivos.

- Não grite amor, não sou surdo!

- Você não tem o direito de me chamar assim, me prendeu, fez com que eu acreditasse que estava sozinha, manipulou as pessoas ao meu redor, você me matou... - fui interrompida

- Não! Você se matou sozinha - ele gritou congelando todos os ossos do meu corpo - Você... Fez... Isso sozinha... Eu só dei um empurrão.

- Vai embora!

- Fique calma lindinha, nos veremos em breve - ouvi sua voz ficando distante e então ele falou algo que me fez gritar como se o mundo estivesse prestes a se partir."