Prólogo 2

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Antes

As luzes amareladas iluminavam a multidão agitada que nas mãos seguravam dinheiro e copos de bebida, os olhos embriagados não perdiam um movimento sequer dos dois homens em sua frente. Uma música alta e com batidas de um Funk pessado resoavam ao fundo, saindo de grandes caixas de som. Nas janelas e partes altas homens seguravam suas armas para o alto, e as mulheres, vestidas em pouca roupa e maquiagem pesada, rebolavam e sorriam grogue.

Era insano.

Estavam cercados pelas paredes mal rebocadas da grande favela, tinham pichações feitas por elas, marcas de disparos por armas de fogo. Estavam em casa, era como viviam.

Outro golpe veio na direção do rosto já machucado do garoto, ele desvia e acerta um chute nas costelas de seu oponente tão machucado quanto si mesmo. Após o loiro com quem lutava abaixar um pouco devido a dor, o moreno acerta uma cotovelada na têmpora dele e o nocauteia. O corpo maior vai ao chão, desacordado e sangrando, o vencedor levanta os punhos para cima e grita furioso.

A platéia, quase que completamente composta por homens, grita tão alto quanto o lutador, uns por ganharem a aposta, outros por perderem, mas todos sentiam a emoção da luta. Grande partes dos frequentadores eram moradores do lugar, mas sempre havia alguns que vieram de fora e se enfiaram no meio da bagunça, geralmente eram adolescentes riquinhos que queriam parecer "descolados".

O responsável por cuidar das apostas passava por entre o público entregando o dinheiro,
Changbin cuspiu um pouco do sangue em sua boca enquanto esperava receber sua parte, isso antes de ser puxado no braço pelo seu chefe.

— O que foi, porra? — Esbravejou puxando o braço cheio de hematomas por baixo das tatuagens. — Me solta, caralho! Que que é?

— Cala a porra da boca e vem comigo! — Gritou com a face próxima da dele.

Estava verdadeiramente irritado, não tinha tempo para perguntas. Voltou a praticamente arrastar o garoto em meio a multidão de corpos bêbados e drogados daquele espaço para luta clandestina. Ao redor de ambos, um grupo de homens armados com fuzis os seguiam de perto, garantindo a segurança do chefe. A maioria deles eram jovens demais para estar ali, adolescentes que não tiveram oportunidade de ser alguém na vida.

Nesse mundo não havia justiça de verdade, não eram jovens sem um futuro que mudaria isso.

Andaram por algum minutos até chegarem numa casa pequena e escondida em meio a tantas outras, dentro dela, mais homens armados, e dois caras brancos de terno passado e caro estavam em pé com um copo de uísque na mão, eram claramente estrangeiros. Estavam com leve desgosto pelo lugar onde foram levados, então mantinham o queixo levantado e um sorriso jocoso no canto dos lábios finos.

Changbin travou ao encarar o rosto deles e sentiu um leve desespero ao ver uma maleta de dinheiro em cima da mesa velha. Engoliu em seco, aflito.

Estou fodido; foi a primeira coisa que pensou, estou morto foi a segunda.

— Tá aí. — Soltou o garoto com grosseria. — Nosso melhor entregador. Vai querer mais alguma coisa, ou já tá satisfeito? — Provocou estressado.

— Ele sabe falar em inglês? Vai ser necessário. — Deu mais um gole na bebida forte após questionar. — É de extrema importância que ele não foda com nosso plano, senhor Jay Park. — Foi zombeteiro ao proferir a palavra "senhor".

O sotaque do homem quase arrancou risos dos garotos armados, mas com medo de um confronto, todos apenas se seguraram.

— Fica suave, branquelo. Esse aqui vai fazer tudo nos conforme, é melhor que muitos caras por aí. — Deu tapinhas nas costas de Changbin, o encarando com seriedade, depois foi até a mesa pegar a maleta.

World kinda dead - ChangLix  !Hiatos!  Em Edição!Onde histórias criam vida. Descubra agora