World kinda dead - ChangLix !Hiatos! Em Edição!

9 - Tears (editado)

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Já era quase dez da manhã quando Felix despertou de seu sono pesado. O garoto ainda se sentia estanho, com a cabeça dolorida pelo choro da noite anterior, além de não saber como descrever o que sentiu ao ser consolado por Changbin durante seu momento de fragilidade. Não era a primeira vez que o loiro tinha uma crise assim, a única diferença é que antes elas ocorriam por causa de provas difíceis ou algum tipo de bullying na escola, ao contrário da atual razão: A perda dos pais e a situação caótica do mundo.

Ainda esperançoso de tudo ser um pesadelo, Felix ergueu um pouco a cabeça e passou os olhos pelo cômodo, parando somente quando encontrou Changbin que estava, inesperadamente, dormindo bem ao seu lado, tendo um de seus braços fortes abaixo do pescoço do Lee e o outro em volta da cintura fina do mesmo. A constatação de tal posição trouxe um certo rubor ao rosto cheio de sardas de Felix, ele não havia percebido a forma em que estavam até sentir o aperto sutil em sua barriga, sequer sabia dizer em qual momento ambos se aproximaram o suficiente para ficarem de conchinha.

Sendo sincero, o Lee jamais imaginou que um dia estaria tão perto do moreno musculoso. Changbin sempre se mostrava distante, mesmo quando o ajudava com as crises ou lhe servia comida, ele fazia tudo sem deixar brechas para alguma conexão profunda ser formada. Felix acabou se perguntando se os machucados no corpo dele tinham algo a ver com tal comportamento, afinal o menor parecia alguém complexo de desvendar.

De acordo com as suas percepções, Seo Changbin era um homem de aparência rude e jeito ainda mais grosseiro no geral, mas que ainda assim, se mostrou alguém compreensivo e estranhamente carinhoso de sua forma. Em alguns instantes mostrava preocupações para logo em seguida se esconder na cara fechada de sempre. Confuso e complexo, era como o definia até então.

Desde que o conheceu há duas noites atrás, andou observando a forma que o mais baixo agia, notou que ele era bruto com as palavras e expressões, e no entanto, cuidava do mais novo com as suas ações cautelosas. Desde que se viram naquela rua escura, Changbin só vinha cuidando de si, primeiro levando os mortos para longe do carro, depois não o abandonando na rua e o levando com ele para um lugar seguro, em seguida ele o deixou dormir enquanto ficava como vigia, e na manhã seguinte fez de tudo para proteger Felix durante sua caminhada até o salão de beleza. E como se tudo isso já não fosse tão significativo, o mais velho ainda o acalmou durante seu momento de fraqueza e cozinhou algo para ambos.

Talvez pudesse adicionar o adjetivo "protetor" a lista de observações a respeito de Seo Changbin, ele era seu salva vidas também. Sentia que em breve teria muitas outras palavras conforme fossem convivendo. No fim das contas Changbin se tornava seu anjo da guarda, um na qual o loiro se esforçaria para não dar trabalho ou dificultar as coisas.

— O que...? — A voz do Seo foi ouvida, o timbre grave e rouco provocou um arrepio no loiro, na qual decidiu fechar novamente os olhos e fingir ainda não ter acordado. — Merda! Como é que eu...? Porra, o garoto vai achar que eu sou um maluco pervertido!

Mais rápido que uma bala, Changbin se afastou do corpo alheio. Apressado ele se levantou da cama e foi tomar um banho, além escovar os dentes com o dedo pois não achou nenhuma escova de dentes.

— Bobinho. — Felix riu suave da reação do menor.

Felix não teria esse tipo de pensamento em relação ao moreno, não depois de tudo o que passaram, então se divertia com o medo dele.

Claro, no fundo ele sabia que o menor estava certo, em outras circunstâncias Felix jamais confiaria em um completo estranho coberto de sangue, era muito normal que ele sentisse medo e receio em estar perto dele. Seo poderia ser um criminoso do pior tipo, talvez ele fosse cruel, bárbaro e cheio de malícia, entretanto, Felix teve sorte do mais velho não possuir esse tipo de comportamento e caráter repulsivo, afinal, apesar da casca dura, Seo Changbin era um cara gentil e carinhoso, com tanto de si para dar que era difícil acreditar. Ao menos era como o via.